No final do ano passado, embarquei em uma jornada sozinha pelo Oriente Médio, uma região exótica e que transborda cultura por todos os lados. A minha primeira parada foi na Arábia Saudita, um dos países mais fechados do mundo, mas que começa a se abrir para o turismo internacional. Nesta reportagem, conto sobre a minha vivência no continente asiático.
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Mas o artigo de hoje é sobre um país que abriga uma das 7 maravilhas do mundo moderno e entrega experiências de tirar o fôlego: a Jordânia.
O destino é mundialmente conhecido pelo cartão postal de Petra, um sítio arqueológico construído há cerca de 2.300 anos e a capital do Império Nabateu por volta do ano 400 a.C. Mas os monumentos cercados por rochas que esbanjam tons de rosa e vermelho representam apenas uma parte do que as terras jordanianas oferecem aos turistas.
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Apesar de cair na estrada sozinha com bastante frequência, e a Jordânia ser considerada um dos locais mais ocidentalizados e seguros da região Árabe, optei por seguir o meu roteiro com uma agência de viagens.
É possível alugar um carro e fazer os passeios por conta própria? Sim. No entanto, durante a fase de planejamento financeiro, entendi que o custo-benefício seria maior com uma empresa privada. Consultei três companhias com diferentes pacotes e roteiros personalizados e segui com a Memphis Tours em função dos valores, atendimento e facilidade na contratação (o site é todo em português e oferece pagamento parcelado em até 12 vezes).
Vou compartilhar cada etapa do meu trajeto, os custos e por que recomendo fazer uma viagem para o coração do Oriente Médio com o suporte de uma agência – principalmente se, assim como eu, você é amante das viagens ‘solas’.
Roteiro de 7 dias na Jordânia
Não faltam opções de passeios para quem é fã de natureza e um pouco de aventura. Reservei 7 dias para explorar as principais cidades: Amã, Jerash, Madaba, Mar Morto, Petra e Wadi Rum.
Vale destacar que os brasileiros precisam levar o passaporte com pelo menos 6 meses antes do vencimento e solicitar um visto pelo site do Consulado da Jordânia, emitir direto no aeroporto de Amã ou comprar o Jordan Pass, um bilhete que dá acesso para diferentes atrações e isenta as taxas de concessão de visto. O ticket custa aproximadamente 80 dinars (JOD), o equivalente a quase R$ 600.
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A minha recepção foi diferente e não precisei me preocupar com burocracias. Um representante da Memphis me recebeu na saída do voo, evitamos a longa fila das formalidades da imigração, recebi a documentação completa do meu visto e fomos direto às autoridades para carimbar o meu passaporte.
Dia 1, Amã
O primeiro dia fiquei hospedada em Amã, a capital do país. Recomendo ter pelo menos 24 horas para explorar alguns pontos de destaque: a Citadela, um grande complexo que proporciona a melhor vista panorâmica da cidade e abriga o famoso templo de Hércules; o Teatro Romano e o Museu de Folclore da Jordânia.
Em tempo: para os amantes da hommus e falafel, fiz uma parada no tradicional restaurante Hashem, localizado bem no centro da cidade e próximo ao teatro. Essa foi umas das refeições mais baratas e saborosas que eu fiz, não deixe de passar por lá.
Dia 2, Madaba
No segundo dia, tive um contato maior com o motorista que me acompanhou em todos os trajetos, Amer Murad. Nos comunicávamos em inglês e ele me ajudou com a troca de câmbio, dicas e até negociação na hora de comprar os souvenirs.
Mas destaco a segurança de ter passado os sete dias sozinha ao lado de um profissional que me respeitou e fez o possível para tornar a minha viagem inesquecível – uma característica muito forte dos jordanianos. Eles não medem esforços para agradar.
Seguimos durante 45 minutos a caminho de Madaba, conhecida como a cidade dos mosaicos. Por lá, estão os famosos mosaicos bizantinos e o mapa de Jerusalém e Terra Santa que cobre todo o chão da igreja Grega Ortodoxa de São Jorge, um dos principais locais de peregrinação da Jordânia.
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De lá, vale a pena ir direto para o Monte Nebo, local onde Moisés contemplou a Terra Prometida após os 40 anos de peregrinação desde o Egito. Com 817 metros de altitude, o monte tem vista direta para a Terra Sagrada, o Vale do Jordão, Mar Morto e até Jerusalém.
No mirante, os turistas também encontram o monumento da Serpente Neustã, que representa a serpente de metal que Moisés usava para curar os israelitas contra as picadas venenosas no deserto.
Dia 3, deserto de Wadi Rum
A título de curiosidade, este foi o deserto onde foram gravadas cenas do filme live action Aladdin, da Disney. Na minha opinião, essa é parada obrigatória e uma das experiências mais únicas e especiais que já vivi.
Amer me deixou na entrada do centro de visitantes do pequeno vilarejo onde vivem os beduínos, povos nômades que habitam os desertos do Oriente Médio e a região Norte da África. Apesar de ser possível alugar um carro e chegar ao local por contra própria (nas estradas, todas as placas são sinalizadas em inglês e árabe), achei mais seguro ter o suporte da operadora de turismo para fazer o meio de campo com guias já conhecidos.
Fui conduzida por um jovem beduíno através da areia avermelhada e as gigantes formações rochosas em tom pastel que estampam um cenário arrebatador. O local de 74 mil hectares faz parte da lista de patrimônio da humanidade da Unesco.
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Durante o passeio de quase três horas, escalei uma das dunas para contemplar uma vista 360 do deserto. O trajeto é de tirar o fôlego, literalmente. Pelo caminho, passamos por diferentes cânions e paramos na areia para fazer uma fogueira, tomar chá e apreciar o pôr do sol.
Mas a aventura estava só começando. Um dos pontos mais altos da minha viagem foi o acampamento organizado pela Memphis. Em Wadi Rum, há diversas opções de acomodação, que passam por quartos compartilhados, tendas tradicionais e instalações em cúpulas transparentes para quem quer dormir sob o céu estrelado.
A noite começou com a apresentação do astrônomo Hammam Shanableh, que conduziu o grupo de hóspedes que também decidiram passar uma noite no deserto. Recebemos uma verdadeira aula sobre os astros e conseguimos ver estrelas e planetas direto de um telescópio. O ceú noturno de Wadi Rum é um dos mais procurados do mundo para observar as estrelas.
Continuamos a experiência em um jantar com comidas típicas dos beduínos, como cordeiro e hommus carregados de especiarias locais. No camping, todos dançamos músicas árabes e fomos recepcionados com muito chá e tâmaras.
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Fiquei em uma das cúpulas, que não perdem nada para a estrutura de um hotel: chuveiro quente, ar condicionado e cama de casal extremamente confortável. Uma noite que ficará na memória e recomendo de olhos fechados.
Dia 4, Petra
Prepare-se para uma viagem no tempo: a cidade rosa, como Petra também é conhecida em função da cor das suas pedras, merece muitas horas de caminhada. Esculpida pelo povo árabe nabateu por volta de 312 a.C (anos antes de Cristo), o local é um dos principais marcos da Jordânia e a sua maior atração turística.
A arqueologia é espetacular e recomendo fortemente que a visita seja feita com um guia local. O preço de entrada é de 50 JD por um dia; 55 JD por dois e 60 JD por três dias, entre às 6h e 18h no verão.
Ao longo da sua caminhada, sugiro olhar com frequência para todos os cantos: pare, olhe para trás, para cima e para os dois lados – cada pedaço do Vale é único e as rochas exibem diferentes inscrições, cores, painéis e diversos canais de água. Não é por acaso que Petra foi classificada como uma das 7 maravilhas do mundo moderno e como Patrimônio da Humanidade pela Unesco.
Há diversas rotas que você pode seguir, mas tudo vai depender do tempo disponível. Como eu só tinha um dia, passei pelo cartão postal de Petra, a fachada de al-Khazneh, o famoso “Tesouro”, e o Monastério de El-Deir. Esse trajeto leva cerca de quatro horas de caminhada – considerando que há uma escada de 800 degraus – e exige uma garrafa de água e protetor solar.
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Se você não tem nenhum tipo de problema de saúde, opte por fazer tudo a pé. O esforço é totalmente recompensado por vistas deslumbrantes do alto da montanha e é um verdadeiro prato cheio para os fotógrafos de plantão. Ainda assim, existe a opção de alugar cavalos, camelos e até carruagens.
Ao optar por um roteiro mais longo, não deixe de reservar mais um dia para a visita. Como não tive a oportunidade de passar mais do que sete horas no local, vocês podem dar uma olhada nas opções de rotas no site da Memphis.
Antes de retornar, fiz uma pequena trilha seguindo placas que apontavam para “a melhor vista de Petra”. No topo, a promessa se cumpriu. Havia uma pequena barraca onde parei para tomar chá com um beduíno e passei um bom tempo admirando a vista antes de retornar. A cada passo eu absorvia o fato de estar em um dos lugares mais incríveis que já visitei.
Dia 5, Jerash
Para quem gosta de apreciar ruínas histórias, Jerash é perfeita. A cidade, conquistada pelo Império Romano, é uma das mais bem preservadas da arquitetura romana fora da Itália e fica a somente 40 minutos de distância da capital Amã.
Em meados do século III a.C (antes de Cristo), o local se tornou um grande centro urbano formado por dois anfiteatros, um hipódromo (área onde ocorriam corridas e lutas), grandes arcos e corredores que ainda exibem as marcas das carruagens nas pedras calcáreas que formam o chão das ruínas.
A preservação do sítio arqueológico me deixou impressionada e foi um dos grandes destaques do meu roteiro. O ingresso para vistiar Jerash custa 10 JD, mas o transporte e o ticket são inclusos ao fechar o pacote direto com a agência de viagens.
Vale destacar que todos os anos, no mês de julho, é celebrado o “Festival de Jerash”. O evento recebe artistas, cantores, promove concertos, peças de teatro e dezenas de comerciantes exibem suas peças de artesanato tradicional. Não tive a oportunidade de participar, mas coloque no seu roteiro se programar a sua trip para a Jordânia em julho.
Dias 6 e 7, Mar Morto
Localizado entre a divisa de Israel, Palestina e Jordânia, o Mar Morto é um lago que fica em uma profundidade a 400 metros abaixo do nível do mar – o ponto mais baixo do planeta.
Com uma concentração de sal dez vezes maior em relação ao oceano tradicional, a água é morna e repleta de sais minerais saudáveis. Não é por acaso que os visitantes se lambuzam de lama preta do Mar Morto para hidratar a pele e estimular o metabolismo enquanto aproveitam a famosa “água que não afunda”.
Na região, há dezenas de resorts com acesso privativo ao Mar Morto. No pacote, fiquei hospedada durante duas noites no Holiday Inn, com café da manhã e jantar já inclusos. Para quem está de férias, essa é a melhor forma de encerrar a viagem pela Jordânia.
Quanto custa viajar na Jordânia
Apesar de ser um país pequeno – com pouco mais de 10 milhões de habitantes, o dinar jordaniano (JD) é muito mais forte do que o real brasileiro, dólar, euro e até mesmo do que a libra esterlina. Só para se ter ideia, um dinar jordaniano (1 JD) é equivalente a cerca de R$ 7,4 ou US$ 1,4.
Mas a Jordânia não é um país caro. Na ponta do lápis, o valor das hospedagens, passeios e alimentação mostram que a cotação da moeda não passa de um susto inicial. No final das contas, tudo vai depender do seu budget, mas o que importa é que há opções para diferentes perfis de viajantes.
Pedi para a Memphis simular dois tipos de orçamento com base no mesmo roteiro de 7 dias que eu fiz. Para quem quer gastar menos, a primeira opção considera translado particular desde o aeroporto, todas as hospedagens com café da manhã, ingressos inclusos e guia privado nas principais atrações turísticas. Na prática, só é necessário se preocupar com o almoço, jantar e as lembrancinhas.
Vale destacar que o preço para quem vai sozinho sempre é mais caro – não importa o seu destino. Portanto, leve esse fator em consideração na hora de planejar a viagem; em grupo é bem mais econômico.
Considerando um grupo de quatro pessoas, o valor individual entre os meses de junho e agosto é de US$ 845 (cerca de R$ 4,5 mil). Se você decidir ir sozinho, o custo sobe para US$ 1.695 (ou R$ 9,2 mil), por exemplo.
- Preço em grupo de 4 pessoas: US$ 848 por pessoa
- Preço em grupo de 3 pessoas: US$ 945 por pessoa
- Preço em grupo de 2 pessoas: US$ 980 por pessoa
- Preço para 1 pessoa: US$ 1.695
Mas se a sua intenção é fazer uma viagem de luxo, talvez para uma comemoração ou lua de mel, o pacote sobe para US$ 1.580 por pessoa em quarto duplo ou US$ 2.355 para quem decide ir sozinho. A grande diferença aqui é na hospedagem. O serviço de transporte particular, guias e passeios é o mesmo, mas a seleção de hotéis contempla acomodações em nível 5 estrelas, como um resort no Mar Morto e um acampamento de luxo no deserto de Wadi Rum.
- Preço em grupo de 3 pessoas: US$ 1.535 por pessoa
- Preço em grupo de 2 pessoas: US$ 1.580 por pessoa
- Preço para 1 pessoa: US$ 2.355
Como organizar as finanças para viajar
Recomendo iniciar o planejamento da sua próxima viagem com duas perguntas: qual é o local que você pretende visitar e o custo para fazer isso acontecer. No caso da Jordânia, além do pacote ou do roteiro individual, você já sabe que precisa pensar em câmbio, seguro viagem, passaporte e visto.
O segundo passo é pensar no prazo. A data da viagem vai definir a quantia necessária para separar mensalmente até o dia do seu embarque. “Olhe se há gastos que podem ser cortados e como gerar renda extra”, diz Caco Santos, planejador financeiro certificado (CFP) pela Planejar. “Com um objetivo claro, fica tudo mais fácil.”
Falar sobre cortes no gastos pode ser desafiador, mas enxugar alguns excessos pode te ajudar mais do que parece. Isso não significa abrir mão de sair e fazer o que gosta, mas priorizar algumas despesas e saber exatamente com o que você está gastando no dia a dia.
Para quem está com o dinheiro contado, vale a pena começar o planejamento entre seis meses e um ano de antecedência. Dessa forma, o viajante pode programar a reserva mensal e monitorar os preços das passagens aéreas, por exemplo.
Com o valor médio da viagem em mãos, é possível fazer uma programação melhor e evitar custos abusivos. Vale lembrar que as próprias companhias aéreas liberam as vendas das passagens com mais de seis meses de antecedência – do ponto de vista financeiro, pode ser uma boa ideia dividir o pagamento sem pesar tanto no bolso.
“A melhor viagem é aquela que você volta sem nada para pagar. O tempo de curtição é ainda maior”, diz Santos. O planejador diz que sempre recomenda aos clientes fazer uma organização que permita embarcar com todas as despesas já pagas.
Esse também é um dos meus principais mantras. Viajar com as contas em dia, sem dívidas e de olho no planejamento do meu próximo destino. Se você já foi para a Jordânia, me conta sobre a sua experiência no @valeriabretas!