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- Em um pregão de noticiário relativamente fraco, os investidores optaram por uma realização parcial dos lucros, após boa performance das bolsas na véspera
- As praças da Europa e de Nova York encerraram majoritariamente no território negativo, pesando também no desempenho do Ibovespa, que até chegou a operar em alta, mas perdeu fôlego no fim do pregão
- Os depoimentos do presidente do Fed estiveram no radar dos investidores e contribuíram para volatilidade nos mercados acionários. Em depoimentos recentes, Powell indicou que o Fed está comprometido a apoiar a recuperação da economia
- No contraponto, as tensões entre EUA e China continuam sendo monitoradas e elevaram a aversão ao risco, especialmente no fim do pregão
Em um pregão de noticiário relativamente fraco, os investidores optaram por uma realização parcial dos lucros, após boa performance das bolsas na véspera. As praças da Europa e de Nova York encerraram majoritariamente no território negativo, pesando também no desempenho do Ibovespa, que até chegou a operar em alta, mas perdeu fôlego no fim do pregão.
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Durante o dia, os depoimentos do presidente do Fed e do secretário do Tesouro americano estiveram no radar dos investidores e contribuíram para volatilidade nos mercados acionários. Em depoimentos recentes Jerome Powell indicou que o Fed está comprometido a apoiar a recuperação da economia e o secretário do Tesouro, sinalizou que a economia dos EUA deve começar a mostrar melhoras no segundo semestre de 2020. No contraponto, as tensões entre EUA e China continuam sendo monitoradas.
No fim, o Ibovespa tinha queda de 0,56%, 80.742 pontos e giro financeiro de R$ 24,5 bilhões. No câmbio, após alivio nos últimos pregões, a moeda americana avançou 0,63%, aos R$ 5,76.
Setores em Foco
Bancos:
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O presidente do Senado, Davi Alcolumbre, decidiu adiar, pelo menos até a próxima semana, as discussões sobre o projeto de lei que estabelece um teto para as taxas de juros de cartões de crédito e empréstimos a descoberto. Não houve consenso entre os senadores sobre o assunto, o que fez o presidente do Senado agendar uma reunião para sexta-feira para definir o futuro do projeto. O assunto pode voltar à agenda, dependendo da pressão dos líderes políticos.
Nossa visão: as implicações e consequências da aprovação de um projeto como esse parecem estar se tornando mais claras entre os senadores. Sem forte apoio político e consenso, é improvável que medidas controversas sejam votadas. Ao marcar uma reunião na sexta-feira para discutir o assunto, o Presidente do Senado está tentando avaliar se há forte apoio ou não à ideia de limitar as taxas de juros por meio de uma nova lei. Caso não haja apoio político, a lei pode ser deixada de lado.
Energia Elétrica:
Decreto para viabilizar empréstimo para o setor finalmente publicado. Ontem à noite (18 de maio), o Governo publicou o decreto que permitirá que o empréstimo do setor por bancos privados atenda ao déficit de caixa de curto prazo das empresas distribuidoras de energia devido à crise do Covid-19. Essa é uma boa notícia, já que, embora (como esperado), o decreto não trate possíveis desequilíbrios de fluxo de caixa a longo prazo (seria necessária uma revisão tarifária extraordinária da “RTE” para lidar com, por exemplo, taxas de inadimplência permanentemente mais altas), mostra um compromisso entre as distribuidoras de energia e reguladores para preservar a cadeia de pagamentos do setor, fornecendo liquidez as empresas de distribuição de energia e protegendo as empresas de geração e transmissão de energia. Como referência, no mês de abril, as distribuidoras de energia perderam aproximadamente R$ 2,8 bilhões em fluxo de caixa devido ao surto de Covid-19, resultante da queda no volume de vendas e do aumento da inadimplência.
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Observamos que, embora a publicação do decreto tenha sido uma etapa crítica, as empresas de distribuição de energia ainda terão que esperar 2-3 semanas antes de saberem o tamanho total do empréstimo do setor e quanto dele cada empresa de distribuição poderá tomar. Em relação ao custo do empréstimo, este ainda precisa ser negociado com os bancos, mas nossa opinião inicial é que ele seja SELIC + um spread máximo de 2,5%. Em nossa opinião, o spread poderia ser ainda menor à medida que o governo federal negocia com os bancos privados. Com base em nossa conversa com os órgãos reguladores ontem à noite, o empréstimo deve ficar entre R$ 12 bilhões e R$ 15 bilhões e será estimado pela agência reguladora ANEEL, que nas próximas 2-3 semanas emitirá o regulamento específico para tornar o decreto operacional, determinando:
(i) O estoque total de ativos regulatórios de “CVA” disponíveis entre todas as empresas do segmento de distribuição para servir de garantia para o empréstimo do setor – incluem desequilíbrios de custos não controláveis passados e futuros que serão reembolsados às distribuidoras pelos consumidores finais, incluindo: (i) ) o estoque de custos passados pendentes de serem recuperados pelas empresas de distribuição, mas para os quais eles já possuem um subsídio tarifário; e
(ii) desequilíbrios atuais sendo acumulados em seus balanços (por exemplo, uma taxa de câmbio mais alta ao pagar pela energia comprada de Itaipu) que serão recuperados pelas empresas de distribuição a partir do próximo reajuste / revisão anual da tarifa.
(ii) O valor máximo do empréstimo que cada empresa do segmento de distribuição de energia poderá obter, o que dependerá do estoque específico de CVA passado / futuro da empresa de distribuição.
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(iii) Definindo quanto da parcela “VPB” da receita das companhias do segmento de distribuição de energia (fluxo de caixa principal das empresas de distribuição de energia tem para pagar opex (despesas operacionais) e obter seus ROAs- Retornos sobre os Ativos) que o regulador permitirá carregar antecipadamente como parte deste pacote de ajuda de curto prazo – pensamos será um máximo de 10% a 15%.
Destacamos os principais pontos do decreto:
(1) A CCEE criará e administrará a chamada “Conta Covid” com o objetivo de captar recursos (dos bancos) a serem utilizados para cobrir o déficit de receita / fluxo de caixa ou para antecipar as receitas das empresas de distribuição de energia relacionadas a: (i) fornecimento contratado comprado de geradores (ou seja, da queda no volume de vendas); (ii) ativos regulatórios de “CVA” atualmente sendo recuperados via tarifas ou acumulados (no balanço patrimonial) a serem recuperados a partir do próximo reajuste / revisão anual da tarifa; (iii) manter a neutralidade dos impostos setoriais; (iv) compensação pelo atraso na aplicação dos reajustes / revisões tarifárias determinados pela ANEEL até 30 de junho; e (v) carregamento antecipado das receitas da “parcela B”, conforme determinado pelo regulamento da ANEEL (ainda a ser emitido – o percentual não foi determinado, mas estimamos 10% a 15%, no máximo).
(2) A agência reguladora ANEEL fixará, mensalmente, o valor total que cada distribuidora poderá extrair da Conta Covid.
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(3) As empresas de distribuição de energia elétrica que desejam aproveitar sua parcela do empréstimo da Conta Covid concordam em renunciar a qualquer intenção de reduzir ou encerrar o fornecimento de eletricidade de geradoras de energia elétrica devido a uma redução em seu volume de vendas até dezembro de 2020.
(4) No caso de inadimplência nos pagamentos (ou seja, impostos, transações ou impostos do setor), as empresas de distribuição de energia que utilizam o empréstimo do setor também concordam em limitar o pagamento de dividendos ao mínimo legal de 25% do lucro líquido.
(5) O direito de solicitar uma revisão tarifária extraordinária é totalmente preservado.
(6) A ANEEL determinará os aumentos tarifários necessários para amortizar o empréstimo do setor (na forma da cota individual de cada companhia de distribuição a ser contribuída para o fundo do setor “CDE”). Esses aumentos tarifários (cotas do fundo CDE) serão implementados nos processos de reajuste / revisão tarifária que ocorrerão em 2021 e permanecerão em vigor até o pagamento integral do empréstimo aos bancos (o período não é mencionado no decreto, mas a partir de nossas discussões anteriores com os reguladores, pode levar 54 meses ou 4,5 anos).
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(7) Os consumidores que deixam as empresas de distribuição de energia elétrica / mercado regulamentado migrar para o mercado não regulamentado ainda terão que pagar as empresas de distribuição de energia os fluxos de caixa equivalentes (ou cotas CDE) do aumento tarifário acima. Isso é válido para os consumidores que saem das empresas de distribuição de energia a partir de 8 de abril de 2020. Em essência, os consumidores regulamentados não poderão evitar o aumento da tarifa, para que as distribuidoras de energia possam pagar novamente o empréstimo do setor.
8) Finalmente, de acordo com o artigo 7, o custo do empréstimo setorial (ou seja, despesas com juros) será dividido entre consumidores e empresas de distribuição de energia elétrica , dependendo da fonte dos fluxos de caixa que reembolsarão o empréstimo. Essa é provavelmente a parte mais confusa do decreto, mas nosso entendimento é que: (i) para ser claro, o principal do empréstimo será pago pelos consumidores finais em todos os cenários; (ii) o empréstimo do setor, como já apontamos, será ancorado pelo direito de reembolso das distribuidoras de energia vinculado a “CVAs” passados e futuros, além da possibilidade de carregar antecipadamente uma certa porcentagem da receita da “parcela B” das empresas do segmento de distribuição (achamos que será de 10% a 15%). Se uma companhia de distribuição de energia elétrica tocar na futura parcela “CVA” do empréstimo, as despesas com juros serão pagas pelos consumidores finais. Agora, se a empresa do segmento de distribuição explorar o “CVA” passado (já sendo coletado por meio de tarifas) ou carregar uma parte de sua “parcela B” de receita, as despesas com juros serão as custas das empresas de distribuição de energia elétrica (não reembolsadas pelos consumidores finais).
Saúde:
A contínua desvalorização do real vem afetando a indústria farmacêutica na importação de insumos e na cadeia logística, onde o uso do transporte aéreo tem significado custos de frete cada vez mais caros devido à pandemia global. A previsão dosetor era de que o dólar ficaria em torno de R$ 3,80, mas agora está próximo de R$ 6,00. Um exemplo desse impacto é a produção de cloroquina: antes da pandemia, o custo de produção da Rede Drogal era de R$ 750,00 por quilo e agora custa R$ 10 mil por quilo.
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Nossa visão: Como a maioria dos APIs (ingredientes farmacêuticos ativos) é importada com o preço do dólar, a indústria farmacêutica atualmente enfrenta dificuldades para lidar com o aumento dos preços, principalmente porque os preços não podem ser ajustados para a maioria dos medicamentos, pois o preço de reajuste de cerca de 4% aprovado para este ano foi adiado. No caso da Hypera, como fizeram operações de hedge até setembro/outubro, esperamos um impacto limitado decorrente do aumento de preço do API no curto prazo, mas se o dólar permanecer nesse nível ou mais após esse período, esperamos uma pressão superior a 1,50 p.p. nas margens.