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Ibovespa interrompe série de altas. Para onde vai o índice?

Para analistas, a queda generalizada desta quinta-feira (18) não retira a tendência de valorização

Ibovespa interrompe série de altas. Para onde vai o índice?
Ibovespa quebra série de sete altas consecutivas Foto: Envato Elements
  • Após chegar próximo aos 116 mil pontos na última quarta-feira (16), o Ibovespa devolveu ganhos nesta quinta-feira (17)
  • Com maior participação na carteira do Ibov, de 15,7%, os papéis da Vale (VALE3), acompanharam a queda do minério de ferro e encerraram em queda significativa
  • Analistas avaliam que o cenário ainda é positivo, mas pode ser prejudicado quando o impacto eleitoral for precificado

Acompanhando a queda das commodities e dos mercados internacionais, o Ibovespa quebrou a série de sete altas consecutivas dos últimos pregões. Mesmo assim, ainda há tendência de alta no mercado brasileiro, avaliam especialistas.

A instabilidade sobre a situação geopolítica entre Rússia e Ucrânia foi a variável de maior impacto, somada aos efeitos da tentativa de conter a especulação tem efeitos de curto prazo no preço do minério de ferro da China, que registrou queda pelo quarto dia consecutivo. Outro tema que afeta as performances é a incerteza quanto à forma na qual os mercados devem reagir ao aumento de juros dos EUA.

Para os Mercados Emergentes (ME), onde o Brasil está inserido, a situação pode ser menos impactante. De acordo com relatório do S&P Global Ratings divulgado na quarta-feira (16), os ME estão mais preparados para o ciclo de alta de juros do Federal Reserve (Fed). “Embora as condições externas mais apertadas pressionem as taxas de câmbio e os rendimentos dos títulos dos ME, nossa visão é que essas economias estão mais bem preparadas para o próximo ciclo de aperto do Fed do que em 2015”, avalia o documento.

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Analistas destacam que a queda das commodities vista por influência política na China deve ser algo momentâneo, de modo que não altera as perspectivas positivas para o segmento. “Apesar de a baixa do minério, o movimento de hoje ainda pode ser considerado como algo pontual, sem reverter a tendência de alta. O mercado deve crescer, enquanto o dólar deve continuar caindo”, aponta João Beck, economista e sócio da BRA.

Thomás Giuberti, economista e sócio da Golden Investimentos, complementa que a queda é resultado de “realizações naturais de mercado”. Por conta da intensa participação de investidores estrangeiros nos últimos dias, uma notícia negativa como a tensão geopolítica gera volatilidade. “No geral, o Brasil continua forte”, avalia.

Por outro lado, à medida que a campanha eleitoral ocupe mais espaço no noticiário nacional, os investidores devem colocar mais peso nos riscos eleitorais, causando uma volatilidade significativa, conforme comenta Alexandre Brito, gestor e sócio da Finacap Investimentos.

Causas da quebra de altas

Após chegar próximo aos 116 mil pontos na última quarta-feira (16), o Ibovespa devolveu ganhos recentes, fechando aos 113.538,48 pontos, uma queda de 1,43%.

Diferentemente da última terça-feira (15), quando o índice fechou em alta mesmo com a queda das commodities, o mesmo fenômeno não sustentou o pregão desta quinta. Com maior participação na carteira do Ibov, de 15,7%, os papéis da Vale (VALE3), acompanharam a queda do minério de ferro e encerraram com queda de 4,30%, a R$ 85,65.

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Além da Vale, o bloco das maiores quedas do dia foi composto por outras companhias de mineração e siderurgia, grupo de forte participação na composição da carteira.

De acordo com Beck, a queda do minério de ferro é resultado da tentativa do Partido Comunista Chinês de tentar conter um movimento especulativo do minério, o que fez a commodity cair e, consequentemente, as empresas do setor pelo mundo.

Influência geopolítica

Para Fabrício Soares, especialista em renda variável da Blue3, os temores e incertezas sobre o potencial conflito entre Rússia e Ocidente na região da Ucrânia foram renovados após uma sensação de arrefecimento na quarta-feira (16).

Nesta quinta (18), aliados da OTAN acusaram a Rússia de “iludir o mundo e disseminar desinformação” sobre a retirada de suas tropas na fronteira, segundo avalia Soares.

“O mercado já estava precificando uma resolução final por conta de negociações diplomáticas, mas com a notícia de que representantes russos estavam fazendo exercícios militares próximos à fronteira com a Ucrânia, a preocupação voltou ao radar”, avalia Beck, da BRA.

Série de altas

Da última vez que o índice alcançou mais de sete fechamentos positivos, em junho de 2021, o Ibov marcou a máxima histórica, ultrapassando os 131 mil pontos. Apesar da animação no meio de 2021, o principal índice do mercado acionário brasileiro fechou o ano na casa dos 104 mil pontos.

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O recente ciclo de alta é reflexo da visão de que o Brasil está barato, o que atrai diversos investidores para o mercado nacional, especialmente os estrangeiros, já que dólar e euro começaram o ano em forte valorização frente ao real.

Investidor estrangeiro

“Se não tivéssemos esse volume de injeção de capital internacional, a Bolsa teria caído bastante”, indica Alexandre Brito. Ele ressalta que em 2021, o total da participação estrangeira chegou a R$ 70 bilhões e, apenas até o meio de fevereiro deste ano, o total já chega a R$ 40 bilhões.

De acordo com Brito, o que impulsiona essa inserção é a avaliação de um novo ciclo de alta das commodities, o que beneficia os mercados emergentes. Especialmente o Brasil, onde esse segmento bastante representativo na Bolsa.

Um outro fator que influenciou o fenômeno é a migração de papéis classificados como growth (crescimento) para os de value (valor), processo também chamado de rotação das carteira. “Por conta da nossa Bolsa ter exposição relevante em empresas de valor, isso também atrai os investidores que estão fazendo esse processo”, aponta.

Além das incertezas quanto ao futuro da relação entre Rússia, Ucrânia e os países do Ocidente, Brito reforça que é essencial que os investidores tenham no radar a possibilidade de que o impacto político comece a afetar com mais intensidade o mercado, especialmente no curto prazo.

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