O que este conteúdo fez por você?
- Com a alta dos juros e suspensão do plano de ir à Nasdaq em dezembro, os papéis do inter caíram de R$ 85,75, máxima histórica obtida em julho de 2021, para os atuais R$ 28
- Apesar do cenário de maior volatilidade no curto prazo, a Ágora Investimentos vê a ação com bons olhos e espera que o Inter continue entregando crescimento acelerado
- Para o BTG, valuation está mais atraente e que as preocupações em torno do Inter devem se dissipar
O Inter (BIDI11) abriu capital na B3 em abril de 2018, ocupando, até então, a posição de primeira instituição financeira a entrar na Bolsa em quase uma década. Rapidamente os papéis passaram a registrar valorizações de dar inveja a alguns criptoativos. Contudo, foi o salto de 637,63% entre abril de 2020 (início da pandemia) e abril de 2021, que conferiu o apelido de ‘BIDICoin’ às ações.
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Criado em em Minas Gerais em 1994, o Inter começou a operação com o oferecimento crédito imobiliário. Nos anos seguintes, passou por um crescimento meteórico, aliado a uma intensa transformação e diversificação de serviços.
No 1º trimestre de 2018, ano de estreia na Bolsa, a carteira da fintech chegava a R$ 2,6 bilhões. Já no 3º trimestre de 2021, dados mais recentes disponíveis, a carteira de crédito do Inter havia atingido o montante de R$ 16 bilhões – o que representa um aumento de 515% em menos de cinco anos.
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O mesmo ocorreu com o número de clientes, que passou de 535,6 mil no início de 2018, para 16 milhões, segundo a prévia operacional do 4º trimestre de 2021. Hoje, o Inter oferece serviços bancários, possui um marketplace, plataforma de investimentos e comercializa seguros.
Além da evolução do negócio, o plano de reestruturação societária e listagem na Nasdaq deu ainda mais fôlego para a escalada dos papéis. Em 24 de maio de 2021, a empresa anunciou o projeto de saída da B3 e a nova configuração da fintech na Bolsa de Nova York. Os investidores do Inter poderiam optar por converter as ações na B3 em dinheiro ou receber BDRs da empresa.
Naquele pregão, as ações fecharam em alta de 25%. Dois meses depois, os ativos atingiriam a máxima histórica, aos R$ 85,75, e inverteram para a queda.
O ponto de virada
A partir do fim do 2º trimestre do ano passado, o Banco Central começou a acelerar a subida dos juros em função da disparada da inflação. Entre março e dezembro de 2021, a Selic foi elevada de 2% para 9,25%.
Atualmente, a taxa está em 10,75%, com expectativa de chegar aos 12% até o fim de 2022. Maria Clara Negrão, analista da Ágora Investimentos, lembra que o Inter é uma ação ligada a crescimento, como as empresas de tecnologia, das quais o mercado espera um grande desenvolvimento no curto prazo. Quando os juros sobem, fica mais caro para essas companhias financiarem seus negócios. Por consequência, se torna mais difícil para manter o crescimento no ritmo esperado pelos investidores. “O Inter é um papel muito sensível aos movimentos da curva de juros”, afirma Negrão.
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Bruno Madruga, sócio e Head de Renda Variável da Monte Bravo Investimentos, salienta que papéis de fintechs pelo mundo caíram bastante em função da alta de juros e o aumento da Selic também prejudica empresas que exigem mais capital ao longo do tempo.
Houve ainda a suspensão da listagem na Nasdaq, anunciada em dezembro do ano passado. Com a forte queda dos papéis, grande parte dos investidores optou em receber dinheiro pelas ações em vez de BDRs, o que inviabilizou a operação.
Para cada unit BIDI, o montante recebido seria de R$ 44,58, enquanto cada BIDI4 corresponderiam a R$ 15,28, valores superiores à cotação do fim do ano passado.
A notícia pesou ainda mais sobre os ativos do Inter, que caíram 70% desde o pico de R$ 85,75, em julho de 2021. No fechamento do pregão de quarta-feira (16), a BIDI11 estava cotada a R$ 28,26, alta de 0,39%.
Novo ano
O ano de 2022 trouxe novos ares para o Inter. Os papéis estão subindo 8,51% em fevereiro, na esteira da possível retomada do plano de listagem na Nasdaq. Em entrevista ao Valor Econômico, João Vitor Menin, CEO do banco, afirmou que a reestruturação aconteceria no ‘curto prazo’.
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Para Negrão, a retomada do plano de listagem é uma informação positiva, mas o Inter teria drivers positivos para além da saída da B3. A Ágora possui recomendação de compra para os papéis.
“O impulso operacional deve continuar crescendo nos próximos trimestres com uma base de cliente maior e maior engajamento”, afirma a analista. “A gente reconhece que no curto prazo o papel pode sofrer muita volatilidade em função destes aspectos macro, principalmente preocupações pelo lado fiscal. Entretanto, no médio e longo prazo, o banco Inter tem uma boa tese de investimento.”
Madruga também mantem uma visão positiva para o Inter. Para o especialista, a continuidade do plano de ir à Nasdaq será muito bem-recebida pelo mercado. “Se isso efetivamente acontecer, o mercado enxergará com bons olhos, vide o que aconteceu com outras empresas brasileiras listadas lá fora. Ainda mais sendo uma fintech de grande expansão, que poderá atrair um público que hoje os papéis não alcançam”, explica Madruga.
O BTG Pactual mantém recomendação de compra para os papéis do Inter, mas cortou o preço-alvo de R$ 65 para R$ 36. O novo patamar ainda reflete um potencial de alta de 27,3% em relação ao pregão de quarta (16). “Acreditamos que o valuation agora é muito mais atraente. Alguns dos ventos contrários recentes devem desaparecer, potencialmente até se transformando em ventos favoráveis até o final do ano”, explica o BTG em relatório.
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O banco cita a preocupação dos investidores com a meta anunciada pelo Inter, de que 50% das receitas venham de operações offshore até 2025. “Muitos acreditam que levará a maiores despesas”, destacou o BTG. “Mas o feedback que recebemos da administração é que a equipe do Inter continuará focada em melhorar a operação brasileira, enquanto a alta administração do USEND (fintech americana adquirida pelo Inter) ficará responsável pela execução do projeto offshore.”