O preço da gasolina deve ser mais sensível às variações do petróleo em 2022, gerando maior influência sobre a inflação, avaliou o Banco Central nesta quinta-feira, ressaltando também que a probabilidade de o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) romper o teto da meta neste ano é de até 97%.
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Em seu Relatório Trimestral de Inflação, o BC estudou efeitos da variação da cotação do petróleo sobre a inflação e concluiu que os repasses das altas do barril aos preços nas bombas se acentuou.
O percentual de repasse do preço do petróleo em reais para o litro do combustível nos postos de gasolina foi de até 73% em 2021. O BC ressaltou que apesar de haver outros fatores que afetam o valor da gasolina (como o preço do etanol), a elevação do petróleo foi tão expressiva no período que tende a dominar os demais efeitos.
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Em comparação com dados do ano anterior, foi observado que os repasses tiveram significativo aumento entre 2020 e 2021.
“Espera-se que o preço da gasolina em 2022 seja ainda mais sensível ao preço do petróleo. A maior sensibilidade reflete o fato de que preço da gasolina na refinaria –o componente mais sensível ao preço do petróleo– é atualmente mais importante na estrutura de custos do que era antes”, disse.
Segundo o BC a influência do valor do petróleo em reais sobre a inflação ao consumidor será maior não apenas em razão do repasse mais forte, mas também pelo fato de que o peso da gasolina na cesta de consumo das famílias cresceu significativamente, de 4,9% para 6,6%.
O documento destaca que a volatilidade da cotação do petróleo era de 40% nas semanas que antecederam a guerra na Ucrânia –valor já superior à média de aproximadamente 30% desde 2006– e passou para 50% após o conflito.
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“A elevada volatilidade do preço do petróleo, especialmente no contexto atual de aumento súbito do risco geopolítico internacional, e o aumento no grau do seu repasse para o preço da gasolina ao consumidor final resultam em incerteza e volatilidade substancial para as projeções de inflação, especialmente no curto prazo”, disse.
Risco de rompimento do teto
No trecho do documento que avalia as chances de a inflação romper os limites da meta, o BC traçou dois cenários, assim como na reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) –o de referência e o alternativo, este último prevendo que os preços do petróleo vão convergir a patamares mais baixos no fim de 2022.
No cenário alternativo, considerado mais provável pela autoridade monetária, a chance de estouro do teto da meta ficou em 88%, ante estimativa de 41% feita em dezembro. Levando em consideração o cenário de referência, a chance é de 97%.
A meta de inflação em 2022 é de 3,5%, com tolerância até 5%.
Segundo o BC, os principais fatores que levaram à revisão para cima das projeções são a inflação maior que a esperada recentemente, forte elevação do preço do petróleo, inércia inflacionária, crescimento das expectativas de inflação e indicadores econômicos mais fortes.
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Pesam para baixo, por outro lado, a trajetória mais elevada da Selic, apreciação cambial e redução da bandeira tarifária de energia elétrica, entre outros.