- As stablecoins são moedas digitais que se igualam, em termo de valores, com as moedas fiduciárias para reduzir a volatilidade de ativos digitais no mercado de criptomoedas
- Os investidores costumam alocar os seus recursos nesses ativos digitais para facilitar a compra de criptomoedas em momentos de oportunidade de compra
- No entanto, o colapso do ecossistema da Terra (LUNA) trouxe um alerta para os investidores sobre a segurança das stablecoins para os investimentos
Ao contrário das principais criptomoedas, as stablecoins são ativos digitais criados para reduzir a volatilidade do mercado de criptoativos ao tentar se igualar a uma moeda fiduciária, como o dólar+1,22%. No entanto, o recente colapso do ecossistema da Terra (LUNA) trouxe um alerta para os investidores sobre a segurança dessa categoria.
Entenda melhor o caso
Segundo analistas, o fundamento dessa classe de ativo digital (stablecoin) não está baseado apenas no retorno financeiro, mas também em facilitar para o investidor as transações dentro do mercado de criptos. Devido à alta volatilidade das criptomoedas, em vez de retirar recursos da blockchain, os investidores têm a possibilidade de “guardar” o seu dinheiro nas stablecoins para facilitar a compra de outros ativos em momentos considerados oportunos para investir.
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“No Brasil, com o PIX (método de pagamento instantâneo), as transações são feitas de forma rápida. Mas em alguns lugares do mundo as transações não são feitas nos fins de semana e fora do horário comercial”, explica Ney Pimenta, fundador e CEO da BitPreço. Essa limitação pode fazer o investidor perder a oportunidade de comprar um ativo com perspectivas de alta.
Apesar da funcionalidade, o colapso do ecossistema da Terra (LUNA), que mantinha a stablecoin UST, deixou os investidores com receio sobre a garantia de proteção dos seus recursos. Isso porque, no início deste mês, a criptomoeda perdeu 98,8% do seu valor de mercado em apenas 24 horas. O tombo retirou da UST a paridade de 1=1 com o dólar: ou seja, uma UST deixou de valer US$ 1, o que trazia a garantia de estabilidade.
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O caso gerou um alerta para os investidores: quais são as stablecoins que correm o mesmo risco de colapso da Terra (LUNA)? De acordo com um levantamento feito pelo Mercado Bitcoin, das 15 maiores stablecoins em valor de mercado, apenas seis apresentaram altas ou ficaram estáveis na sua variação de preço no acumulado do ano.
Variação percentual das stablecoins por subcategoria
André Franco, head de research no Mercado Bitcoin, ressalta que a variação percentual dos ativos indica a demanda de mercado pelos investidores. O Neutrino Dollar foi o criptoativo com a maior alta no ano, ao apresentar uma variação positiva de 0,86% no acumulado de 2022.
A mesma lógica é aplicada para a variação negativa, que indica um fluxo de saída dos investidores desses ativos. Foi o que aconteceu com a UST, stablecoin da Terra (LUNA), que perdeu a paridade com o dólar devido a grande emissão de ativo. Mas até a Tether, stablecoin de maior valor de mercado, apresenta uma leve queda de 0,09% no acumulado do ano.
Para Luiz Pedro Andrade, analista da Nord, o fluxo negativo tem relação com a desconfiança do mercado sobre sua reserva financeira para garantir sua paridade com o dólar+1,22%. “O problema é a falta de transparência do seu lastro. A empresa responsável pela auditoria é muito pequena, com cinco funcionários para avaliar a stablecoin. Há também a suspeita de que há um fluxo de saque muito grande”, afirma o especialista.
Conheça as categorias
As stablecoins são divididas em três subcategorias: fiduciária/centralizada, sobrecolaterizada e algorítmica. Cada uma possui um fundamento diferente para garantir a estabilidade no mercado de criptomoedas.
A fiduciária ou centralizada, como a Tether, adota um método mais tradicional ao possuir um lastro na moeda fiduciária na qual promete paridade. Nesse caso, a empresa emissora deve ter ativos que equivalentes ao que possuem no mercado. “Ou seja, se a empresa tem 70 bilhões de stablecoins, tem também no mínimo US$ 70 bilhões para garantir o saque, caso aconteça”, explica Caio Villa, cofundador e CIO da Uniera, plataforma de investimentos de criptomoedas.
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No caso das stablecoins classificadas como sobrecolateralizadas, o método adotado é diferente. Segundo André Franco, do Mercado Bitcoin, para cada dólar aplicado nesses ativos digitais, é possível emitir em stablecoins até dois terços desse valor. “Se eu tenho US$ 100, vou ter um valor de US$ 66 em stablecoin. Por mais que tenha um valor diferente, você sabe que terá um preço travado (em dólar) de pelo menos 50% a mais”, exemplifica.
Basicamente, isso quer dizer que, para cada stablecoin emitido, o investidor terá a garantia de um lastro 50% maior do valor disponível na plataforma de blockchain.
Por fim, as stablecoin algorítmicas são modelos que não conseguem se manter no mercado por muito tempo e não possuem fundos fixos em dólar para garantir a correlação.
De acordo com Franco, a paridade acontece a partir do movimento do fluxo de compra e venda dessas moedas no mercado. “O controle deveria seguir a mesma lógica utilizada pelos bancos centrais. Se eu preciso de estímulos na economia, vou imprimir mais dinheiro e, se eu preciso frear a desvalorização do dinheiro, eu retiro o dinheiro do mercado”, explica.
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Inclusive, no caso da algorítmica UST, da Terra (LUNA), o colapso aconteceu quando a stablecoin perdeu de vez a paridade com o dólar, a partir de uma grande ordem de venda.
“Um saque de mais de US$ 370 milhões de uma vez fez com que entrasse uma pressão de venda forte e ela perdesse a paridade com o dólar. Isso gerou um efeito manada. Há boatos de que isso foi realizado de forma mal intencionada, porque foi um capital só”, diz Tasso Lago, gestor de fundos privados em criptomoedas e fundador da Financial Move.
Qual a stablecoin mais segura?
As stablecoins fiduciárias costumam ser mais seguras por possuírem um lastro em reserva financeira equivalente ao valor da emissão. Porém, recomenda-se aos investidores analisar os relatórios das empresas responsáveis pelas stablecoins para averiguar se há uma reserva financeira que garanta a paridade estabelecida com o dólar ou outra moeda fiduciária.
“A segurança está em quem emite. Então, é importante fazer uma pesquisa criteriosa para saber qual é a empresa responsável pela emissão do ativo”, ressalta Andrade, da Nord.
Já Felipe Veloso, economista e fundador da Cripto Mestre, alerta para as grandes promessas disponíveis no mercado de retorno financeiro. “Se algum protocolo te prometer mais de 10% ao ano, provavelmente não faz sentido. Tome cuidado para não entrar em esquemas ponzi. Se a stablecoin busca refletir o dólar, tem que ter lastro em dólar”, afirma.
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Já Tasso Lago, da Financial Move, reforça o seu receio com stablecoins algorítmicas no geral (atualmente, duas das mais populares são a DAI e a USDD). Vale ficar de olho aberto!