- Os papéis sobem 75,66% no acumulado deste ano, após a empresa apresentar mudanças importantes e resultados satisfatórios, segundo especialistas
- O bom desempenho também chama a atenção se comparado ao resto da bolsa brasileira. No acumulado de 2022, a segunda ação que mais valorizou no Ibovespa foi a da Hypera, que subiu 49%. No mesmo período, o principal índice da bolsa brasileira teve alta de 5,12%
- Analistas entendem que é necessário ter cautela antes de ir às compras
As ações da Cielo (CIEL3) foram as que deram o maior retorno na bolsa brasileira em 2022. Os papéis sobem 75,66% no acumulado deste ano após a empresa apresentar mudanças importantes e resultados satisfatórios, segundo especialistas.
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Nesta segunda-feira (6), o papel encerrou o pregão em alta de 0,51%, a R$ 3,97. O bom desempenho também chama a atenção se comparado ao resto da bolsa brasileira. No acumulado de 2022, a segunda ação que mais valorizou no Ibovespa foi a da Hypera (HYPE3), que subiu 49%. No mesmo período, o principal índice da bolsa brasileira teve alta de 5,12%.
A Cielo apresentou mudanças estruturais importantes, como a aposta em produtos com maior potencial de rentabilidade, o que contribuiu para a valorização das ações da empresa, aponta a analista de investimentos Bruna Sene, da Nova Futura Investimentos.
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Além disso, Sene afirma que o foco na contenção de custos e em seu principal negócio – o de pagamentos por meio de cartões de crédito e débito -, além da priorização de clientes mais rentáveis, foram significativos para a alta.
Os bons resultados apresentados também são citados pelos especialistas como importantes para a recente valorização. No primeiro trimestre de 2022 o lucro recorrente da empresa foi de R$ 184,6 milhões, uma alta de 35,9% na comparação com o mesmo período de 2021.
“Apesar de o lucro da empresa estar caindo desde 2018, ela vem conseguindo entregar lucros em todos os trimestres, mesmo no auge da pandemia”, aponta Leandro Petrokas, diretor de Research e sócio da Quantzed, empresa de tecnologia e educação para investidores.
Mas a principal justificativa para a recente valorização está na queda sofrida pelas ações da empresa desde o início de 2018. Um tombo tão grande que, apesar da alta recente, é improvável pensar em uma recuperação das ações no patamar de quatro anos atrás.
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Em 22 de janeiro de 2018 os papéis atingiram a sua cotação máxima daquele ano, R$ 22,99. Quatro anos depois, em 21 de janeiro de 2022, eles valiam R$ 2,07, uma baixa de 90,75% (em 22 de janeiro de 2022 não houve pregão).
Como consequência da entrada de novos players no segmento de adquirência (as famosas maquininhas) a empresa sentiu a chegada da concorrência. “O mercado entendeu que a Cielo seria penalizada com o aumento do número de empresas prestando esse serviço e gerando uma competição por taxas”, afirma Petrokas.
Ele sinaliza que as ações da Cielo possuem um “beta alto”. Ou seja: costuma apresentar movimentos mais amplos do que o Ibovespa, tanto na alta quanto na baixa.
Sene avalia que no segundo semestre do ano passado, em um momento de alta de juros e inflação, o cenário negativo para o varejo também fez com que as ações das empresas fossem penalizadas. Os papéis depreciaram 37% naquele período, após ensaiarem uma estabilização no primeiro semestre de 2021.
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As ações iniciaram 2022 descontadas. De acordo com Alexandre Achui, head da Mesa Private de ações e sócio da BRA, o fluxo grande de compras de investidores estrangeiros na bolsa brasileira, iniciado em janeiro deste ano, fez com que algumas grandes posições de CIEL3 vendidas, de players que apostaram na queda dos papéis, fossem zeradas.
Além disso, a recomendação de compra dos papéis por parte do JPMorgan, relevante para o investidor estrangeiro, “aumentou ainda mais o rali”, segundo Alexandre Achui. A instituição financeira elevou a recomendação da ação da Cielo de neutra para ‘overweight’ (equivalente a compra) no fim de maio, o que fez as ações subirem 11% em um único dia.
O banco estabeleceu um preço-alvo de R$ 5 por ação Além disso, elegeu o papel como escolha preferida dentro do setor de pagamentos e destacou a melhora operacional da empresa.
Mas, apesar da valorização recente e das mudanças estruturais na empresa, Petrokas entende que é necessário ter cautela antes de ir às compras. Ele acredita que, para o curto prazo, utilizando ferramentas de “market timing” – estratégia de compra de ativos na baixa e venda na alta -, as ações da Cielo podem gerar boas oportunidades. Apesar disso, não indica a compra do ativo para quem visa o longo prazo.
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“Entendo que, por se tratar de um case complexo e muito sensível ao desempenho da economia real, com diversas dúvidas no atual cenário, como inflação, desemprego, juros, renda e atividade, o ideal seria evitar manter posições no ativo com visão de longo prazo”, diz ele.
Bruna Sene, da Nova Futura, compartilha da mesma opinião. Ela sugere que para operações de curto prazo a ação pode trazer novas oportunidades se superar os R$ 4,10. No entanto, a analista de investimentos diz que é necessário ter cautela diante da alta volatilidade já conhecida das ações.