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O que esperar das decisões sobre juros na ‘superquarta’

Expectativa é de manutenção da Selic em 13,75% e de uma alta de 75 bps nos Estados Unidos

O que esperar das decisões sobre juros na ‘superquarta’
A quarta-feira (21) é mais uma "superquarta" de reunião monetária no Brasil e nos EUA. (Foto: Envato)
  • Esta quarta-feira (21) é mais uma “superquarta”, dia em que as autoridades de política monetária do Brasil e dos Estados Unidos se reúnem para discutir a trajetória das taxas de juros em seus respectivos países
  • A aposta geral, nos EUA, é que o Federal Reserve repita a alta das últimas reuniões de 75 bps, o que levaria a taxa de juros americana ao intervalo de 3,0% e 3,25% ao ano
  • No Brasil, o mercado aposta na manutenção da Selic em 13,75% ao ano

Esta quarta-feira (21) é mais uma “superquarta”, dia em que as autoridades de política monetária do Brasil e dos Estados Unidos se reúnem para discutir a trajetória das taxas de juros em seus respectivos países.

A primeira decisão que os investidores vão conhecer, ainda na parte da tarde, é a do Federal Reserve (Fed, o banco central americano). O mercado vem aguardando com apreensão o encontro há algumas semanas, principalmente depois de dois acontecimentos: a participação do presidente do Fed Jerome Powell no simpósio de Jackson Hole, e a última divulgação do Índice de Preços ao Consumidor (CPI, na sigla em inglês). Saiba por que o mercado financeiro está apreensivo com a reunião do FED.

Jackson Hole é um simpósio anual realizado com autoridades monetárias nos EUA, sempre ao final do mês de agosto. Neste ano, em sua participação, Powell prometeu agir a todo custo para controlar a inflação do país, a maior em mais de 40 anos.

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A declaração repercutiu durante vários pregões negativos nas bolsas americanas, com temores de que a instituição financeira precisaria ser mais dura do que o esperado na reunião desta quarta-feira. Relembre.

Para corroborar com os rumores mais negativos, na última semana, o Departamento do Trabalho dos EUA divulgou que a inflação do país subiu 0,1% em agosto ante julho, acima das expectativas. Tudo isso levou parte do mercado a começar a precificar uma alta de 1 ponto porcentual nos juros americanos – um ajuste relevante visto que os últimos dois aumentos, de 0,75 ponto porcentual, já foram os maiores desde 1994.

“Uma minoria do mercado começou a precificar um aumento de 1 ponto percentual na taxa de juros na reunião do FED. Ainda é uma minoria, mas, antes da divulgação dos dados da inflação, essa probabilidade era zero”, analisa Marcelo Cabral, gestor de investimentos e fundador da Stratton Cabral.

Leia também: Fed não vai conseguir evitar uma recessão, diz professor de Ohio State.

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A aposta geral, no entanto, é que a instituição repita a alta das últimas reuniões de 0,75 ponto porcentual, o que levaria a taxa de juros dos EUA ao intervalo de 3,0% e 3,25% ao ano. Sávio Barbosa, economista-chefe da Kínitro Capital, explica que, mais do que o ajuste, as atenções do mercado estarão voltadas ao tom que o Fed adotará no comunicado. “Acreditamos que Powell deve manter a flexibilidade, não cravando qual será o próximo passo da política monetária. Mas a nossa visão é que sua fala deve seguir na mesma direção do que foi dito no simpósio de Jackson Hole, focado no combate à inflação”, diz.

Na visão do economista, se o discurso for duro como o esperado, a curva de juros futura deve manter a precificação de um novo aumento de 0,75 ponto porcentual para a reunião de novembro.

No último encontro do Fed, contamos como o aperto monetário por lá e o receio de uma recessão impactavam a bolsa de valores brasileira e o câmbio; relembre. Nesta quarta-feira, o investidor também precisa ficar de olho nesses indicadores. “Se o Fed vier com o improvável aumento de 100 bps (1 ponto porcentual) ao invés de 75 bps (0,75% ponto porcentual), vai surpreender o mercado e pode puxar o dólar para cima”, alerta Felipe Steiman, gerente comercial da B&T Câmbio. A moeda americana encerrou a terça-feira (20) cotada a R$ 5,15.

No Brasil

Logo depois do anúncio do Fed, a quarta-feira trará também a decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central. Por aqui, há algum tempo se discute quando a taxa básica de juros do País, a Selic, chegaria em seu patamar terminal depois de mais de um ano de aumentos consecutivos nos juros.

Na visão de parte do mercado, esse momento pode finalmente ter chegado.

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Com a ajuda de medidas para reduzir os impostos dos combustíveis e energia, o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) registrou deflação nos últimos dois meses. Apesar de ser um movimento provocado principalmente pelas interferências do governo, especialistas destacam que já é possível ver alguns indicadores de diminuição no ritmo da inflação, o que permitiria que o BC encerrasse a alta nos juros.

Essa é a visão mais presente no mercado, que espera nesta reunião do Copom a manutenção da Selic em 13,75% ao ano. “Para esta reunião, eu diria que a inflação está sendo contida, resultado do aumento da taxa de juros que vem acontecendo desde março de 2021. Os juros futuros já estão sinalizando o fechamento da curva de crescimento, então acredito que não seja necessário aumentar mais”, destaca André Crepaldi, diretor de gestão de patrimônio da WIT.

Mas desde quando, no início de setembro, o presidente do BC Roberto Campos Neto disse que ainda é cedo para falar em redução na taxa de juros, também há quem espere um último ajuste de 0,25 ponto percentual que elevaria a Selic para 14% ao ano. Esse é o cenário base na Suno Research.

“O principal argumento para uma elevação residual da Selic é de que ainda é preciso terminar o trabalho no combate da inflação”, diz Gustavo Sung, economista-chefe da Suno Research. “Se retirarmos do IPCA os combustíveis e energia, o índice apresentaria uma variação positiva. O segundo fator importante, que corrobora a nossa visão, é que as expectativas Focus para inflação de 2024 estão subindo”, explica.

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O boletim Focus mais recente, divulgado na segunda-feira (19), prevê um IPCA de 6,0% para 2022 e de 5,01% em 2023. Já a projeção para 2024 subiu pela terceira semana seguida, de 3,47% para 3,50%.

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