- Investidores ainda têm tempo para ajustar suas estratégias de investimento com foco no período eleitoral
- Ajustar estratégias de investimento com foco no período eleitoral pode não ser a melhor opção no momento
- Para especialistas, movimentos para se proteger das eleições já deveriam ter sido feitos; agora, o melhor é esperar
A disputa pelo cargo de presidente da República será decidida em segundo turno entre o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o presidente Jair Bolsonaro (PL). Com 94,47% das urnas apuradas até 20h575, Lula havia recebido 47,59% dos votos e Bolsonaro 43,92% do total contabilizado pela Justiça Eleitoral – o resultado deste domingo (2) confirma o cenário que as pesquisas de intenção de voto já indicavam.
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Agora, os brasileiros vão aguardar até o próximo dia 30, quando acontece a segunda etapa da votação para decidir quem vai comandar o País pelos próximos quatro anos.
Com a corrida presidencial estendida até o fim do mês, investidores ainda têm tempo para ajustar suas estratégias de investimento com foco no período eleitoral. Mas essa pode não ser a melhor opção; veja que o investidor não deve fazer na Bolsa.
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Como contamos nesta reportagem, a última semana antes do primeiro turno seguiu o comportamento atípico do observado nos últimos meses: apesar do ruído político, pouca volatilidade no mercado. Com candidatos já conhecidos e o cenário macroeconômico internacional tomando o posto de principal preocupação do mercado, as eleições acabaram fazendo pouco preço na Bolsa.
“Não temos feito ou sugerido muita coisa tática em termos de eleição para os investidores. Eventuais proteções deveriam ter sido feitas ao longo das últimas semanas ou meses. Esperar uma proximidade tão grande assim para fazer uma movimentação sempre aumenta o risco”, afirma Rodrigo Sgavioli, head de Alocação e Fundos da XP.
Sgavioli explica que os investidores tentam capturar uma oportunidade ou se proteger com os movimentos eleitorais por meio de posições montadas na Bolsa de Valores, em juros (títulos públicos) e no câmbio. Na visão do especialista, as operações nessas classes de ativos só parecem “fazer sentido” sob o viés de proteção eleitoral.
Mais do que o resultado das urnas, o foco do mercado agora está no contexto do País que o candidato eleito vai assumir, com preocupações fiscais no Brasil e alta de juros nas economias desenvolvidas. A decisão de ministérios e o detalhamento do plano econômico do eleito, por exemplo, podem fazer mais preço do que a própria decisão. Veja como o mercado avalia as propostas dos presidenciáveis.
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“O fiscal que vai ser implementado, qual será a equipe ministerial, como o investidor estrangeiro vai olhar para o Brasil. É para esse contexto que estamos olhando. A carteira precisa ir bem se A ou B for eleito, não dá para apostar todas as fichas em um cenário só”, reforça o especialista da XP.
Vitorio Galindo, head de análise fundamentalista da Quantzed, concorda. Para o especialista, o mercado está aguardando os próximos capítulos, com foco nos primeiros meses de 2023. “Para tomar uma decisão, seja para ter uma carteira mais defensiva, mais protetiva, para fazer um hedge com câmbio ou mesmo para investir em renda fixa, é melhor esperar. Os investidores devem aguardar um pouco mais, analisar o cenário, ver os comentários dos gestores e só depois disso chegar à sua própria conclusão”, diz.
Olhando para frente
Para quem quiser aproveitar a janela e direcionar os investimentos para se proteger do que pode vir pela frente, é preciso escolher com cautela as opções. Diego Santos, CEA e especialista em investimentos da Eu me Banco Educação, diz que uma boa estratégia consiste em reduzir a exposição em ativos de risco. Movimento que deve acontecer em todo o mundo dado o cenário de alta de juros e aversão global a risco.
“Ativos de renda fixa tendem a ganhar ainda mais espaço no mercado. Em um cenário de incerteza, saber quanto é possível ganhar e manter o investimento até a data do vencimento traz tranquilidade aos investidores”, diz. As melhores opções da renda fixa vão depender de acordo com o perfil de cada um, mas com a Selic em 13,75% ao ano a categoria continua atrativa. Veja mais nesta reportagem.
A recomendação do especialista é o tradicional Certificado de Depósito Bancário (CDB). “A ata do Copom mostrou que a taxa de juros pode subir novamente caso a inflação volte a assolar o País. Então, o CDB pós fixado se mantém como uma opção interessante e segura nesse momento”, diz. Aqui, contamos como o CDB se tornou o “queridinho” dos mais ricos no País.
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Para quem optar por manter os aportes na renda variável, a dica é escolher empresas mais sólidas, que podem se manter mais estáveis mesmo no caso de um aumento da volatilidade. Nestas reportagens, mostramos cinco ações que podem se beneficiar de uma reeleição de Bolsonaro e sete papeis no caso de uma vitória de Lula.