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- A avaliação é de Roger Alan Marçal da Silva, head de fundos ativos em juros e moedas da BB Asset
- Silva afirma que a inflação global deve ser mais perene no médio e longo prazo e que os juros vão ter que ficar “bastante altos e por um bom tempo”
A elevada inflação global tem exigido que bancos centrais por todo o mundo aumentem suas taxas de juros, mas esse esforço pode não surtir tanto efeito quanto o esperado, uma vez que, do outro lado, os governos estão “afrouxando” o fiscal. A avaliação é de Roger Alan Marçal da Silva, head de fundos ativos em juros e moedas da BB Asset, para quem os bancos centrais estão apenas “enxugando gelo”.
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“Com essa inflação global que veio muito forte, mais notadamente visível neste ano, os bancos centrais estão tendo que apertar a política monetária, e cada hora eles são forçados a subir os juros mais que o esperado porque os modelos econométricos não estavam capturando as mudanças na inflação. Em contrapartida, exatamente porque os preços estão subindo, os governos estão expandindo o fiscal através de renda mínima e benefícios de redução de impostos. Então enquanto os bancos centrais estão levantando um muro, os governos estão arredando esse muro para trás”, disse Silva durante painel no 43º Congresso Brasileiro da Previdência Privada (CBPP), promovido pela Associação Brasileira das Entidades Fechadas de Previdência Complementar (Abrapp) nesta quinta-feira.
Por isso, Silva afirma que a inflação global deve ser mais perene no médio e longo prazo e que os juros vão ter que ficar “bastante altos e por um bom tempo”.
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O especialista da BB Asset conta que esse cenário tem representado um desafio para os fundos, pois a divulgação de indicadores – especialmente nos Estados Unidos, dado o peso do Federal Reserve (Fed, o banco central americano) – faz com que o mercado ora absorva com otimismo ora com pessimismo as expectativas para o ciclo de juros. Na avaliação de Silva, o otimismo do mercado tem predominado mesmo em meio a dados que, para ele, não deveriam empolgar.
“Às vezes, vemos euforias do mercado e os gestores têm de estar preparados para não perder dinheiro nos fundos. Ou seja, tenho que desligar a cabeça de saber que [a reação] é errada e surfar para pegar a volatilidade. É um grande desafio para um gestor de renda fixa”, afirma Silva.