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Mercado

Lula é o novo presidente do Brasil. Veja as expectativas do mercado

Entenda a visão de analistas sobre o que o investidor deve esperar com a vitória do líder do PT

Luiz Inácio Lula da Silva (PT) é o novo presidente da República. Este é o terceiro mandato do petista, que governou o Brasil entre 2003 e 2011. O líder do partido dos trabalhadores registrou 50,9% dos votos válidos, contra 49,1% conquistados pelo adversário, o atual presidente Jair Bolsonaro (PL).

Diferentemente do primeiro turno, o processo de votação neste domingo (30) foi tumultuado. Nas redes sociais, diversos vídeos da atuação da Polícia Rodoviária Federal (PRF) nas estradas federais do Nordeste, onde o petista sempre teve ampla liderança, geraram indignação.

Usuários acusaram a instituição de tentar impedir que os eleitores nordestinos chegassem aos colégios eleitorais por meio de inúmeras blitz. De acordo com a TV Globo, foram mais de 272 operações na região, enquanto as fiscalizações no restante do país somaram apenas 277.

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O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, chegou a se reunir com o diretor-geral da PRF e pedir explicações a respeito da atividade “suspeita”. Posteriormente, Moraes determinou o imediato encerramento das ações.

Ainda assim, a vitória de Lula foi consolidada. Para o mercado financeiro, o resultado gera incerteza e deve balançar a Bolsa nos próximos dias. O presidente eleito ainda não apresentou os nomes que devem compor os ministérios, nem mesmo indicou o próximo ministro da Economia.

Além disso, as propostas apresentadas pelo petista, como acabar com o teto de gastos e maior intervenção nas estatais, preocupam os investidores. De acordo com Flávio Conde, analista de ações da Levante Ideias de Investimento, papéis de empresas como Petrobras, Banco do Brasil e Eletrobras devem sofrer no pregão desta segunda-feira (31).

“A Petrobras e o Banco do Brasil, que já vem caindo, desvalorizarão mais 5% – talvez até 10% em um pior momento do pregão. O dólar deve subir e ir até R$ 5,50 ou 5,60”, afirma Conde.

Na visão de Acilio Marinello, coordenador do MBA em Digital Banking de Trevisan Escola de Negócios, a pressão sobre o Ibovespa deve continuar até que Lula apresente os nomes aos ministérios. O especialista aponta que é um momento de “cautela” e que investidores deveriam priorizar produtos de renda fixa.

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Contudo, haverá oportunidades em ações desde o primeiro pregão pós resultado eleitoral. Ações de empresas de educação devem disparar na Bolsa, na esteira das expectativas de ampliação do programa de financiamento estudantil FIES. “É uma grande oportunidade, mesmo para quem é um pouco conservador, de aproveitar um movimento muito previsível na Bolsa”, diz Marinello.

As empresas ligadas à construções e voltadas para a baixa renda, como Plano&Plano, Direcional Engenharia, Cury Construtora, também devem ganhar destaque neste terceiro mandato do líder do PT. Também é esperado que Lula turbine programas de habitação.

Leia a opinião dos analistas na íntegra sobre o que esperar do terceiro mandato de Lula:

Acilio Marinello, coordenador do MBA em Digital Banking de Trevisan Escola de Negócios

“Até o anúncio dos candidatos aos cargos dos principais ministérios do governo Lula, os dias serão de bastante volatilidade e instabilidade na Bolsa. É um momento de cautela e de se apoiar em produtos de renda fixa, com baixo risco. Porém, há oportunidades desde o primeiro dia.

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Com Lula eleito, já tem uma declaração que ele vem reforçando sobre a retomada do FIES. Então você já pode, por exemplo, investir em papéis ligados a grupos e empresas do setor de educação. São ações que devem ter uma acelerada elevação no período, uma vez que o FIES viabiliza a retomada de milhares de estudantes financiados pelo governo às universidades particulares.

É uma grande oportunidade, mesmo para quem é um pouco conservador, de aproveitar um movimento muito previsível na Bolsa. Por outro lado, quem está bastante aportado em papéis das estatais, deve ter cautela. A reação deve ser contrária. Ações ligadas às estatais, como Petrobras, Banco do Brasil e outros devem passar por um período de turbulência, porque a tendência é que sejam indicados novos diretores e presidentes com viés político para assumir a liderança das estatais. É mais um grau de incerteza que gera aversão ao risco.”

Mario Goulart, analista de investimentos 

“O Luiz Inácio não é esse pesadelo que muitos esperam. Obviamente vai depender muito de como serão anunciados seus ministérios. Se ele anunciar um ministério com Henrique Meirelles, mais técnico e ligado ao mercado, a Bolsa deve até subir.

Agora se ele chamar o Fernando Haddad (PT) para ser ministro da Fazenda, como alguns dizem, o mercado vai ficar mais chateado e terá uma tendência maior de queda. Se houver essa situação de um Lula enfrentando o mercado, haverá um cenário ruim de juros, inflação e fiscal.

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Na Bolsa, veremos ações de consumo como Magalu, Lojas Americanas e Via se apreciando mais. Outro segmento que se beneficia muito com a vitória do Lula é educação, com Cogna e Yduqs.”

Flávio Conde, analista de ações da Levante Ideias de Investimentos

“Com Lula agora eleito, o mercado cai 5% na segunda-feira (31). A Petrobras e o Banco do Brasil, já em queda, podem desvalorizar mais 5% – talvez até 10% em um pior momento do pregão. O dólar deve subir e ir até R$ 5,50 ou R$ 5,60. Isso tudo deve acontecer neste primeiro pregão após o 2° turno.

Essa reação é por conta da indefinição de qual vai ser o Lula de 2023. Será igual ao primeiro mandato, com o Meirelles na Fazenda, Armínio Fraga no Banco Central e Simone Tebet na Agricultura? Isto é, um governo continuando o que vinha sendo feito, e com uma pegada mais liberal, centrista e menos de esquerda? Ou será como o segundo mandato e os mandatos da Dilma, com a nova matriz econômica?

Existe essa indefinição e por isso a Bolsa deve cair. Não é porque as pessoas não querem o Lula. O mercado financeiro não tem, na minha opinião, preferência. O que o mercado financeiro tem é reações a fatos.

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O pior cenário a partir de agora é haver uma baita contestação do resultado por parte do Bolsonaro. Ameaças, acusações de irregularidades e de supostas fraudes na urna eletrônica, principalmente no nordeste – esse é um cenário horrível. Se formos por esse caminho, viveremos em um mini caos até o fim de 2022.”

Rodrigo Cohen, analista de investimentos e co-fundador da Escola de Investimentos

“A próxima semana será bem volátil. A expectativa é de que deve abrir tudo em baixa e vai ser um ótimo dia para comprar. O mercado vai abrir muito nervoso e depois vai ver que nada mudou e tudo continua igual.

Sobre juros e inflação, vai depender da política que Lula vai adotar em relação ao Banco Central. Na Bolsa, teremos o setor de construção, educação, bancos e varejo se beneficiando.

Uma preocupação é se o presidente eleito irá começar a facilitar muito o crédito para a população, uma característica dele. Isso pode atrapalhar um pouco a economia. Com o crédito mais fácil, a inflação tende a aumentar e há uma dificuldade em segurar essa inflação.

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Entretanto, não acho que o Lula vai ser equivocado de tomar uma atitude dessa. Até porque “você” toma medidas populistas antes de entrar. Agora que ele já entrou, vai ser responsável.”

Leandro Petrokas, Diretor de Research e sócio da Quantzed

“Uma das principais dúvidas agora é qual será o discurso adotado por Lula e quem serão os integrantes da equipe dele. Será um discurso voltado para o centro, de conciliação e reformas? Ou será um discurso de gastos exagerados e falta de cuidado em relação ao fiscal?

Nesse sentido, pode ser que o mercado reaja de forma negativa se o discurso de posse for muito voltado para o populismo, para o governo gastando e falta de preocupação com fiscal.

Contudo, o mercado também pode reagir de forma neutra se o discurso for de reformas, voltado para o centro. De toda forma, não me parece que o mercado vai reagir de forma extremamente positiva caso o Lula vença. Eu acredito que o mercado pode trabalhar oscilando entre o tom negativo e estável, mesmo com um discurso muito positivo.

Me parece que Lula deve vir em alguma medida que favoreça o setor de construção, especialmente de baixa renda. Muito disso já pode estar incorporado no preço de empresas como Plano&Plano, Direcional Engenharia, Cury Construtora, nomes que atuam diretamente com imóveis voltados à baixa renda. Mesmo já tendo tido um certo otimismo com o setor nas últimas semanas, acredito que pode subir ainda mais.

Um outro setor que deve ser beneficiado com o Lula, são as empresas do setor de educação, por conta de eventuais incentivos ao FIES ou algum outro tipo de programa. Cogna, Yduqs, Ser Educacional e Nima são as que se beneficiam.

Empresas que tenham receita em dólar podem subir, como Suzano, Klabin, Gerdau, eventualmente a Vale e Weg.”

Juan Espinhel, especialista em investimentos da Ivest

“O mercado não gosta de incertezas. O governo Lula pretende utilizar a Petrobras como uma ferramenta de investimento em infraestrutura, como uma forma de você gerar emprego e renda através de obras. Se ele realmente adota essa posição, a petroleira terá menos dinheiro em caixa para distribuir. Logo, os dividendos da Petrobras com certeza serão afetados.

Tem uma pauta muito em alta do PT que é isentar de imposto até uma faixa até R$ 5 mil. Isso estimula o consumo como uma política fiscal expansionista. O consumo, de maneira geral, pode ter uma melhora e o setor de incorporação de baixo padrão também.

Passado o momento eleitoral, entretanto, a pauta prioritária do mercado será a reforma tributária, até para que o governo consiga acomodar o Auxílio Brasil dentro do orçamento. Seria assim, mesmo se Bolsonaro ganhasse. Então, independentemente dessa eleição, estamos em um momento de insegurança fiscal.”

Pedro Henrique Ricco, CEO da Delta Investor

O principal fator nesse primeiro momento serão os nomes da equipe econômica e o entendimento de como o vencedor irá gerir a economia junto à sua equipe econômica.

Empresas de consumo devem se beneficiar com a vitória do Lula, até porque ele foca bastante em incentivos para as classes C, D e E. Podemos esperar iniciativas parecida com o “Minha Casa, Minha Vida”. Empresas de educação também deverão subir, muito por conta das promessas de campanha. Não aconselho as estatais, pois vejo o governo Lula sendo mais ineficiente nas estatais.

Alexandre Milen, CEO da Harami Research

“A nossa Bolsa e a economia vão crescer, desde que o governo tenha um bom ministro da Economia e um bom presidente do Banco Central. Isso é independente do presidente eleito.

Hoje, o Ibovespa está por volta de 115 mil pontos. A nossa previsão é chegar, em um curto espaço de tempo, e independentemente de qualquer presidente, a 150 mil pontos. Isso porque as empresas brasileiras estão muito baratas.

Com a elevação da taxa de juros dos Estados Unidos e outros problemas mundiais, os investidores internacionais passarão a olhar o Brasil para começar a investir. A grosso modo, nosso panorama é de que a Bolsa vai triunfar. Isso aconteceria sob qualquer presidente

Falando especificamente de Lula, é bom olharmos para o passado. Nos dois mandatos do candidato Lula, a Bolsa valorizou, e foi quando entraram muitos investidores pessoas físicas. Houve um rendimento de 32,99% no período, o maior da história, com destaque para ações ligadas à construção como uma CCR, CSN, Usiminas e Gerdau. A nossa perspectiva agora é de que a Bolsa suba.”

 

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