- Na tarde desta quinta-feira (19), ocorreu a confirmação do pedido de recuperação judicial pela Americanas
- O pedido decepcionou quem esperava um aporte dos investidores de referência da empresa
- Analistas esperam também que os investidores assistam a varejista “minguar” de tamanho a partir de agora
O pedido de recuperação judicial impetrado pela Americanas (AMER3) já não era uma questão de se iria acontecer, mas quando. Analistas de mercado consultados pelo E-Investidor não apenas classificam o episódio como negativo para a a varejista, como também tem o poder de afetar outros ativos na Bolsa por conta da desconfiança que o caso da Americanas criou para os investidores.
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Na tarde desta quinta-feira (19), ocorreu a confirmação do pedido de recuperação judicial pela Americanas na 4ª Vara Empresarial do Rio de Janeiro. A empresa afirmou que continuará com suas operações apesar do caixa extremamente reduzido, como esta reportagem detalha. O pedido da varejista acabou por decepcionar quem esperava um aporte dos investidores de referência da empresa, o trio de bilionários formado por Jorge Paulo Lemann, Marcel Herrmann Telles e Carlos Alberto Sicupira, donos da 3G Capital.
É o caso do analista de ações da Levante Ideias de Investimento Flávio Conde. “Eu esperava que o grupo da 3G Capital já tivesse se pronunciado, dito que entraria com algum capital de R$ 4 ou R$ 5 bilhões para ajudar a companhia. Porém, ninguém é obrigado a fazer”, afirmou, em entrevista realizada na semana passada.
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O analista classificou o pedido de recuperação judicial como uma péssima notícia, porque “não só as dívidas bancárias e debêntures serão adiadas, como a companhia vai entrar em um ritmo muito mais lento”. Segundo ele, a expectativa é que os investidores assistam à varejista “minguar” de tamanho.
- Veja em detalhes o que é e como funciona uma recuperação judicial.
O analista de investimentos e criador do canal no Youtube ‘O Analisto’, Mario Goulart, vê a informação como um balde de água fria no investidor que ainda esperava por uma retomada da companhia no curto prazo. “O que vai acontecer é que a empresa vai continuar operando com volatilidade, sem definição, como a maioria das empresas que entra em recuperação judicial”, disse, sobre o comportamento dos papéis da companhia na Bolsa de Valores.
As ações AMER3 amargavam com a pior queda do Ibovespa ao registrar desvalorização de 24,71% às 13h55, quando os ativos entraram em leilão. O leilão de ações funciona como um mecanismo de proteção, acionado nos casos de grande oscilação de preço do ativo. Na prática, os papéis ficam fora do pregão por um período de tempo para proteger o investidor com posições no papel.
O sócio e chefe da Mesa de Operações da Ação Brasil Investimentos, Idean Alves, afirmou acreditar que o episódio faça com que o crédito fique mais escasso e que os investidores aumentem a desconfiança sobre os ativos negociados na Bolsa, principalmente em relação às companhias de varejo, como Magazine Luíza (MGLU3) e Via Varejo (VIIA3). “Porque um detalhe no balanço pode transformar uma empresa queridinha dos gestores em um desastre financeiro do dia para a noite”, disse Alves na semana passada.
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