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Americanas: como o caixa da empresa caiu de R$ 8 bilhões para R$ 800 mi

Queda de 90% no valor pode obrigar a companhia a entrar em recuperação judicial

Americanas: como o caixa da empresa caiu de R$ 8 bilhões para R$ 800 mi
Unidade Americanas Express. Crédito: Felipe Rau/Estadão.
O que este conteúdo fez por você?
  • Valor reduzido em caixa é a soma de montantes bilionários relacionados a diversos bancos e operações
  • Tudo começou após serem descobertas “inconsistências financeiras” no valor de no mínimo R$ 20 bilhões
  • Pessoas próximas ao assunto alegam ao Estadão ainda que o Banco Safra teria congelado investimentos da companhia nos moldes do que fez o BTG Pactual

A Americanas (AMER3) enfrenta há uma semana diversas pressões jurídicas que impactaram o caixa da companhia, que já tombou de aproximadamente R$ 8 bilhões para R$ 800 milhões. Tudo começou com a revelação de “inconsistências financeiras” no valor de, no mínimo, R$ 20 bilhões. Entenda neste link o caso desde o começo.

O valor reduzido em caixa está relacionado à soma de montantes bilionários decorrentes de dívidas com bancos credores e financiamento de operações. Veja abaixo:

  • R$ 3 bilhões foram bloqueados após a companhia ter suas notas rebaixadas em crédito, proibindo a varejista de antecipar os recebíveis;
  • R$ 1,4 bilhão foi bloqueado pelo BTG Pactual e o BV (antigo Banco Votorantim);
  • R$ 1 bilhão está parado em aplicações financeiras sem liquidez;
  • Por fim, sobrava R$ 2,4 bilhões em caixa, mas a empresa utilizou cerca de R$ 1,6 bilhão em suas operações.

No primeiro caso, relativo aos R$ 3 bilhões, a antecipação de recebíveis consiste no montante que uma companhia pode captar com o intuito de pagar o banco fornecedor com juros. Por conta das notas rebaixadas – com destaques para as agências de classificação de risco Moody’s, Fitch e S&P Global Ratings – a oferta para a Americanas ficou menor, pois as instituições desconfiam da credibilidade da empresa e das possibilidades de pagar as taxas do “empréstimo”.

No segundo, o BTG e o BV conseguiram uma decisão judicial na Justiça do Rio de Janeiro para reter o valor após a varejista conseguir uma liminar que a protegia do vencimento antecipado de dívidas por 30 dias, janela de tempo para a companhia decidir entrar, ou não, com um pedido de recuperação judicial.

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A recuperação consiste na possibilidade de uma empresa em crise conseguir renegociar suas dívidas e pagamentos junto a credores e fornecedores. Esta reportagem explica detalhadamente como funciona.

O BTG defendeu que não seria possível antecipar os efeitos de uma recuperação judicial a um grupo que fraudou o caminho à insolvência. Mas declarou que se a Americanas obtiver recursos, o BTG entrará para a lista de bancos que vão atrás da varejista para recuperar o dinheiro que a empresa deve. A empresa de André Esteves classificou o caso como “a maior fraude corporativa da história do País”

Quanto ao R$ 1 bilhão sem liquidez, esse é um valor que a Americanas tem em investimentos e que não possui tanta movimentação de entrada e saída, o que traz uma dificuldade de antecipar o saque. Dessa forma, o dinheiro fica preso até o vencimento do produto.

E o R$ 1,6 bilhão foi utilizado em operações efetuadas pela companhia. Tradicionalmente, qualquer movimentação que uma empresa do setor varejista faz costuma exigir desembolso de altas quantias. A Americanas foi procurada para saber onde o valor foi gasto, mas não respondeu até a publicação da matéria.

Recuperação

A desvalorização até o momento de 90% do caixa pode levar a varejista a um pedido de recuperação judicial a qualquer momento, já que não teria capital suficiente para quitar seus débitos. Vale destacar que a decisão por acatar a medida jurídica ficou pressionada após a companhia informar que “dos R$ 800 milhões [restantes], uma parcela significativa deste valor [também] estava injustificadamente indisponível para movimentação”. Veja como essa medida pode impactar o mercado.

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De todo modo, a varejista já declarou que irá recorrer ao bloqueio do montante bilionário do BTG Pactual e de outros credores “para manter seu compromisso como geradora de milhares de empregos diretos e indiretos, amplo impacto social, fonte produtora e de estímulo à atividade econômica, além de ser uma relevante pagadora de tributos”.

Pessoas próximas ao assunto alegam ao Estadão, ainda, que o Banco Safra teria congelado investimentos da companhia nos moldes do que fez o BTG Pactual. Procurado, o Safra não se pronunciou.

*Com informações do Estadão Conteúdo

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