- Desde a repercussão do sucesso do ChatGPT, as ações das empresas de tecnologia têm ficado sensíveis às novidades envolvendo inteligência artificial
- O papel do Buzzfeed saltou 120% no fim de janeiro com o anúncio de que a empresa irá incorporar a tecnologia do ChatGPT na sua produção de conteúdo
- Já a Microsoft anunciou que a tecnologia vai ser incorporada nos seus navegadores de busca e na sua plataforma de videoconferência
O sucesso do ChatGPT, desenvolvido pela OpenAI, laboratório de pesquisas em inteligência artificial, trouxe euforia para o mercado nas últimas semanas. Recentes notícias vindas de grades empresas de tecnologia como Microsoft e Buzzfeed de que a tecnologia do momento passará a incorporar seus produtos e operações repercutiram sobre as ações das companhias, que apresentaram altas consideráveis nas Bolsas nos Estados Unidos. Mas será, então, o momento do investidor voltar para este setor, tão prejudicado no último ano pela pressão das altas taxas de juros sobre os papeis das companhias de tecnologia?
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As ações do Buzzfeed (BZFD) saltaram 120% no pregão do dia 26 de janeiro. A razão para o otimismo dos investidores foi o anúncio de que a empresa utilizará inteligência artificial para a criação de conteúdo. O mesmo aconteceu com a Microsoft (MSFT). A companhia comunicou no último dia 7 que as novas versões do Bing e do Edge, os seus navegadores de busca, contam com os recursos da nova tecnologia. As ações da big tech cresceram 4,20% com a novidade.
Além disso, a inteligência artificial do ChatGPT vai integrar o Microsoft Teams Premium. A ideia é que a ferramenta crie listas de tarefas, possa legendar reuniões e catalogar trechos. A mudança ameaça outros aplicativos de videoconferência, como o Zoom.
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Uma importante exceção fica por conta da Alphabet (GOOGL), dona do Google, que não tem agradado os investidores com o resultado do desenvolvimento do seu chatbot de inteligência artificial até aqui. Ao contrário do que ocorreu com as outras big techs, as ações da empresa caíram 8% só na última quarta-feira após o Chatbot Bard, concorrente do ChatGPT, fornecer respostas imprecisas nas demonstrações da ferramenta. A desvalorização custou à dona do Google US$ 100 bilhões em valor de mercado.
No entanto, a Alphabet se encontra na ponta da corrida pelo domínio da inteligência artificial no Ocidente, junto com a Microsoft, segundo avaliação de Guilherme Zanin, analista da Avenue Securities. Para o especialista, ambas companhias são as que possuem investimentos mais avançados voltados para esta tecnologia. “A Microsoft se aproveita da notoriedade do ChatGPT e também pelo seu tamanho, porque grande parte dos computadores do mundo utilizam o sistema dela. E o Google por ter quase o monopólio do mercado dos serviços de buscas na internet e possuir investimentos robustos”, diz Zanin.
Richard Camargo, analista da Empiricus, sugere ao investidor acompanhar as empresas que possuem uma estrutura tecnológica capaz de realizar sucessivos testes para que essas novas ferramentas consigam ter êxito em suas funções. O grande exemplo vem do ChatGPT, que até alcançar o sucesso passou por incansáveis testes a partir de uma base de dados que correspondia a 10% de todo o conteúdo da internet. “Esse volume de dados é assustador. Para uma empresa ter um produto como o ChatGPT é preciso ter uma infraestrutura muito parruda”, diz Camargo.
Na avaliação dele, apenas cinco companhias possuem essa capacidade no mercado global: Alphabet, Microsoft, Meta (META, a dona do Facebook), Amazon (AMZN) e Nvídia (NVDA). “A Meta tem uma infraestrutura proprietária de inteligência artificial com um investimento de dezenas de bilhões de dólares. E no caso da Nvídia, a empresa é líder de mercado de inteligência artificial por produzir 90% das placas de vídeos utilizadas para esta tecnologia”, acrescenta.
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Empresas asiáticas como Alibaba (BABA34) e Baidu (BAIDU34) também seguem na corrida pelo domínio deste novo mercado.
Cuidados
A euforia na Bolsa com empresas de tecnologia sinaliza que as inovações caminham para o aperfeiçoamento dos produtos e serviços com a utilização da inteligência artificial. E nessa corrida entre as companhias o investidor pode aproveitar oportunidades interessantes, um cenário semelhante ao da época do surgimento da internet, no início dos anos 2000. Diversas companhias devem investir em ferramentas de inteligência artificial, como o ChatGPT.
O otimismo das empresas com suas inovações não garante, porém, a liderança neste novo mercado ou o sucesso da incorporação da inteligência artificial nos negócios das companhias. Por esse motivo, o momento deve ser de análise dos resultados dos investimentos. “Estamos vendo a história se desenrolando minuto a minuto. O investidor precisa ter cautela até que esse processo se acomode”, orienta Junior Borneli, fundador da StartSe, escola internacional de negócios.
Há, ainda, outro fator de preocupação: os resultados fracos das empresas de tecnologia. Nesta temporada de balanço, referente ao quarto trimestre de 2022, a maioria das big techs decepcionou o mercado com números abaixo das estimativas – veja os detalhes nesta reportagem. A realidade exige das empresas, além de investimentos, mudanças operacionais focadas na eficiência.