- Apenas 4 dos 99 fundos de renda fixa estão batendo o benchmark, o CDI, em 2023
- Esses fundos costumam ser boas opções para uma reserva de liquidez e de curto prazo, mas a rentabilidade em 2023 está abaixo de outros ativos da renda fixa
- Especialistas indicam quais pontos precisam ser avaliados antes e investir nessa classe de ativos
Os fundos DI já são bem conhecidos pelos investidores brasileiros. Com a proposta de render mais do que a poupança, esses ativos investem apenas em títulos de renda fixa para acompanhar o Certificado de Depósito Interbancário (CDI), mas garantir ao investidor uma liquidez diária. Por causa disso, costumam ser muito recomendados como uma opção para a reserva de emergência, por exemplo.
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Mas o início de 2023 não está nada fácil para esses ativos, mesmo com a Selic estacionada em 13,75% ao ano.
Dos 99 fundos classificados pela Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima) como “Renda Fixa Simples“, apenas 4 conseguiram bater o CDI nos primeiros 4 meses do ano. Mostramos quais são eles nesta reportagem.
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Com a Selic estacionada em 13,75% ao ano permitindo retornos perto de 1% ao mês em alocações no Tesouro Direto ou Certificados de Depósito Bancário (CDBs), os investidores precisam avaliar bem suas opções antes de optar por deixar o dinheiro nos fundos DI. Isso porque, além de não estarem ganhando do CDI, apenas 14 dos 99 não cobram taxa de administração.
Especialistas destacam que, por serem compostos basicamente por títulos públicos, os Fundos DI não exigem um esforço tão complexo da equipe de gestão. Por isso, não deveriam cobrar taxas elevadas do investidor. No entanto, entre os 99 fundos da Anbima, há quem cobre taxa de administração de até 4%.
“Há fundos que cobram taxas muito elevadas, até abusivas, e ao descontar isso do retorno entregue muitas vezes ficam abaixo do próprio Tesouro Selic”, diz Pedro Lafraia, planejador financeiro da L4 Capital. “O investidor acaba sendo muito penalizado.” O ideal é buscar por ativos com taxas de administração isentas ou de até 0,5% para que a cobrança não “roube” o retorno do investidor.
Mas não é só isso que precisa ser avaliado. Alguns fundos podem conter títulos do mercado de crédito privado que, apesar de também estarem incluídos na renda fixa, têm um grau de volatilidade maior. “É preciso entender qual é a estratégia envolvida para não ter surpresas na rentabilidade, além de buscar informações sobre a qualidade da equipe de gestão”, ressalta Stéfano Bertoncello, Head de Fundos da Alta Vista.
Outras alternativas
Segundo os especialistas, os fundos DI ainda constituem boas opções para manter um recurso para o curto prazo. Especialmente aqueles ativos que conseguem oferecer alta liquidez, baixo risco e pequena taxa de administração. “É um tipo de investimento para quem tem perfil conservador e está prezando pela segurança ao invés de rentabilidade e volatilidade”, destaca Lucas Rufino, CEO e Fundador da Simpla Invest.
Mas com os juros ainda bastante atrativos ao investidor, é possível encontrar outras opções para esse recurso de curto prazo, investindo diretamente nos ativos de renda fixa. Títulos do Tesouro Selic ou CDBs de grandes bancos, que rendem menos que 100% do CDI mas possuem um nível de risco menor, podem ser alternativas. “Para uma carteira conservadora, o simples funciona”, diz Rufino.
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Na hora de escolher entre investir diretamente ou via fundos DI, duas coisas precisam ser ponderadas. A primeira delas é a liquidez – em alguns CDBs, por exemplo, o investidor pode perder parte da rentabilidade ao pedir o resgate antecipado.
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A outra, a gestão ativa que os fundos oferecem. Isso pode ser um diferencial de ganho para o investidor, já que conta com o trabalho de um profissional para montar a carteira do fundo e aproveitar as janelas de mercado das variações da curva de juros.
“Dá margem de manobra para o gestor entregar um resultado superior ao CDI. Esse é o diferencial de um bom fundo de investimento”, explica Pedro Lafraia, planejador financeiro da L4 Capital.