- A cada ano que passa vai caindo um tabu de que só investe na bolsa quem tem muito dinheiro.
- De acordo com um levantamento de Einar Rivero, do TradeMap, até o dia 12 de maio de 2023, existiam 110 ações em toda a B3 abaixo de R$ 5.
- No intuito de mostrar às pessoas que existem ações baratas e boas, o E-Investidor conversou com analistas para elencar os melhores papéis abaixo de R$ 5 para se ter na carteira.
O número de investidores na Bolsa de Valores chegou a 5,8 milhões no fim de 2022, alta de 17,5% em comparação com 2021, segundo dados da B3. E a cada ano que passa vai caindo um tabu de que só investe na Bolsa quem tem muito dinheiro. No intuito de mostrar que existem opções de ações a preços acessíveis, o E-Investidor conversou com especialistas para elencar os melhores papéis abaixo de R$ 5 para se ter na carteira.
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De acordo com um levantamento de Einar Rivero, do TradeMap, há 110 ações na B3 cotadas abaixo de R$ 5. Um exemplo de uma ação barata que mostrou mudança de patamar de preço é a do Magazine Luiza (MGLU3). Os papéis da varejista eram cotados em poucos centavos até meados de junho de 2017. Em novembro de 2020, o ativo atingiu a máxima histórica de R$ 28,28.
E como uma ação barata não representa, necessariamente, um bom negócio, quatro analistas do mercado financeiro foram consultados para compor uma lista com as 6 ações ‘baratinhas’ preferidas na B3.
Raízen (RAIZ4)
O primeiro destaque com recomendação de compra entre as ações baratas vai para Raizen (RAIZ4). Para Leonardo Alencar, head de agro da XP, a expectativa neste trimestre seria de um resultado mais fraco, tendo em vista todos os ruídos macroeconômicos no setor de combustíveis, devido à inflação e mudanças nas cobranças de impostos, como foi o caso de Programa de Integração Social (PIS) e Contribuição para Financiamento da Seguridade Social (COFINS) e do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS).
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Ele ainda destaca que a melhora no preço do açúcar e do setor de biocombustíveis no geral pode impulsionar a Raízen no decorrer do ano. Isso se mostra nos resultados trimestrais da companhia.
A Raízen reportou um trimestre forte com um surpreendente lucro antes dos juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda, na sigla em inglês) ajustado de R$ 15,3 bilhões, acima do consenso da XP, principalmente por conta de créditos fiscais não recorrentes de R$ 3,7 bilhões referentes a Programa de Integração Social/Contribuição para Financiamento da Seguridade Social (PIS/COFINS).
“A empresa está melhorando, com uma boa alavancagem e melhorando a produtividade agrícola. A única parte ruim é que parecem ser três empresas debaixo de um mesmo guarda chuva, com Shell e distribuição de combustíveis, uma operação de etanol e ainda outra de biocombustíveis, mas ainda assim a gente gosta da tese da empresa”, disse Alencar.
Segundo ele, essa pluralidade de projetos sob uma mesma empresa pode ser ruim, uma vez que seriam “três empresas diferentes” para três perfis bem distintos de investidor.
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Às 12h37 desta segunda-feira (22), os papéis da Raízen estavam cotados a R$ 3,68, após queda de 0,27%. O preço alvo da XP, por sua vez, é de R$ 7,10.
Hapvida (HAPV3)
O investidor pode ser reticente em relação à Hapvida (HAPV3) devido às recentes quedas na bolsa, puxadas pelo resultado do último trimestre de 2022 fraco. No entanto, ela é uma das ações que pode impulsionar a sua carteira, como explica Fernando Ferrer, analista da Empiricus.
Segundo o especialista, o setor de saúde no geral está passando por um momento difícil por conta do aumento da sinistralidade gerado pela pandemia do Covid-19. No entanto, o modelo de negócio da Hapvida pode dar um desafogo para a companhia.
“O modelo de negócio da Hapvida é diferente dos outros players do setor, porque ela é verticalizada. Então, ela tenta ao máximo ter toda a operação sendo controlada por ela mesma, e isso ajuda ela a controlar os custos, melhorando as margens”, explicou.
Além disso, Ferrer destaca que o preço da ação está baixo para o valor que ele deveria ter, e por isso ele recomenda a compra do papel. “A gente acha que a ação está muito barata a despeito de todos os problemas. E a empresa já dá sinalizações de que está melhorando, com os resultados deste trimestre vindo um pouco melhor”, disse o analista.
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A companhia de planos de saúde registrou um lucro líquido ajustado de R$ 33,1 milhões no primeiro trimestre de 2023, uma queda de 6,3% na base de comparação anual. Mesmo não sendo o melhor resultado, os números representam recuperação ante o trimestre anterior.
Os papéis da companhia estavam cotados a R$ 3,76, após valorização de 4,16%, na esteira da divulgação do resultado trimestral. Para a XP, a recomendação também é de compra, com preço alvo de R$ 3,00.
Klabin (KLBN4)
Para Bruno Komura, analista da Ouro Preto Investimentos, a Klabin é um dos investimentos destaque entre as ações abaixo de R$ 5 reais. A companhia é a maior produtora e exportadora de papéis do País, com foco na produção de celulose, papéis e cartões para embalagens.
O tamanho da companhia é refletido nos resultados trimestrais, que mostraram lucro líquido de R$ 1,262 bilhão no primeiro trimestre de 2023, montante 44% superior ao reportado no mesmo intervalo de 2022. O Ebitda ajustado, por sua vez, totalizou R$ 1,942 bilhão no trimestre, um crescimento de 13% em relação ao mesmo período do ano passado.
De acordo com Komura, o mercado tem ‘batido’ no setor de celulose no decorrer de 2023, principalmente por conta da queda nos preços da commodity. “Mesmo com a baixa, a celulose tem um piso de preço, então ela não pode abaixar muito do que está hoje, então a perspectiva é de melhora no longo prazo e a empresa deve continuar gerando caixa, além de distribuir dividendos”, explicou.
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“Só é preciso tomar cuidado com uma possível entrada de oferta de celulose no mercado nos próximos anos, mas por enquanto está sob controle, é apenas uma questão do mercado conseguir suportar essa entrada, o que é possível”, completou.
Às 12h00, as ações da Klabin apresentavam desvalorização de 0,23%, cotadas a R$ 4,36.
Iguatemi (IGTI3)
Outra recomendação de Ferrer entre as ações abaixo de R$ 5 são os papéis de Iguatemi (IGTI3), considerando o final oficial da pandemia de covid-19, que foi um teste para o consumo dos shoppings, e de uma retomada gradual na economia. “Os shoppings da Iguatemi são sempre os melhores em cada cidade e eles ainda passaram por um teste de estresse depois da pandemia, conseguindo manter as principais marcas”, destacou Ferrer.
A Iguatemi registrou lucro líquido de R$ 48,8 milhões no primeiro trimestre deste ano, revertendo prejuízo de R$ 16,4 milhões no mesmo período do ano anterior.
Os papéis da Iguatemi registravam alta de 1,17%, cotados a R$ R$ 2,60.
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“Além da resiliência do papel, quem compra nesses shoppings são as classes A e B. Ou seja, são classes sociais que não são tão impactadas pela inflação e o consumo vai continuar constante”, completou.
Komura também recomendou IGTI3, destacando que o papel é resiliente às mudanças no cenário macroeconômico, tendo em vista que são artigos de luxo comercializados pela companhia.
JHSF (JHSF3)
Um dos papéis recomendados por Komura é a JHSF3. De acordo com ele, todo o setor de imobiliárias sofreu bastante com a alta nos juros, mas a companhia tem se destacado com as áreas de hotelaria e shoppings. Além disso, o analista destaca que, com a perspectiva de corte de juros, o setor pode voltar a se valorizar.
Os resultados trimestrais da JHSF, no geral, foram negativos para empresa, ao reportar lucro líquido de R$ 86,9 milhões no primeiro trimestre de 2023, montante 47,8% inferior ao reportado no mesmo intervalo de 2022. As despesas operacionais da companhia somaram R$ 94,6 milhões no trimestre, um crescimento de 36,3% em relação ao mesmo período de 2022.
“Com a perspectiva de corte de juros no segundo semestre, a expectativa é de uma melhora no setor imobiliário e de construção. E mesmo com uma piora no cenário macroeconômico, acredito que a JHSF consiga ser resiliente, tendo em vista que são bens de luxo, que são menos afetados nesses momentos”, disse Komura.
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Às 12h37, os papéis da JHSF registravam alta de 1,84%, cotados a R$ 4,42. A XP também tem recomendação de compra para esse papel, na casa de R$ 9,70.
Magazine Luiza (MGLU3)
Por fim, o último destaque não é uma recomendação de compra, mas vale ser mencionado pela popularidade e preço do papel. A Magazine Luiza se posiciona entre parte dos analistas de mercado como uma das ações baratas que já alavancou consideravelmente em outros períodos.
Nesse momento, no entanto, a recomendação não é de compra, mas de neutralidade, com preço alvo de R$ 5,00 pela XP . Danniela Eiger, Head de varejo da XP, recomenda cautela com o cenário macroeconômico. “Ainda vemos inflação e alta taxa de juros e esses dois fatores sempre atacam mais o varejo. Por isso, nós continuamos com uma posição neutra para o papel”, disse.
A cautela em relação à ação da Magazine Luiza se dá também por conta dos resultados trimestrais. A varejista registrou prejuízo de R$ 391 milhões nos primeiros três meses do ano – volume 142% maior em relação ao mesmo período do ano passado.
Ferrer ainda destaca que é possível que esse papel avance, mas ainda sem recomendação de compra, por conta dos juros e da volatilidade dessa ação. “Esse é um papel muito volátil e que pode melhorar muito ainda, mas não o suficiente para uma recomendação de compra. Com a crise na Americanas (AMER3) e uma melhora nos juros é possível que ele avance, mas ainda sem recomendação”, explicou.
As ações da varejista estavam cotadas a R$ 3,82, após se valorizarem 4,95%.