- Segundo o IBGE, o PIB referente ao primeiro trimestre de 2023 cresceu 1,9%, impulsionado pelo agronegócio
- Para analistas, como crescimento foi impulsionado por fatores externos à atividade domésticas, a alta não deve garantir a recuperação do Ibovespa no médio prazo
- No entanto, as ações do Banco do Brasil (BBAS3) e de companhias ligadas ao setor de logística devem se beneficiar com a alta do PIB
A alta de 1,9% do Produto Interno Bruto (PIB) do País no primeiro trimestre de 2023 trouxe fôlego para as ações brasileiras no primeiro pregão de junho. O crescimento acima do consenso do mercado animou a bolsa ao ponto do Ibovespa, principal índice da B3, encerrar o pregão com uma alta de 2,06%, aos 110.564 pontos.
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Segundo os analistas, o crescimento econômico do País não deve sustentar a recuperação da bolsa brasileira no médio prazo, como se espera. O motivo está nos fatores que influenciaram para esse resultado.
Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) também revelaram um crescimento de 21,6% da agropecuária, maior alta para o setor desde o quarto trimestre de 1996. Vale lembrar que o setor possui um peso de 8% na economia do país e por isso favoreceu a bolsa.
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Segundo os economistas Carla Argenta e Matheus Pizzani, da CM Capital, essa característica reforça percepção das dificuldades que a economia irá enfrentar para entregar um PIB mais “robusto” no fim de 2023. “O crescimento apresentado pelo país até aqui está fortemente atrelado à dinâmica da economia internacional, responsável por dinamizar praticamente todas as variáveis que apresentaram crescimento no período, sem praticamente nenhum vetor de crescimento sendo gerado por fatores ligados ao mercado doméstico”, ressaltaram Argenta e Pizzan.
Já Vicente Guimarães, economista e CEO da VG Research, destaca que há outros elementos mais importantes que garantem uma recuperação da bolsa brasileira no longo prazo. Segundo ele, há estudos que mostram que não há correlação entre o crescimento do PIB e da bolsa no Brasil.
Os indicadores como aumento da renda média e a propensão ao consumo das famílias são mais relevantes para o mercado de ações. “Pode ocorrer crescimento do PIB sem aumento destes indicadores”, analisa Guimarães.
A tendência para os resultados dos próximos trimestres é que haja um arrefecimento do desempenho do PIB, segundo Rodrigo Sgavioli, head de Alocação e Fundos da XP. Além disso, o patamar da taxa de juros a 13,75% ao ano não contribui para uma recuperação dos ativos de risco. “A inflação ainda possui uma certa resistência. Então, não é um cenário em que os investidores podem tomar risco a qualquer custo”, diz Sgavioli.
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No entanto, Gabriel Costa, analista da Toro Investimentos, ressalta que o crescimento não deve ser um indicador “ignorado” pelos investidores porque sinaliza que a economia brasileira segue resiliente mesmo diante de um cenário desafiador com juros elevados. Por esse motivo, na avaliação dele, houve um entusiasmo na bolsa de valores após o resultado do PIB que se estende nas negociações desta sexta-feira (2).
“A bolsa reflete as expectativas do mercado. Como há certo otimismo com a resiliência da economia brasileira, isso se traduz no movimento comprador para os ativos locais”, diz Costa. Na tarde desta sexta-feira (2), o ibovespa avança 1,58% aos 112.316,51 pontos.
Ações que se beneficiam
Embora o resultado do PIB não garanta sozinho a recuperação do Ibovespa, o crescimento acima do consenso da economia brasileira no 1T23 pode beneficiar algumas ações na bolsa. Na avaliação de Phil Soares, chefe de análise de ações da Órama, os papéis do Banco do Brasil (BBAS3) são um exemplo, já que a companhia possui exposição da sua carteira de crédito voltada para o agronegócio.
“Estamos vendo o Banco do Brasil reportar um retorno sobre o patrimônio acima de 20% de trimestre após trimestre”, ressalta Soares. As companhias do setor de logística, como Rumo (RAIL3) e Hidrovias do Brasil (HBSA3), também devem ser impactadas de forma positiva pelo crescimento do PIB, impulsionado pelo agro.
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