O que este conteúdo fez por você?
- Depois do novo corte da Selic para 2% ao ano, rentabilidade dos investimentos em renda fixa fica ainda menor
- Porém, entre os investimentos em renda fixa, LCI e LCA continuam sendo atrativas para quem tem o perfil de risco conservador
- Investimento mais é indicado como forma de reserva de emergência dentro da diversificação da carteira
Com os seguidos cortes na Selic, agora em 2% ao ano, os ganhos em aplicações em renda fixa ficam cada vez menores. Isto porque, de uma forma ou de outra, todas elas têm rentabilidade atrelada a taxa básica de juros brasileira. Se o investimento não acompanha diretamente a taxa, ao menos está ligado ao CDI, que tem a Selic como referência.
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Então, mesmo que não sejam idênticas, ambas seguem a mesma tendência e direção. O Certificado de Depósito Interbancário (CDI) é a taxa que bancos e instituições financeira utilizam como base para emprestar dinheiro entre si.
Dentre os diversos investimentos que são indexados ao CDI, dois dos mais conhecidos são a Letra de Crédito Imobiliário (LCI) e a Letra de Crédito do Agronegócio (LCA). A única diferença significativa entre as duas aplicações é que no primeiro caso o dinheiro é emprestado para o setor imobiliário e no segundo para o agronegócio.
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Com a mesma previsibilidade e segurança dos outros produtos de renda fixa, essas aplicações se destacam pelo fato de serem isentas do Imposto de Renda. Porém, em momentos de juros baixo será que ainda vale a pena ter o investimento no portfólio?
Para especialistas consultados pelo E-Investidor, a resposta varia de acordo com o perfil da pessoa. Caso o investidor esteja disposto a correr mais riscos devido ao cenário da Selic no menor patamar da história, a aplicação não é indicada. “Ela está ficando cada vez menos atrativa para quem busca maiores rentabilidades”, diz Gustavo Bertotti, economista da Messem Investimentos.
Para o investidor que não quer correr riscos, no entanto, o investimento é altamente recomendado dentro da renda fixa. “Sempre vai ser interessante ter esse tipo de papel na carteira”, afirma Alexandre Marques, especialista de investimentos da Ágora Investimentos.
No mínimo 3 meses
Mesmo sendo indicado entre os produtos de renda fixa, é importante os investidores ficarem atentos à sua liquidez. Diferente de outros produtos, LCI e LCA não estão acessíveis a qualquer momento e têm um prazo mínimo de tempo investido de 90 dias.
“Isso precisa ser considerado, pois se a pessoa for precisar do dinheiro antes disso existem outros produtos mais interessantes”, diz Marques.
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O especialista da Ágora ressalta, no entanto, que se o investidor tiver o tempo para deixar o valor aplicado, a LCI ou LCA são produtos mais interessantes do que um CDB, por exemplo. “Nelas não há tributação e no CDB é cobrado 22,5% de IR sobre o lucro nos três primeiros meses”, explica Marques.
Ou seja, se o investidor não estiver disposto a correr riscos e tiver disponibilidade para deixar o dinheiro investido durante um período tempo, a aplicação é recomendada. “A LCI e a LCA são um dos carros-chefes da renda fixa devido a essa atratividade”, afirma Bertotti.
Confira o rendimento das aplicações:
Investimento | Retorno em 3 meses (100% do CDI) | Retorno em 6 meses (103% do CDI) | Retorno em 1 ano (105% do CDI) |
R$ 1 mil | R$ 1.004,71 | R$ 1.009,74 | R$ 1.019,95 |
Fonte: Ágora Investimentos *rentabilidades considerando que a Selic se manterá em 2% ao ano até 12 de agosto de 2021
Segundos Marques, 100% do CDI tem uma rentabilidade em torno de 1,90% a.a atualmente. Neste cenário, ele ressalta que se o investidor buscar prazos mais longos para a LCI ou LCA ele consegue retornos acima desse valor. “Se a pessoa pode ficar sem mexer no dinheiro por um tempo vale bem mais a pena que um CDB que tem tributação e paga a mesma coisa do CDI”, afirma o especialista da Ágora.
Além disso, Marques lembra que existem LCAs que não são atreladas ao CDI, e sim ao IPCA. Com isso, o investidor tem como retorno a inflação do período mais uma taxa pré-determinada. “É uma forma de garantir um ganho real em relação à inflação”, diz ele, ressaltando que alguns investimentos em renda fixa, como a poupança, já apresentam retorno real negativo.
Reserva de emergência
Apesar da indicação, é importante salientar que a rentabilidade dos ativos já diminuiu muito nos últimos tempos com os cortes da Selic e pode cair ainda mais no futuro, uma vez que o BC deixou claro que ainda deve haver mais cortes. “Não temos possibilidade nenhuma de a Selic voltar a subir no curto prazo e deixar o produto mais atrativo”, afirma Bertotti.
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Ou seja, o investimento é mais indicado como uma forma de diversificação. “São produtos seguros e recomendados para investidores conservadores, mas temos que ter ciência de que são indexados ao CDI e vêm caindo com a Selic”, diz o economista chefe da Messem.
LCI e LCA também podem ser usados para garantir uma reserva de emergência, já que as aplicações têm vantagens com relação a outros investimentos de renda fixa mesmo com baixa rentabilidade. “O investidor pode ganhar prêmios ainda maiores se esticar o prazo da LCI ou LCA”, comenta Marques.