- Na crise de 2008, Mendlowicz ficou no prejuízo ao investir nas ações da Vale e Petrobras
- Hoje, cerca de 90% da sua carteira seguem posicionados em setores da bolsa considerados mais defensivos, como energia e bancos
- O Economista Sincero já foi eleito duas vezes pela Anbima como o influenciador de finanças mais popularem em dois
Charles Mendlowicz, o influenciador digital de finanças conhecido como o Economista Sincero, prefere ficar de fora das gigantes do Ibovespa: Petrobras (PETR3; PETR4) e Vale (VALE3).
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A decisão aconteceu com a perda de R$ 50 mil do seu patrimônio após investir nas ações das duas companhias. Hoje, mesmo com a alta dos papéis e sendo consideradas boas pagadoras de dividendos, o influenciador prefere investir em outras companhias, consideradas por ele, de menor risco, como Engie (EGIE3), Banco do Brasil (BBAS3) e Sanepar (SAPR3).
O prejuízo aconteceu durante a crise financeira que surgiu com a falência do tradicional banco de investimentos Lehman Brothers, afetando toda a economia mundial. Após a experiência, ele evitou montar posição nas empresas nos 12 anos seguintes.
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Em 2020, porém, a petroleira anunciou um follow-on (oferta subsequente de ações), que tinha como vendedor o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social). Mendlowicz voltou atrás e decidiu aportar R$ 100 mil na companhia, mas o que ele não esperava era que o mundo entraria em uma pandemia.
As ações caíram de R$ 28, no dia 31 de janeiro, para R$ 12 em março do mesmo ano. Com a queda acentuada, ele precisou ficar posicionado na estatal até 2021 para sair totalmente do vermelho. Mesmo com a espera, ele conta que perdeu R$ 23 mil. “Eu não tenho mais posição, mas sei que a empresa está pagando um “caminhão” de dividendos”, diz o influenciador.
Os episódios envolvendo as duas empresas de maior peso no Ibovespa deixou uma lição que repassa nos dias de hoje aos seus seguidores: é necessário ter paciência ao investir em Bolsa. Após ter enfrentado as crises de 2008 e a de 2020, Mendlowicz não se deixa levar pela emoção e mantém 90% do seu portfólio em ações consideradas defensivas.
“O investidor precisa ter paciência e saber se posicionar”, afirma. “Eu invisto em ações de bancos, do setor de energia e em todas as empresas grandes e conhecidas”, diz o influenciador. Os outros 10% do seu portfólio são destinados para os ativos de maior volatilidade para aproveitar o “rally” da renda variável.
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Charles Mendlowicz possui mais de 500 mil seguidores no Instagram e atualmente é considerado o segundo influenciador de finanças mais popular do mercado, segundo levantamento realizado pela Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima). Leia os principais trechos da entrevista:
E-Investidor – Quais ações entraram recentemente na sua carteira para aproveitar o movimento de alta na bolsa com o primeiro corte da Selic?
Charles Mendlowicz – Quando eu vi que a inflação já poderia cair, comecei a investir mais porque trata-se de um movimento cíclico. Quando a Inflação sobe é preciso subir os juros e as ações caem. Quando a inflação cai, os juros descem e as ações sobem. É algo previsível, mas o grande problema é que o investidor é impaciente. No início, eu “apanhei” muito, mas continuei comprando porque as coisas não acontecem na velocidade que queremos. Eu me posicionei em ações de energia e em bancos, além de fazer um grande investimento em fundos imobiliários no último ano que já estão com um bom retorno. O investidor precisa ter paciência e saber se posicionar.
Quais são as principais empresas no seu portfólio?
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Eu invisto em ações de bancos, do setor de energia e em todas as empresas grandes e conhecidas. Na carteira que fiz para a minha aposentadoria, não tentei inventar muito a roda. Hoje, 90% da minha carteira é de ativos tradicionais e 10% de ativos de risco. Por isso, invisto em: Banco do Brasil (BBAS3), BB Seguridade (BBSE3), Engie (ENGI), Energias do Brasil (ENBR3), Itáu (ITUB4), Taesa (TAEE11), Sanepar (SAPR4), Transmissão Paulista (TRPL4) e Vivo (VIVT3). De todas elas, apenas duas estão negativas. Ou seja, justamente no momento em que o mercado estava em pânico, tivemos as melhores oportunidades.
Se o ciclo de cortes nos juros não iniciar na próxima reunião, a sua carteira vai estar preparada para esse cenário?
Há grandes empresas preparadas para se defender. Caso aconteça o cenário que não gostaríamos, as empresas pequenas e médias vão sofrer muito. Quando você monta uma carteira com grandes empresas boas na bolsa, a chance de uma perda fica reduzida. Aí você me pergunta: e se a bolsa tiver um rally, não ficará para trás (com ganhos tímidos em relação às ações de empresas menores)? Acho. Por esse motivo eu também compro o índice de small caps nessa carteira. Busco sempre o equilíbrio.
Quais foram os erros que você cometeu em crises passadas e principais aprendizados?
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A impaciência. Eu fico conversando com as pessoas e sempre costumo “evangelizar” para os fundos imobiliários. O que eu escuto é que essa classe de ativo paga pouco. Alguns acham que 0,80% ao mês é pouco, mas, dependendo do fundo, o investidor vai ganhar 50% em quatro anos. Duvido que uma carteira ofereça um retorno de 50% no mesmo período. As pessoas costumam ser pacientes e eu já fui muito impaciente. Esse foi o grande erro que cometi.
Outro grande erro foi guiar meus investimentos sobre o que estava acontecendo na semana e no mês. O mercado falava mal do cenário econômico, dizia que tudo ia dar errado e que uma crise estava por vir. Eu logo desmontava a minha carteira, vendia o fundo ou ação que eu tinha. Hoje, faço os meus investimentos com mais calma porque penso no longo prazo.
Aproveitou a recente queda do dólar para investir no exterior?
O dólar sempre sobe. Portanto, o dólar mais baixo do que o padrão já costuma ser uma oportunidade. Agora, as boas ações estão com preço elevado. Na minha carteira, tenho as ações da Netflix (NFLX), Tesla (TSLA) e da Nvidia (NVDA) e esses papéis estão com 50% a 100% de alta recente. O investidor olha para as ações do Brasil e vê que subiu um pouco, mas, quando olha para o exterior, as ações estão com altas ainda mais expressivas. Mas temos que destacar que essas ações são de tecnologia. Quando olhamos para energia e utilities, a situação não está assim.
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