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- Atualmente, a taxa de juros segue no patamar de 13,75% ao ano, o que torna os ativos de renda fixa mais atrativos do que os de renda variável
- Como os Certificados de Depósito Bancário (CDBs) acompanham o movimento da Selic, os títulos entraram na lista dos “queridinhos” da renda fixa dos investidores
Os recentes sinais de desaceleração econômica reforçam a percepção do mercado de uma possível queda da Selic a partir de agosto. A possibilidade para o fim do ciclo de aperto monetário no Brasil ainda neste ano traz tanto ânimo para a Bolsa de Valores quanto dúvidas sobre a continuidade da rentabilidade atrativa dos ativos de renda fixa, como os Certificados de Depósito Bancário (CDBs).
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Isso porque esses títulos bancários acompanham o movimento da taxa de juros do Brasil. Logo, se houver uma queda da Selic, o retorno aos investidores tende a cair também. E a perspectiva, até o momento, é que haja uma redução da sua rentabilidade nos próximos meses. Segundo o último boletim Focus, as projeções apontam para uma Selic de 12,5% ao ano até o fim de 2023, o que significa um corte de 1,25 ponto percentual nos próximos meses.
Os últimos dados econômicos reforçam essa possibilidade. De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a inflação no acumulado dos últimos 12 meses atingiu 3,94%, mais próxima do centro da meta para 2023, de 3,25% ao ano.
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O instituto também mostrou que as vendas do comércio varejista subiram apenas 0,1% em abril em comparação ao mês de março. O resultado veio levemente abaixo da mediana das projeções de analistas ouvidos pelo Projeções Broadcast, de alta de 0,2%. Na prática, o resultado de uma atividade econômica mais fraca ajuda a reduzir a pressão inflacionária no País e oferece ao Banco Central (BC) condições para dar início ao corte da taxa de juros.
Mesmo com essas projeções apontando para uma redução dos juros, os títulos CDBs, assim como outros ativos de renda fixa, ainda devem continuar atrativos para os investidores, principalmente porque as estimativas não sinalizam para uma queda drástica da Selic. “Por enquanto, os investidores ainda terão nos CDBs pós-fixados bons retornos na faixa de 13,75% ao ano. Então, ainda acho ter esse título, sim”, afirma Marília Fontes, analista e sócia-fundadora da Nord Research.
Mas a atratividade desses títulos tem prazo de validade. Para Jacqueline Benevides, especialista de renda fixa e sócia na L4 Capital, os CDBs pós-fixados devem permanecer na carteira de investimento pelo menos até o fim do primeiro semestre de 2024, pois entregam uma remuneração maior do que os prefixados no curto prazo. “Vale mais a pena olhar para os prefixados para os títulos com vencimentos superiores a dois anos, quando iremos ver a Selic se arrefecer de verdade”, diz Benevides.
Atenção ao Imposto de Renda
A rentabilidade não é o único ponto a ser avaliado pelos investidores. Os impostos atribuídos aos CDBs também devem entrar na análise antes de colocá-los para dentro do portfólio, para avaliar se a remuneração ainda segue atrativa em comparação aos outros investimentos em renda fixa.
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“Ainda na classe bancária, temos os LCIs (Letras de Crédito Imobiliário) e LCAs (Letras de Crédito do Agronegócio) que são isentos de imposto de Renda e possuem cobertura do Fundo Garantidor de Crédito (FGC)”, diz Ricardo Teófilo, head de Renda Fixa da Órama Investimentos.
Vale lembrar que as alíquotas aplicadas em cima do rendimento dos CDBs ocorrem de forma regressiva. Isso significa que, quanto menor o tempo posicionado no título, maior será o imposto descontado na sua rentabilidade.
- 22,50% para prazos de investimentos ou resgates antes de 6 meses;
- 20%, entre 6 meses e 1 ano;
- 17,5% entre 1 ano a 2 anos;
- 15% para períodos superiores a 2 anos.
Por isso, para quem deseja investir com perspectiva de curto prazo, em torno de seis meses, Lucas Seixas, CEO da InvestAI, aconselha deixar parte do capital alocado nas letras de crédito. “Eu só tomaria um pouco mais de cuidado com os títulos de crédito privado, que são emitidos pelas empresas. Depois da Americanas (AMER3) e da Light (LIGT3), é preciso uma análise de risco para saber se a companhia é segura ou não”, orienta Seixas.
Nesta terça-feira (13), a Americanas reconheceu, pela primeira vez, que o rombo de R$ 43 bilhões encontrado em seus balanços financeiros foi resultado de uma fraude. Por meio de fato relevante, a companhia informou que os assessores jurídicos da administração da empresa apresentaram um relatório com achados preliminares acerca das inconsistências contábeis relatadas em janeiro deste ano. Veja os detalhes nesta reportagem.