- Poupança não é afetada por decisão do Copom sobre a taxa de juros; rentabilidade da carteira só fica atrelada à Selic quando indicador chega a 8,5%
- Segundo especialistas, outros títulos de renda fixa são melhor do que a poupança, especialmente com taxa básica de juros alta
O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central manteve a taxa básica de juros, Selic, a 13,75% nesta quarta-feira (21). Os juros permanecem nesse patamar desde agosto de 2022, após uma série de aumentos promovidos pela autoridade monetária. A projeção do mercado é de que a Selic comece a passar por cortes a partir de agosto deste ano.
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Para investidores em renda fixa, a manutenção da taxa básica de juros da economia brasileira não traz grandes novidades acerca da rentabilidade de investimentos contratados, já que títulos como o Tesouro Selic e os Certificados de Depósito Bancário (CDBs) têm rendimento atrelado à Selic.
Para a poupança, também não há novidade. A regra de rentabilidade da poupança até possui relação com a Selic: desde 2012, o Banco Central definiu que quando a taxa básica de juros ficar igual ou abaixo de 8,5% ao ano, o rendimento da poupança seria igual a 70% da Selic mais a Taxa Referencial (TR). Quando está acima de 8,5% ao ano, o rendimento da caderneta é de 0,5% ao mês (na prática, um rendimento de 6,17% ao ano), mais a TR.
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Como não há uma expectativa de que no curto prazo a Selic chegue a 8,5%, alterações na taxa de juros neste momento não devem impactar o cálculo de rentabilidade da poupança. O último Boletim Focus projeta a Taxa Selic a 12,25% para o fim de 2023, 9,5% para 2024, 9% para 2025 e 8,75% para 2026.
No atual nível da Selic, a rentabilidade dos investimentos na poupança bateram 8,38% nos últimos 12 meses, aponta Ana Paula Carvalho, planejadora financeira e sócia da AVG Capital. A pedido do E-Investidor, Carvalho simulou, de acordo com esse número, quanto investimentos de R$ 1 mil a R$ 200 mil na poupança devem render em prazos que vão de seis meses a dois anos.
Para o cálculo, Carvalho partiu da premissa de uma remuneração da poupança em 6,17% ao ano somada à TR, tendo como base que a TR foi de aproximadamente 2% nos últimos 12 meses.
“Os papéis atrelados à taxa SELIC, como exemplo uma LFT (Tesouro Selic) que é um título negociado por meio do Tesouro Direto, apresentou ganho de 13,48% e apesar de ter Imposto de Renda (IR), obteve ganhos melhores que a poupança, que é uma aplicação isenta de IR. Neste caso da LFT, o investidor teria ganhado 11,12% contra 8,38% da poupança”, aponta Carvalho.
Para a investidora, com a Selic no patamar atual, investimentos de renda fixa exceto poupança seguem valendo a pena. Até mesmo em um cenário de queda da taxa de juros a planejadora financeira avalia que aplicações como o Tesouro Selic seguirão pagando melhor do que a poupança.
“Quando esta taxa começar a cair para níveis próximos a 11%, uma LFT se mantém atrativa em comparação à poupança para aplicações de até 6 meses”, diz. Para períodos superiores, o ganho é ainda mais atrativo, uma vez que a alíquota de Imposto de Renda segue uma tabela regressiva para investimentos com prazos maiores.
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