- Taxa de juros em dois dígitos, bull market na B3. Ainda assim, não são os títulos de renda fixa ou as ações da Bolsa o melhor investimento do primeiro semestre de 2023
- Levantamento da Economatica mostra que são as criptomoedas os ativos com maior retorno nos primeiros 6 meses
- Na renda fixa, destaque é o Tesouro IPCA+; nas ações, small caps superam o Ibovespa
A taxa de juros está em dois dígitos e há bull market na B3. Ainda assim, não são os títulos de renda fixa ou as ações da Bolsa o melhor investimento do primeiro semestre de 2023. As criptomoedas são os ativos que mais se destacaram no período.
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Um levantamento feito pela Economatica a pedido do E-Investidor mostra que, disparados à frente quando o assunto é rentabilidade acumulada nos primeiros 6 meses de 2023, o Bitcoin e o Ethereum subiram 68,54% e 54,39%, respectivamente. Os dados mostram o desempenho acumulado entre o dia 1º de janeiro e o fechamento desta sexta-feira (30).
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No ano passado, o ciclo de aperto monetário nos Estados Unidos penalizou as criptomoedas – o próprio Bitcoin, maior cripto do mercado, cedeu 66% em 12 meses, considerado o pior investimento de 2022. Agora, a classe de ativos está conseguindo virar o jogo e reverter o chamado “inverno cripto”.
Tasso Lago, especialista em criptomoedas e fundador da Financial Move, explica que o cenário começou a ficar mais positivo para esses ativos em meados de dezembro, quando o Federal Reserve (Fed, banco central americano) emitiu um parecer sobre o futuro da taxa de juros do país. As taxas por lá estão altas e só deve haver quedas em 2024, mas a previsibilidade colocada pelo Fed deu espaço para a recuperação das criptos.
“Como as criptos são extremamente voláteis, elas têm um alfa muito maior”, destaca Lago. “Mas depois do comunicado do Fed, todo o mercado de renda variável conseguiu recuperar parte das quedas de 2022, inclusive as bolsas norte-americanas.”
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O levantamento da Economatica mostra que a Nasdaq e o S&P 500 tiveram uma alta de 31,73% e 15,91% no semestre, oficialmente em um bull market – nome dado pelo mercado quando os índices têm períodos de alta superior a 20% em relação ao piso mais recente.
Na renda fixa, melhor para o IPCA+
Em 2022, a renda fixa foi um dos investimentos preferidos dos investidores brasileiros. Com o Banco Central elevando a taxa Selic para combater a inflação, os títulos públicos viram a sua rentabilidade disparar, especialmente desde que os juros foram estacionados em 13,75% ao ano.
Neste primeiro semestre de 2023, a rentabilidade do CDI segue perto de 1% ao mês: em 6,44% no semestre. Mas não é nem de longe a campeã entre os índices de renda fixa.
Na comparação com os principais índices de investimentos, o investidor que comprou títulos do governo atrelados à inflação, como Tesouro IPCA+, obteve o melhor resultado. O índice IMA-B subiu 10,54% em 6 meses – bem acima não somente do CDI período, como até de ativos da renda variável, como o próprio Ibovespa ou o índice de Fundos Imobiliários (IFIX) que acumularam alta de 7,61% e 10,05% respectivamente.
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“Isso ocorreu porque as expectativas de inflação e juros do mercado estão bem menores do que as do início do ano. Como a taxa adicional à inflação também diminui em proporções parecidas, o investidor que apostou nesse título com proteção do IPCA consegue vender esse ativo com retorno adicional ao contratado”, explica Kaique Fonseca, economista e sócio da A7 Capital.
Nas ações, SMLL supera IBOV
Quando o assunto é Bolsa de Valores, a alta do Ibovespa representa uma virada de chave no mercado brasileiro. Os três primeiros meses do ano foram bastante turbulentos, marcados por incertezas macroeconômicas globais e embates entre o novo governo eleito e o Banco Central.
A partir de abril, no entanto, o encaminhamento e aprovação do arcabouço fiscal no Congresso, somado a dados mais positivos de inflação no País, permitiram que o mercado começasse a enxergar espaço para cortes nos juros a partir do 2º semestre de 2023. Uma expectativa que levou a bolsa brasileira a um forte rali.
“É difícil acreditar que em seis meses possa acontecer tanta coisa, mas de fato foi um semestre muito denso. Agora já começamos o segundo semestre com um tom muito mais construtivo do que foi o primeiro”, diz Rodolfo Amstalden, sócio-fundador do Grupo Empiricus.
Para além da alta conquistada pelo Ibov, Amstalden dá destaque ao desempenho de um outro grupo de ações: as small caps. Com a perspectiva de corte nos juros, os ativos das empresas de menor porte voltaram ao foco dos investidores depois de praticamente dois anos penalizados na Bolsa.
Como essas companhias são mais dependentes de crescimento, seu valuation está principalmente no longo prazo. A perspectiva de redução dos juros para breve potencializou esses papéis. O índice de small caps (SMLL) subiu 13,26% no semestre.
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“Havia um gap muito grande nesse sentido nos últimos anos, com o Ibovespa performando acima das small caps, o que pela teoria financeira não faz sentido”, destaca o sócio da Empiricus. “Isso é uma tônica muito importante para o segundo semestre. Não só acho que o SMLL vai continuar superando o Ibov no segundo semestre, como a ‘boca do jacaré’ vai se alargar.”