- Com a aprovação da reforma tributária na Câmara dos Deputados, Brasil pode se tornar atrativo para investimentos externos e real pode se valorizar
- Contudo, especialistas alertam sobre a votação do Senado ser essencial para visualizar a pressão sobre a moeda americana
A reforma tributária aprovada na Câmara dos Deputados na última sexta-feira (7) há tempos vem sendo apontada por agentes do mercado como um importante fator para atrair investimentos estrangeiros e, consequentemente, mexer com a cotação do dólar. Na última sessão, a moeda americana fechou em R$ 4,87 e nesta reportagem, o E-Investidor mostrou se vale a pena investir nela agora.
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Na explicação de Haryne Campos, especialista em câmbio na WIT Exchange, se a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 45 tornar o ambiente de negócios mais favorável e atrativo para investidores estrangeiros, pode haver um aumento no fluxo de capital para o Brasil, o que ocasionaria na valorização do real.
“O investidor externo acompanha a politica econômica e fiscal dos países. É necessário que o investidor conheça o país de alocação de seu dinheiro para saber se vale a pena a alocação. Se houver uma melhora na economia brasileira, com indicadores positivos de crescimento econômico, estabilidade política e controle da inflação, isso pode atrair investimentos estrangeiros e fortalecer a moeda local”, diz Campos, ressaltando que esse é apenas um dos possíveis efeitos indiretos da reforma tributária no câmbio, já que ele é influenciado por vários fatores.
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Para Celso Pereira, diretor de investimentos da Nomad, a reforma tributária também é positiva para o real em relação ao dólar. “Por dois motivos: melhor previsibilidade do equilibrio fiscal do Brasil; e maior potencial de crescimento da economia brasileira caso ocorra uma simplificação tributária como segue a proposta. De um modo geral, a aprovação do projeto atual no Senado tende a aumentar o otimismo com o Brasil e o real”.
Impacto da reforma no dólar
Ao pensar em um impacto mais direto, os especialistas ouvidos pela reportagem destacam o estímulo positivo à balança comercial, principalmente na parte de exportações. “Tendo alterações diretas nas alíquotas de impostos de importação e exportação, é possível que seja alterado a balança comercial do pais, o que influencia diretamente o dólar”, complementa a especialita da WIT Exchange.
Evandro Caciano, head de câmbio da Trace Finance, também afirma que a reforma torna o país muito mais competitivo, melhorando o ambiente de negócios. “Com essa reforma nós começamos a garantir ao investidor estrangeiro, um ambiente muito mais estável juridicamente”, explica.
“Ao meu ver, esse ambiente de negócios vai levar a um aumento da base exportadora, o que pode forçar a cotação para baixo. Isso também vai pressionar a inflação, dado que nós vamos estar tributando de maneira que foca mais na renda, do que no setor produtivo, ou seja, ele vai ter recursos para crescer mais”, afirma.
Para Marianna Costa, economista-chefe do TC, além da aprovação da reforma tributária na Câmara, a votação do projeto do Carf (Conselho Administrativo de Recursos Fiscais) e a sinalização de que o arcabouço não deve ter grandes problemas para ser votado em agosto pelo Senado, também auxiliam para a valorização do real. “Isso tudo ratifica uma percepção mais otimista em relação à economia brasileira”, diz.
Votação no Senado é um ponto de atenção
Para Fabrizio Velloni, economista-chefe da Frente Corretora, apesar da aprovação da reforma tributária e do arcabouço fiscal na Câmara, ainda falta a votação do Senado e isto se torna um ponto de atenção. “Se não forem aprovados, ainda podem pressionar bastante o dólar”, afirma. Por conta disso, ele tem uma visão um pouco mais pessimista do que alguns bancos.
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Velloni vê uma faixa de R$ 4,70 a R$ 4,72 para o dólar, caso o andamento das reformas ocorra normalmente. Mas, ao olhar para as incertezas, ele visualiza uma pressão sobre a moeda americana, que pode ficar em uma faixa de R$ 4,80 a R$ 4,82. “O ponto final das reformas é a responsabilidade fiscal. Se não tiver e estourar as contas públicas, você pode até ter um rebaixamento de nota (no ranking de risco) do Brasil. E aí a relação remuneração-risco acaba sendo muito pior”, completa, citando que se o governo entra em default (não consegue arcar com seus dívidas), o dólar se supervaloriza.