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Itaú BBA: “Estamos quase no ponto de indiferença entre renda fixa e ações”

Victor Natal, estrategista do banco, conta que a maior parte da recuperação da Bolsa já aconteceu

Itaú BBA: “Estamos quase no ponto de indiferença entre renda fixa e ações”
Victor Natal é a estrategista para pessoa física do Itaú BBA (Foto: Itaú BBA)
  • Em junho, o Ibovespa encerrou com alta acumulada de 9%, a maior valorização desde dezembro de 2020
  • Na avaliação do estrategista do Itaú BBA, a alta não deve se repetir nos próximos meses
  • No entanto, isso não significa que as oportunidades de investimento encerraram para o investidor. As ações sensíveis a juros devem ter ganhos acima do IBOV

O mercado segue nas expectativas do primeiro corte da taxa Selic, que pode acontecer na próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), prevista para os dias 1 e 2 de agosto.

Para Victor Natal, estrategista para pessoa física do Itaú BBA, uma alta expressiva do Ibovespa nos próximos meses não deve acontecer caso a redução dos juros realmente saia do papel. A avaliação dele se baseia na curva de juros, na qual os investidores costumam monitorar de perto para antecipar os movimentos de mercado.

Como houve uma queda na expectativa da taxa de juros nos próximos anos, foi projetada uma melhora no ambiente econômico para os ativos de renda variável. Essa expectativa refletiu de forma acentuada na performance do Ibovespa.

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“A bolsa subiu por causa dos juros futuros. Acredito que a maior parte desse movimento de alta da bolsa já aconteceu”, afirma Natal. Ou seja até dezembro, o estrategista acredita que o principal índice da B3 siga em um movimento de alta, mas em uma velocidade mais “tímida” em comparação aos últimos dois meses. No entanto, os ganhos devem ajudar o mercado a atingir o ponto de indiferença entre os investimentos de ações e de renda fixa.

Se o objetivo é ter uma rentabilidade no curto prazo, o investidor deve priorizar as ações que sejam influenciadas pelo ciclo de queda de juros. Caso o foco esteja no longo prazo, deve-se priorizar as ações consideradas mais defensivas ao ciclo econômico. “Um grande exemplo é a JBS, que está em um momento ruim no curto prazo. Daqui a um ano e meio, a nossa expectativa é que essa ação dobre de preço”, afirma Natal.

E-Investidor – O Ibovespa encerrou junho com alta acumulada de 9%. O mercado pode ver uma alta pujante nos próximos meses caso o Banco Central decida iniciar o ciclo de corte dos juros em agosto?

Victor Natal – A bolsa de valores, representada pelo Ibovespa, subiu para esse nível não pela perspectiva de queda dos juros em agosto. A bolsa subiu por causa dos juros futuros. Acredito que a maior parte desse movimento de alta da bolsa já aconteceu. Acreditamos que, com juros menores, as empresas tendem a vender mais. Ou seja a empresa em si fica melhor e, quando olhamos para o preço da ação, a tendência é que passe a valer mais.

Se a maior parte da recuperação aconteceu, qual é o patamar que o Ibovespa pode chegar até o fim do ano?

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Precisamos atualizar a nossa projeção para o Ibovespa porque ainda temos uma estimativa de 118 mil pontos. Já o mercado estima como um patamar razoável, em torno dos 130 mil pontos para o fim do ano. Neste caso, teremos cerca de 10% para a bolsa subir até dezembro. Quem investir no Ibovespa provavelmente terá rentabilidade positiva até o fim do ano, mas não será com a mesma velocidade de apreciação que acompanhamos nos últimos dois meses. Considerando essa projeção de 130 mil pontos, estamos quase atingindo o ponto de indiferença entre renda fixa e mercado de ações. O que eu quero dizer com isso? O investidor vai estar sendo remunerado de forma adequada para cada risco que está tomando quando comparamos as duas classes de ativos”

Mas ainda há boas oportunidades para entrar na bolsa?

Para o Ibovespa, teremos um upside limitado. Se analisarmos as ações fora do índice, temos oportunidades e vemos ações que devem ir melhor do que o índice. Estamos em um momento em que os papéis sensíveis a juros devem se apreciar bastante. Para as pessoas que gostam de negociar no curto prazo, deve priorizar as ações de crescimento. Agora, quando estamos falando de investidores com foco no longo prazo, deve-se buscar empresas que provavelmente parecem estar penalizadas no atual momento, mas que são boas empresas.

Um grande exemplo sobre esse contexto de olhar para o horizonte de investimento é a JBS. A companhia está em um momento ruim no curto prazo por causa também do atual ciclo de queda de juros. Daqui a um ano e meio, a nossa expectativa é que essa ação dobre de preço.

A Petrobras mudou a sua política de preços para os combustíveis e o mercado espera a divulgação da nova política de dividendos. O atual momento é ideal para investir na estatal ou não?

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A Petrobras tem dois principais pontos: a sua política de preços e a sua política de dividendos. A política de preços veio muito mais condizente com a realidade de mercado do que se imaginava no passado. Por conta disso, vimos o preço das ações seguir em um movimento de alta nos últimos meses. Agora, as ações já estão bem precificadas porque os investidores inicialmente puniram a companhia e, ao ver as mudanças, houve uma apreciação muito forte.

A política de dividendos é um ponto importante, mas para os investidores focados em renda. Para os investidores que não estão focados em dividendos, não há um problema se a empresa não distribuir muitos proventos. O dinheiro estando no caixa da companhia e sendo investido de uma maneira relevante não deixa de ser rentabilidade. Como a Petrobras passou por um momento de muita força nos últimos dois meses em virtude da política de preço, achamos que o papel está bem precificado. Não vemos as ações da Petrobras no atual nível de preço como a melhor opção de investimento.

Então quais são as ações boas pagadoras de dividendos que o Itaú BBA enxerga como boas oportunidades de investimento?

No setor elétrico, temos a Engie Brasil (EGIE3) como uma das empresas mais interessantes do momento. Gostamos também da Vibra Energia (VBBR3), Minerva Foods (BEEF3) e da Gerdau (GGBR4). Gostamos também das ações do Banco do Brasil (BBAS3). Trata-se de uma empresa de qualidade e que paga bons dividendos, mas que talvez não esteja em um preço super interessante de compra por ter subido bastante (as ações no acumulado do ano apresentam uma alta de 44,6%).

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