- O Ibovespa registrou o seu quarto melhor desempenho do ano no mês de julho. O resultado mantém a curva ascendente do índice, que bateu na última quarta-feira (26) sua maior pontuação desde agosto de 2021
- O resultado positivo é reflexo da continuidade do bom humor do mercado e as razões, em boa medida, são as mesmas que já se observava nos meses anteriores: avanço das pautas econômicas no Congresso e indicadores de taxa de juros
- Empresas descontadas de setores que já se beneficiavam de uma melhor projeção da queda de juros tiveram destaque em julho
O Ibovespa registrou o seu quarto melhor desempenho do ano em julho, com valorização de 3,27%. Esse resultado mantém a curva ascendente do índice, que bateu na última quarta-feira (26) sua maior pontuação desde agosto de 2021, ao chegar em 122.560 pontos.
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O resultado positivo é reflexo da continuidade do bom humor do mercado e as razões, em boa medida, são as mesmas que já se observava nos meses anteriores. Do lado das expectativas macroeconômicas, consolidou-se o consenso sobre o corte na taxa básica de juros (Selic) para as próximas reuniões do Comitê de Política Monetária (Copom) e agora a discussão está no nível da redução, se 0,25 ou 0,5 ponto percentual.
Em Brasília, o encaminhamento de pautas econômicas desacelerou com o recesso parlamentar, que começou no dia 18 de julho. O texto da reforma tributária aprovado pelos deputados vai ao Senado em agosto, logo após a volta das atividades, e a Câmara precisa votar as alterações no texto do arcabouço fiscal aprovado pelos senadores.
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José Cataldo, estrategista de análise da Ágora Investimentos, aponta que o recesso contribuiu para a redução do volume de negociações no mês, limitando direcionadores domésticos para os investidores. As férias escolares no Brasil e o verão no hemisfério norte também contribuem para o resultado mais tímido.
O volume financeiro negociado no mercado à vista, lote padrão, da B3 em julho foi de R$ 402,3 bilhões, contra R$ 511,8 bilhões em junho e R$ 478,3 bilhões em maio, aponta levantamento de Einar Rivero, head comercial do TradeMap.
Mesmo sem grandes novidades, o assentamento das projeções sobre as pautas políticas e monetárias segue influenciando positivamente a Bolsa. “O Ibovespa está seguindo aquele caminho de expectativas no ambiente político. Arcabouço fiscal, reforma tributária. Há uma expectativa grande sobre tudo isso, somado à queda de juros. Traz um fluxo de capital muito positivo para a bolsa”, diz Gabriel Costa, analista da Toro Investimentos.
Além dos elementos domésticos, há também um ambiente global mais favorável aos investimentos de risco. “O processo de desaceleração da inflação nos Estados Unidos e na Europa levou à crença entre os investidores de que o processo de elevação dos juros chegou ao fim”, afirma José Cataldo, estrategista de análise da Ágora Investimentos. O especialista pondera, no entanto, que essa variável não é tão óbvia e que “deve ser acompanhada nos próximos meses”.
O Federal Reserve (Fed, o Banco Central americano), decidiu elevar as taxas de juros nos Estados Unidos em 25 pontos-base na última quarta-feira (26), em decisão alinhada às expectativas do mercado, portanto, sem impactos relevantes na Bolsa brasileira.
Melhores desempenhos na Bolsa
Dado o cenário de manutenção das expectativas, empresas descontadas de setores que já se beneficiavam de uma melhor projeção da queda de juros tiveram um bom desempenho em julho. “Em linhas gerais, é uma continuidade do movimento que vimos em maio e junho, só que afetando agora outros papéis”, diz Phil Soares, chefe de análise de ações da Órama.
O especialista explica que setores mais expostos à atividade econômica brasileira colheram maiores frutos do cenário de projeção de queda da Selic em julho.
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A maior valorização de julho foi da e Meliuz (CASH3), com oscilação positiva de 26,5%. Petrorio (PRIO3) e MRV (MRVE3) vem na sequência com (22,9%) e (20,1%).
“Essas empresas todas estão ligadas diretamente a correlação já trazida do efeito juros pela inflação. São setores da economia que possuem perspectiva de crescimento”, aponta Rodney Ribeiro, assessor de investimentos na WIT Invest.
Segundo Ribeiro, a queda dos juros aumenta as oportunidades dos bancos em ofertar crédito. “Com isso, o setor de construção civil tende a ser beneficiado, uma vez que a população deve aumentar a busca por imóveis”.
As maiores desvalorizações vieram do setor de aviação: as ações da Gol (GOLL4) caíram 26,9% enquanto a Azul (AZUL4) teve queda de 19%. A CVC Viagens (CVCB3) caiu 15,1%.
As empresas de aviação sofrem por conta da pressão da subida do petróleo, que prejudicou as margens de lucro das companhias. Já a CVC viu a saída do seu CFO impactar os resultados, aponta Ribeiro.
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