- Títulos pré-fixados são os de maior volatilidade na classe
- Apesar do cenário benigno, há vários fatores de risco
- Especialistas recomendam diversificação na carteira com proteção da inflação
Em agosto as curvas de juros de médio e longo prazo estão abrindo em alta, seguindo o movimento de aversão a risco que tomou conta do mercado nas últimas semanas. Os juros DI com vencimento em janeiro de 2033 saltaram quase 6% desde o início do mês, marcando 11,44% ao ano no início da tarde desta segunda-feira (21).
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O movimento fez os títulos públicos prefixados com vencimento em 2029 e 2033 voltarem a oferecer ganhos acima dos 11% ao ano, mesmo patamar de junho. Além deles, alguns Certificados de Depósito Bancário (CDBs) de baixo risco superam a marca do famoso 1% ao mês, dando rentabilidade.
Com essas taxas, alguns analistas passam a defender que o momento é interessante para quem quer montar uma posição em prefixados, num movimento para aproveitar a marcação a mercado quando os juros voltarem a ceder.
Possibilidade de corte nos juros já está no preço
É importante lembrar que a estratégia embute riscos, inclusive porque os títulos prefixados são os de maior volatilidade na classe. “O investidor não deve se basear apenas na expectativa de o Banco Central cortar os juros na próxima reunião. As estruturas prefixadas já estão levando no preço uma possibilidade relevante de corte de juros”, alerta o head de Renda Fixa da Manchester Investimentos, Rafael Sueishi.
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Relatório do BTG Pactual divulgado este mês manteve a estratégia de alocação em prefixado com vencimento em 2029 diante de um cenário macro à espera da reancoragem da inflação de serviços, com um Banco Central menos restritivo e o juro real fechando e o pré-longo abrindo.
Para Rafael Haddad, planejador financeiro do C6 Bank, o melhor para os títulos pré-fixados já passou. Ele lembra que há quatro meses os CDBs de baixo risco pagavam 14% ao ano e agora estão na casa dos 12,5% a.a.
“A expectativa de mercado mudou com a confirmação do início dos cortes de juros”, lembrou Haddad. “O último Boletim Focus, que reflete as expectativas, traz projeção de 11,75% para a Selic ao final do ano, 9% ao final de 2024 e 8% para 2025.”
No Brasil, não se pode descartar a inflação
Sueshid pondera que, apesar de existir um cenário mais benigno, há vários fatores de risco, como os ruídos políticos, fiscal e uma economia mundial que pode respingar em novos choques de inflação.
Choque de inflação demanda juros mais elevados, o que pode representar perdas para o investidor que fechou posição esperando a queda. “O principal risco ainda é a inflação. No prefixado o investidor fica desprotegido dela”, diz Pedro Albuquerque, analista de Portfólios do banco Inter.
Os especialistas recomendam diversificação na carteira para quem quer minimizar riscos. Os títulos atrelados à inflação a exemplo de IPCA + e do pós-fixados têm características mais defensivas e tendem a gerar melhor performance em cenários adversos de inflação elevada. “Brincamos que no Brasil ter ativos de inflação não é uma questão de diversificação, mas de legítima defesa”, diz Albuquerque.
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