- Dentre os ativos com um valor de mercado de mais de US$ 1 bilhão, apenas três criptos conseguiram fechar os trinta e um dias no positivo, de acordo com um levantamento realizado pelo Mercado Bitcoin
- A principal queda do BTC veio após a SpaceX, empresa comandada por Elon Musk, reduzir seu posicionamento na criptomoeda, que era de US$ 373 milhões
- Os volumes de negociação vem caindo desde março, e só em agosto 38 mil bitcoins foram retirados das exchanges, quase US$ 1 bilhão nos preços atuais
Agosto não foi cruel somente com a Bolsa de Valores brasileira, mas também com o mercado de criptomoedas. Considerando os ativos com valor de mercado superior a US$ 1 bilhão, apenas três criptos conseguiram fechar o mês no azul, de acordo com levantamento realizado pelo Mercado Bitcoin a pedido do E-Investidor.
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Gigantes do setor também não conseguiram desempenhar bem, como o bitcoin (BTC), que caiu 12,47%, e o ethereum (ETH), com baixa de 12,09%, cotados a US$ 25,955 mil e US$ 1,647 mil, respectivamente.
Os principais direcionadores do mercado de criptomoedas estão quase exclusivamente relacionados ao cenário macro, como explica Felipe Medeiros, analista de criptomoedas e sócio da Quantzed Criptos. “O plano de fundo do mercado no mês de agosto foi de atenção ao cenário macroeconômico, com as apostas nos juros americanos e a crise no mercado imobiliário chinês, que diminuíram o apetite ao risco. No micro, o foco ficou com os ETFs (fundos cuja carteira de ativos busca retorno semelhante a um índice de referência) de bitcoin e o caso da Grayscale”, explicou.
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A principal queda do BTC em agosto ocorreu após a SpaceX, empresa comandada pelo bilionário Elon Musk, reduzir seu posicionamento na criptomoeda, que era de US$ 373 milhões. Não se sabe se todas as criptos detidas pela companhia foram vendidas, mas o Wall Street Journal afirma que uma parcela foi.
O bitcoin conseguiu recuperar parte das quedas no mês após a vitória da gestora de ativos digitais Grayscale contra a Securities and Exchange Commission (SEC) para operar um ETF com exposição direta ao BTC. A questão se tornou relevante pois tais instrumentos financeiros podem criar uma porta de entrada de capital de investidores institucionais no mercado cripto.
Na última terça-feira (29), a Justiça nos EUA julgou que a SEC, órgão equivalente à Comissão de Valores Mobiliários (CVM) brasileira, agiu de maneira arbitrária. Naquele mesmo dia, o BTC subiu mais de 6%, chegando próximo aos US$ 28 mil.
Vinícius Bazan, analista de criptoativos da Empiricus Research, também destaca a baixa liquidez do mercado de criptomoedas no mês. De acordo com ele, os volumes de negociação vem caindo desde março e só em agosto 38 mil bitcoins foram retirados das exchanges, quase US$ 1 bilhão nos preços atuais.
As três maiores, e únicas, altas
As três maiores altas do mercado de criptomoedas compõem, também, a lista das únicas que registraram desempenho positivo em agosto. A principal valorização ficou com a TONCOIN, uma criptomoeda do ecossistema do aplicativo de mensagens Telegram. Ela finalizou o mês subindo 44,99%, ao preço de US$ 1,75.
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No entanto, as expectativas para a cripto não são boas. Bazan explica o porquê da cripto deixá-lo cético em relação ao seu desempenho: “Houve uma grande injeção de tokens no mercado, aumentando muito a inflação da cripto e o preço artificialmente, então não vejo essa alta como sustentável”, disse.
Medeiros. da Quantzed, vai na mesma linha. “A TONCOIN tem uma taxa de manipulação de mercado muito alta, além de apresentar quedas muito bruscas e ter aparecido com um market cap (valor de mercado) já muito alto”, pontuou.
- Leia também: Bitcoin sofre em momento decisivo com SEC e até Elon Musk. Risco compensa?
O segundo token que apresentou alta no mês de agosto foi a HBAR, a criptomoeda da rede Hedera Hashgraph. Seu principal direcionador no mês foi o anúncio de que o Fed Now, o “pix dos EUA“, utilizaria uma plataforma de pagamento da Hedera, o “Dropp”, como um provedor de serviços. A criptomoeda fechou agosto com alta de 1,09% no mês, cotada a US$ 0,052.
A terceira maior alta ficou com a OKB, um token de utilidade da corretora OKEx que permite aos usuários acessar os recursos especiais da exchange. A criptomoeda se valorizou 0,42% no mês, cotada a US$ 42,91.
Para Rony Szuster, analista do Mercado Bitcoin, não houve grandes direcionadores além do preço descontado. “Para o OKB não há grandes notícias, mas os investidores acreditaram que o preço estava baixo e por isso o movimento de compra. Outro ponto que pode ter colaborado para a alta foi a OKEx fazer um airdrop (distribuição gratuita de “amostras” do ativo para clientes) de um token chamado Libra, da Libra Finance, que atraiu o fluxo de capital dos investidores”, disse.
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Confira os ativos que valorizaram em agosto:
Criptomoeda | Ticker | Valorização no mês |
Fechamento de agosto
|
TONCOIN | TON | 44,99% | US$ 1,75 |
HEDERA | HBAR | 1,09% | US$ 0,052 |
OKB | OKB | 0,42% | US$ 42,91 |
Apostas para setembro
Entre os principais destaques para o mês de setembro, as duas principais criptomoedas do mercado, o BTC e o ETH, foram mencionadas como ativos para se ter em vista, tanto por Medeiros quanto por Bazan. Bitcoin e ethereum são as duas criptos mais tradicionais e conhecidas neste mercado.
Para ambos, as duas criptomoedas funcionarão como reflexo do cenário macroeconômico dos Estados Unidos, principalmente em relação às expectativas da próxima decisão do Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês, equivalente ao Comitê de Política Econômica do Banco Central brasileiro) sobre os juros americanos. Segundo eles, caso haja uma manutenção da taxa e indicações de um arrefecimento da inflação, os ativos de risco irão desempenhar bem.
Szuster, do Mercado Bitcoin, ainda pontua que o bitcoin deve estar nos holofotes do mês por conta das datas limites de pronunciamento da SEC sobre ETFs da principal criptomoeda do mercado, apesar do analista acreditar que o órgão deve postergar anúncios sobre o assunto.
Fora das principais criptos, Medeiros também indica a DYDX, que apresenta catalisadores de preço próprios. “Um ativo DeFi (aplicações de blockchain que fornecem serviços financeiros do mercado tradicional dentro do ambiente cripto) que está mudando de rede e implantando uma versão 4.0 dentro da rede Cosmos. Diversas baleias (grandes investidores) do mercado estão acumulando estes tokens”, explica.
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Szuster ainda destaca para o mês de setembro o token Lido DAO (LDO), o principal provedor de staking (forma de remuneração para investidores que fornecem suas criptomoedas para ajudar a validar transações) da rede ethereum, com 32% do mercado, além de novas atualizações na rede que podem beneficiar o ativo.