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- As três ações que mais perderam preço na semana foram IRB Brasil (IRBR3), PetroRio (PRIO3) e Embraer (EMBR3)
- IRB Brasil encabeça as perdas da semana, em meio a momento desfavorável, fundamentos incertos e rebaixamento da Moody's para o setor
- PetroRio caiu junto com a cotação do barril de petróleo e Embraer assinou acordo coletivo, mas o número de funcionários poupados da demissão foi maior que o que se calculava
A semana termina sem motivos para comemorar. O Ibovespa perdeu a zona dos seis dígitos e encerra o período aos 98.363,22 pontos, menor nível desde 7 de julho. Na semana, acumulou a segunda perda seguida, agora de 2,84%, em seu pior desempenho desde 15 de maio (-3,37%).
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“Foi uma semana ruim, com um ajuste que veio de fora desde o fim da semana passada, com Nova York. Houve uma alta íngreme e sem respiro por lá e, desde agosto, passou a prevalecer aqui cautela quanto à política e a situação fiscal brasileira, que cortou a progressão do Ibovespa. Então, nesta semana que termina, faltou âncora doméstica e externa para segurar o índice”, diz Eduardo Cavalheiro, sócio-gestor da Rio Verde Investimentos, que mantém viés positivo caso as reformas mostrem algum avanço neste ano. “A alternativa de não se fazer nada nem tem como ser colocada – a foto do Brasil ficaria muito ruim.”
Renato Chain, economista da Parallaxis Economics, disse ao Broadcast que o índice se manterá “caranguejando”, mas chama atenção para aspectos ainda não muito presentes nos preços dos ativos e que podem vir a requerer o olhar dos investidores, como a inflação no Brasil, a possibilidade de uma segunda onda mais intensa da Covid-19 no mundo, sem ainda uma vacina, e a possibilidade de o presidente Donald Trump vencer a disputa pela reeleição nos EUA, que “seria uma validação nas urnas da política de enfrentamento com a China”.
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“Em um cenário negativo, mais longo, o Ibovespa poderia vir abaixo de 90 mil pontos. Lá fora, está todo mundo contando com vacina em breve, e ninguém nem piscou para o que ocorreu no teste da AstraZeneca, vista como uma opção de vacina entre outras. Aqui, o dólar depreciado e a exportação de alimentos tem resultado em mais inflação, ainda que pontual. Com inflação a 3% e Selic a 2% começa a aparecer dificuldade para tesourarias de bancos”, aponta.
No balanço da semana, quem levou a pior foram os papéis de IRB Brasil (IRBR3), PetroRio (PRIO3) e Embraer (EMBR3). Confira o que afetou o desempenho de cada um deles.
IRB Brasil (IRBR3): -12,95%
Os papéis ordinários do IRB Brasil RE fecham a semana com a maior perda do período. Para Jorge Junqueira, da Gauss, o que impacta é a percepção de que o momento para o setor de resseguros é ruim e isso dificulta o já desafiador cenário para o IRB. “É um momento ruim e os fundamentos da empresa ainda estão muito incertos, não há certeza nenhuma de quando ela vai ter a tal da reviravolta pro lucro”, diz.
Cavaca, da Warren, afirma que a decisão do colegiado da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) para que o IRB divulgue sua lista de acionistas também traz ruído.
Em relatório divulgado na terça (8), a Moody’s alterou de estável para negativa a perspectiva para o setor de resseguro global e ressaltou que há um ambiente operacional “desafiador” devido à pandemia, que enfraquece a lucratividade. De acordo com a agência de classificação de risco, o setor enfrenta desafios como as taxas de juros baixas e a incerteza em torno das perdas finais relacionadas à crise.
PetroRio (PRIO3): -10,74%
Quem também saiu desta semana em baixa foi o papel da PetroRio, que caiu 10,74%. O movimento acompanha a baixa do petróleo no mercado.
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“A PetroRio acompanha bastante o fluxo da commodity lá e fora e ela costuma ter essa volatilidade um pouco maior em relação aos preços por conta da natureza de suas operações”, diz Daniel Herrera, analista da Toro Investimentos, destacando também a alta nos estoques de petróleo anunciada pelo Departamento de Energia dos Estados Unidos nesta manhã, o que traz pressão sobre a demanda pela commodity.
Embraer (EMBR3): -8,23%
As ações ON de Embraer encerram a trinca das maiores perdas da semana, com -8,23% no período, após a fabricante de aviões assinar acordo coletivo com o Sindicato dos Engenheiros no Estado de São Paulo ampliando benefícios para os engenheiros demitidos em 3 de setembro e mantendo cerca de 3 mil engenheiros até abril de 2021. A ideia inicial era a manutenção de 2.700 funcionários.
*Com Estadão Conteúdo