- Com a Selic a 12,25% ao ano, o cenário ainda continua bastante atrativo para a renda fixa
- Para escolher a melhor rentabilidade na renda fixa bancária, o primeiro balizador é o prazo em que se pretende levar o título
- Bruna Allemann da Nomos compartilha fórmula simples para saber o que paga mais, CDB ou LCI/LCA. Conheça
Dentro do universo de renda fixa, o investidor tem as opções dos títulos de emissão bancária, que são basicamente os Certificados de Depósito Bancário (CDBs) e as Letras de Crédito Imobiliário (LCI) e do Agronegócio (LCA). Mas, nas plataformas de investimento, é comum o cliente ficar confuso com a profusão de ofertas para cada um desses títulos.
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Antes de responder à questão, é importante ter em mente que o Banco Central (BC) está em pleno ciclo de corte de juros. Porém, com a Selic a 12,25% ao ano, o cenário ainda continua bastante atrativo para a renda fixa. Boa parte do mercado aposta em taxas terminais acima dos dois dígitos até o final de 2024.
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“Eu vejo com bons olhos a renda fixa. Temos taxas atrativas dentro das condições econômicas e fiscais do Brasil, muito condizentes com o momento”, diz Waldemar Santana, head de Distribuição de Produtos da Guide.
Na renda fixa, os títulos bancários aparecem com benefícios agregados para a pessoa física. Pagam, na média, mais do que os títulos públicos e têm menos exposição ao risco em relação ao crédito privado (debêntures), mercado que foi abalado este ano pelos eventos de Americanas (AMER3) e Light (LIGT3). Para a pessoa física, os investimentos de até R$ 250 mil ainda são cobertos pelo Fundo Garantidor de Crédito (FGC).
Sabendo que a rentabilidade é atrativa e o risco, administrável, o investidor terá à frente de sua tela uma enorme quantidade de ofertas para escolher entre CDBs, LCIs e LCAs. São dezenas de bancos tentando atrair o dono da grana com taxas robustas.
Tabela de IR, o primeiro balizador
Para escolher a melhor rentabilidade, o primeiro balizador fica com o prazo em que se pretende levar o título, pois o CDB possui tabela regressiva de Imposto de Renda.
Na primeira janela de tempo, o investidor vai pagar a alíquota mais alta de 22,5% sobre o rendimento, caso faça o resgate em até 180 dias. De 181 a 360 dias, a mordida do Leão cai para 22%, de 361 a 720 dias o imposto chega a 17,5% e depois disso, 15%, a menor alíquota.
O prazo interfere na conta da rentabilidade. “Quanto mais tempo investindo naquele CDB, menor o imposto e essa é uma vantagem”, diz Andressa Bergamo, fundadora da AVG Capital. “As LCIs e LCAs costumam ter rentabilidade melhor nos primeiros dois anos de investimento”, completa Josiane Righi, especialista em Investimentos do Ailos.
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Mas como fazer para tirar as próprias conclusões e saber realmente quem está pagando melhor? Neste caso, é importante entender a taxa líquida do CDB ou o quanto de retorno o investidor vai ter depois de pagar o IR.
A fórmula
Para alegria do investidor, a head de Investimentos Internacionais da Nomos, Bruna Allemann, costuma compartilhar com seus clientes uma fórmula simples para fazer isso na calculadora: (1-(alíquota do IR / 100) = resultado.
O produto deste cálculo vai mostrar o desconto do imposto sobre o rendimento do CDB. No caso de um resgate de até 180 dias, o investidor deve digitar (1-(22,5/100)=. O resultado dessa operação será 0,775. Este valor deverá ser multiplicado pelo porcentual do CDI do título avaliado e o resultado será o seu rendimento líquido, que poderá ser comparado com o rendimento do LCI ou da LCA isentos de IR.
Um exemplo na prática. Na última sexta-feira (3), era possível acessar um CDB de um banco médio nas plataformas de investimentos pagando gordos 126% do CDI, com vencimento em novembro de 2029. Era possível encontrar também uma LCA de outra instituição financeira média pagando 98,1% do CDI, aplicação isenta de IR, com vencimento em maio de 2027.
Aplicando a fórmula para um investimento superior a 720 dias, ou 15% de alíquota, o investidor iria digitar na calculadora: (1-(15/100) x 126 (% do CDI). Neste caso ele verificaria que CDB vai pagar líquido 107% do CDI no período, um resultado melhor do que o prometido pelo LCA de 98,1%.
Risco de crédito, o segundo balizador
Os níveis altos de rendimento dos dois produtos citados acima levam a um outro balizador que o investidor deve levar em conta: o risco da operação.
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Uma operação de renda fixa envolve o ato de o investidor emprestar suas economias a uma instituição que promete um rendimento futuro. Neste caso, um CDB emitido por um banco, na teoria, tem menos risco que uma LCI lastreada em títulos de hipoteca ou uma LCA garantida por financiamentos do setor agropecuário.
"Num cenário de juros altos, como agora, as empresas imobiliárias tendem a ter mais problemas, assim como o câmbio mais valorizado beneficia as empresas do agro que têm receita em dólar", avalia Bruna Allemann.
Segundo a especialista, na renda fixa bancária, o melhor mesmo é procurar instituições com classificação de crédito AAA, ou seja, bancos com solidez financeira, bom histórico de pagamentos, gerenciamento de risco, bons ativos e reconhecimento no mercado. "Não é em renda fixa que o investidor deve arriscar, é melhor evitar problemas ganhando 5% a menos. Bancos médios quebram", diz Allemann. Quanto mais forte a instituição, menos juros ela tende a pagar em seus produtos de renda fixa.
Liquidez é o terceiro ponto
Outro ponto a ser considerado é a liquidez. Os LCIs e LCAs apesar de, na média, pagarem mais no curto prazo devido à isenção de IR, possuem 90 dias de carência regulatória. Ou seja, o investidor precisa estar ciente que não terá acesso ao dinheiro neste período. Depois disso, dependendo do produto é possível fazer o resgate antes do vencimento, com o investidor podendo repassar a aplicação a preço de mercado.
Neste ponto, um dos produtos que podem apresentar alguma vantagem no curto prazo são os títulos prefixados. Com a Selic em ciclo de baixa, travar o investimento num percentual prefixado pode gerar bons rendimentos na marcação a mercado. A operação envolve riscos de prejuízo, no entanto, haja vista que o cenário de longo prazo está incerto devido aos juros altos dos Estados Unidos e um cenário geopolítico mais instável.
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