- O analista CNPI-T, Eduardo Mira, é o novo membro da plataforma de educação financeira Me Poupe!, fundada por Nathalia Arcuri
- Com a Certificação, Mira poderá fazer recomendações de compra e venda para os seguidores do canal
- Para o especialista, ferramentas mais simples e a chegada ado open banking são fatores que irão tornar o mercado financeiro cada vez mais acessível aos pequenos investidores
Com a taxa Selic na mínima histórica de 2%, muitos investidores foram para a Bolsa de Valores em busca de melhores rentabilidades. Só até agosto deste ano, o número de pessoas físicas na B3 saltou para 2,9 milhões, um aumento de 76% em relação ao ano passado.
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A plataforma de educação financeira Me Poupe!, fundada pela especialista em planejamento financeiro Nathalia Arcuri, captou essa nova movimentação dos pequenos investidores e agora conta com um novo membro para o time de influenciadores: o analista Eduardo Mira, que vai cuidar de renda variável.
Com certificação CNPI-T (Certificação Nacional do Profissional de Investimento) e mais de 20 anos de experiência no mercado financeiro, Mira está habilitado para fazer recomendações de compra e venda de ativos e sua vinda deve inaugurar uma nova fase de conteúdos para o canal. “Meu desafio é contribuir para essa transformação na sociedade brasileira em relação aos investimentos, orientar sobre como sair das dívidas, poupar e construir a própria independência financeira”, diz.
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O analista, que já trabalhou no Banco do Brasil, conta que largou tudo para focar em educação financeira. “Foi uma escola muito importante, mas eu vi que não era meu lugar. Ali eu não conseguia ajudar as pessoas da forma que eu gostaria”, diz. “Eu tinha que recomendar produtos de investimentos do banco, mesmo eu investindo em corretoras e sabendo que aquilo não era o melhor.”
Para o E-Investidor, Mira explica sua trajetória profissional, planos para o Me Poupe! e a sua visão sobre o mercado.
E-Investidor – Como foi o convite para entrar no Me Poupe!?
Eduardo Mira – Esse convite é uma evolução de uma parceria que eu tenho com o Me Poupe! há muito tempo. Eu vi o canal se desenvolver. Já tem uns três anos que eu conheci a Nathalia Arcuri e, pouco a pouco, fui me envolvendo mais com a plataforma. Essa aproximação foi natural para o ponto que estamos hoje. Sempre existiu um encontro muito grande de afinidades e objetivos, como o de empoderar as pessoas através do conhecimento. Meu desafio é contribuir para essa transformação na sociedade brasileira em relação aos investimentos, orientar sobre como sair das dívidas, poupar e construir a própria independência financeira.
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E-Investidor – O Sr. veio da periferia e costuma dizer que começou do zero. Como foi seu primeiro contato com o mercado financeiro?
Mira – Sou nascido e criado no Rio de Janeiro, no bairro do Rio Comprido, uma região cercada de favelas. Tenho uma origem extremamente humilde, até os 18 anos eu usava só roupa dada pelos outros e isso acabou criando toda a resiliência que eu precisei ter para sobreviver. Quando você nasce pobre no Brasil, a gente mais sobrevive do que vive até chegar na fase adulta. Eu precisei de muita resiliência e isso foi fundamental para adotar a mesma consistência nos investimentos.
Eu sempre tive esse sonho de Bolsa de Valores porque eu enxergava que ali era uma oportunidade de eu ficar rico, naquele sonho de menino pobre. Deixou de ser sonho quando eu fui fazer faculdade e depois trabalhar em uma empresa de telecomunicações, minha área de origem. Eu não fiz economia. A mãe de um colega trabalhava em uma corretora e foi aí que eu comecei a me interessar mais pela Bolsa.
E-Investidor – Como foi a experiência de trabalhar em um banco tradicional?
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Mira – Foi uma escola muito importante, mas vi que não era meu lugar. Ali eu não conseguia ajudar as pessoas da forma que eu gostaria. Eu tinha que recomendar produtos de investimentos do banco, mesmo eu investindo em corretoras e sabendo que aquilo ali não era o melhor. Eu recomendava uma coisa que eu não fazia. Isso gerou um conflito grande e eu entendi que o melhor era sair do banco. Pedi demissão, mesmo sendo concursado, e fui trabalhar em uma corretora em São Paulo.
Nessa época eu já tinha atingido a independência financeira e foi mais fácil fazer essas escolhas. Fiquei um tempo na corretora, me enchi e pedi demissão também. A partir disso fiquei dedicado a só operar no mercado, dar aulas e hoje estou no Me Poupe!.
E-Investidor – De que forma o Sr. avalia o atual momento da Bolsa?
Mira – O mercado está em ebulição porque temos uma Selic caindo há vários anos. As pessoas foram obrigadas a se mexer e nesse processo foram descobrindo a Bolsa de Valores. Entretanto, a quantidade de gente na B3 ainda é pequena, já que em comparação ao tamanho da população brasileira, de 200 milhões de pessoas, não temos 2%. O ideal seria, pelo menos, 10%. O mercado e a economia seriam totalmente diferentes, porque a Bolsa de Valores é uma maneira de financiar o desenvolvimento econômico. Ou seja, quando temos mais gente na Bolsa, também temos uma economia mais fortalecida.
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E-Investidor – Se a Selic subir, a Bolsa vai pode perder atratividade?
Mira – Investir em ações sempre foi interessante, mesmo quando a taxa Selic estava alta. O que temos que fazer é investir em ações de boas empresas. É importante destacar que quando a Selic estava alta, a inflação também estava, então o ganho real, descontado a inflação, era baixo. Desse ganho, ainda tem que descontar imposto de renda da renda fixa, o que fazia o ganho real líquido ser menor ainda. As pessoas tinham uma ilusão que estavam ganhando muito.
Ações de boas empresas sempre foram excelentes investimentos e as pessoas têm que se atentar a isso: ser sócio de grandes negócios. Eu sempre digo que as ações são pequenos pedaços de um grande negócio.
E-Investidor – Como construir uma boa estratégia em renda variável?
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Mira – Existem setores dentro da Bolsa que são mais resilientes. O ideal do investimento de renda variável é pensar no longo prazo, acima de dez anos. A renda variável só não é boa se você comprar empresa ruim. Uma empresa ruim é aquela que não dá lucro.
Por outro lado, uma empresa que dá lucro, e lucros crescentes, geralmente é uma companhia interessante. Se olhar para os setores principais, mais resilientes, e pegar as melhores empresas desses segmentos, dificilmente você vai errar.
E-Investidor – Quais setores seriam esses?
Mira – Os bancos, que apesar da concorrência de fintechs, não vão acabar. Os seguros, setor que o Brasil tem muito a desenvolver, já que as pessoas estão tomando consciência da importância de fazer esse tipo de proteção. Setor de energia elétrica, já que ninguém vai deixar de usar energia elétrica. Saneamento é também um outro setor importante, porque ninguém vai deixar de usar água, esgoto. Telecomunicações, uma vez que as pessoas vão usar cada vez mais planos de dados, falar ao telefone, videochamada e etc.
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Pegando as maiores empresas desses setores, no longo prazo, a chance de dar algum problema é muito pequena. As companhias desses segmentos tendem a perdurar durante décadas.
E-Investidor – Qual a sua visão sobre a análise ESG nos investimentos?
Mira – Muitas pessoas me perguntam se o ESG virou moda. O ESG deveria ser algo importante desde o início da humanidade. Acho que a preocupação com o meio ambiente, igualdade e equidade deveria ter sido importante e a gente nunca deve abrir mão de pensar nessas coisas. Que bom que agora estão dando mais importância às empresas que com essa preocupação.
E-Investidor – O Sr. já comentou que as pessoas não investem em produtos sofisticados por receio. Você passou por isso no início da sua carreira? Como quebrar esses pensamentos?
Mira – Eu nunca tive esse problema porque eu sempre enxerguei nos investimentos uma oportunidade, principalmente na Bolsa de Valores. Mas, de maneira geral, vejo nas pessoas um receio muito grande do novo. Ouço sempre: ‘aquele investimento é perigoso, precisa ter muito dinheiro, é coisa de rico e etc’.
Todo mundo tem essa preocupação e esses medos, embora os investimentos não sejam assim. O rico investe em ações porque acabou estudando mais sobre algumas coisas, então a chave dessa engrenagem, para destravar tudo isso, é o conhecimento, puro e simples.
O conhecimento desmistifica essas questões. Com R$ 5 você consegue comprar uma ação. Você pode trocar aquele lanche no fast food por 2 ou 3 ações que vão ser suas eternamente e ainda vão te pagar uma distribuição de lucros, que a gente chama de dividendos.
E-Investidor – O que falta para o mercado financeiro ser mais acessível?
Mira – Evoluímos muito e vamos crescer ainda mais com a chegada do open banking, que vai acontecer nos próximos anos. Ele vai deixar as escolhas dos investidores mais livres. Também vejo o mercado caminhando para deixar as ferramentas mais fáceis, de modo que você possa entrar em um banco ou corretora e fazer o que quiser em poucos cliques.