- O Bitcoin praticamente triplicou de valor em um ano
- A capitalização do Bitcoin é de cerca de US$ 900 bilhões, menos de 10% dos ETFs
- Muitos dos chamados crypto natives tendem a achar que a regulação vai contra a ideologia libertária que inspirou a criação do Bitcoin e dos outros criptos que seguiram
Para o Bitcoin, a primeira semana de 2024 é o reverso do que vimos em 2023. Se há um ano, a principal criptomoeda ainda vivia o seu inverno, mergulhada na incerteza e valendo cerca de um quarto do seu preço máximo, neste início de novo ano vemos um cenário promissor.
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O Bitcoin praticamente triplicou de valor em um ano, com os investidores deixando para trás eventos como a falência da corretora FTX ou a implosão da stablecoin Terra Luna. E esse cenário não é promissor apenas para o Bitcoin, mas também para outras criptomoedas e a tokenização de ativos liderada pelos chamados RWA – Real World Assets.
Mas, depois dessa alta, como é possível prever um céu de brigadeiro? Assim como existe a tempestade perfeita, há os dias de céu claro. E no céu claro cripto temos três acontecimentos que ditarão o rumo do mercado. Enquanto no Brasil temos o Marco Legal cripto, no âmbito global há a expectativa em torno da aprovação do primeiro ETF à vista de Bitcoin e o halving do Bitcoin que diminui a remuneração dos mineradores.
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Poderíamos, ainda, citar o processo pelo qual está passando a Binance nos Estados Unidos, em que a corretora concordou em pagar uma multa de US$ 4,3 bilhões. Esse escrutínio tende a jogar luz nas boas práticas de prevenção a lavagem de dinheiro, algo fundamental para reafirmar a legitimidade do mercado cripto.
Regulação
Muitos dos chamados crypto natives tendem a achar que a regulação vai contra a ideologia libertária que inspirou a criação do Bitcoin e dos outros criptos que seguiram. Embora eles tenham um bom argumento, a regulação é importante para aparar assimetrias de concorrência entre players nacionais e estrangeiros, proteger os investidores contra casos de má gestão, evitar a lavagem de dinheiro e o financiamento ao terrorismo, entre outras razões.
Com essa regulação em vigor, o que inclui a supervisão das exchanges pelo Banco Central (BC), gente grande, como fundos de pensão e outros investidores institucionais, terá mais segurança para aplicar parte do seu portfólio em cripto. O Marco Legal Cripto, que contará
com duas consultas públicas do BC, a primeira ainda está em andamento, servirá como uma espécie de selo de qualidade para esses investidores.
É como se fosse um grau de investimento de uma agência de classificação de risco. O cenário mais provável é que o Marco Legal esteja totalmente em pé no início do segundo semestre, logo após a finalização da segunda consulta pública do BC. Assim como o grau de investimento atrai recursos de grandes investidores que não podem aplicar seu capital em emissores sem esse selo, a regulação fará com que gestores vejam cripto como mais uma opção de diversificação do portfólio. Investidores de varejo, qualificados ou não, também devem passar a ver cripto com outros olhos.
ETF à vista de Bitcoin
Grande parte da alta do Bitcoin em 2023 é por causa da expectativa em torno da aprovação pela SEC, a CVM americana, do primeiro ETF à vista de Bitcoin. Apesar disso, acredito que o início dos primeiros ETFs à vista ainda não está totalmente precificado. Basta imaginar que esses fundos negociados em bolsa tinham cerca de US$ 9,5 trilhões em ativos no mundo no fim do terceiro trimestre, de acordo com dados da a iShares, unidade da BlackRock.
Para comparar, a capitalização do Bitcoin é de cerca de US$ 900 bilhões, menos de 10% dos ETFs. Só é preciso que uma pequena parcela dos BTCs hoje em circulação no mercado parem em ETFs, para que ocorra uma valorização explosiva da moeda.
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Hoje, a SEC tem 11 pedidos de aprovação de instrumentos dessa natureza. Esse número deve crescer ao longo do ano e veículos semelhantes surgirão em outros mercados, sobretudo na Europa e na Ásia. Assim como no caso da regulação no Brasil, a aprovação de um ETF pela SEC deve estimular a entrada de grandes investidores institucionais. O ETF à vista de BTC é também o primeiro passo para o surgimento de instrumentos com outros criptoativos, como Ethereum ou Solana ou mesmo uma cesta de criptos.
Halving: demanda e oferta
Se de um lado temos a perspectiva de aumento da demanda por criptos, com a maior segurança proporcionada pela regulação, do outro vemos a perspectiva de menor oferta de Bitcoins. Isso é por causa do halving, evento que acontece a cada quatro anos e que reduz pela metade a emissão de novos Bitcoins.
Nos últimos quatro halvings, o Bitcoin passou por altas expressivas. A de 2020 foi de 700% ao longo dos 18 meses após o halving. O próximo, que está previsto para abril, vem justamente dentro desse contexto de perspectiva de aumento da demanda, sobretudo por parte dos investidores institucionais.
Embora esses três eventos isoladamente tenham capacidade para sustentar a valorização do Bitcoin e de outros criptos ao longo de 2024, não dá para esquecer o ambiente macroeconômico. Se em 2022 e 2023 o investimento em ativos de risco, como criptos, startups e mesmo ações, viveu uma montanha-russa, este ano devemos começar a ver o início global do ciclo de relaxamento monetário.
Em maio, o Federal Reserve pode começar a reduzir os juros, o que deve levar a um reposicionamento de algumas carteiras. Coincidentemente, esse relaxamento acontecerá logo após o halving do Bitcoin. Uma parte dessa maior liquidez pode se encaminhar para
cripto e venture capital.
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Bem, o cenário está dado. Ainda há tempo para que cada investidor possa refletir e entender como se posicionar nesse mercado e qual o tamanho de seu apetite. Risco existe, é claro. Mas o maior risco é você saber de tudo isso e ficar de fora.
Feliz 2024.