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- A gestora Asset 1 estreou oficialmente em 1º de abril, no meio da pandemia do coronavírus, com o fundo multimercado A1 FIC FIM
- Em seis meses de atuação a aplicação já soma R$ 886 milhões de patrimônio sob gestão, com valorização de 11,97% no ano, sem nenhum mês negativo
- A gestora ‘novata’ é formada por profissionais com décadas de experiência no mercado, vindos de grandes empresas, como Itaú Asset e Banco Central
O mês de março foi um choque para o mercado financeiro, com a histórica queda de 30% no Ibovespa. O mergulho do principal índice de ações no negativo e o avanço violento da pandemia pelo mundo assustaram, mas não foi o suficiente para adiar os planos da Asset 1.
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A gestora estreou oficialmente em 1º de abril, com o fundo multimercado A1 FIC FIM. De tão turbulento o período escolhido, uma notícia como essa realmente parecia uma pegadinha típica da data, mas o time composto por profissionais de peso, vindos de grandes empresas como Itaú e Banco Central, não titubeou: em seis meses de atuação a aplicação já soma R$ 886 milhões de patrimônio sob gestão, com valorização de 11,97% no ano, sem nenhum mês negativo.
Ainda assim, a estreia da gestora demandou o triplo de cautela. Além do cenário econômico estar incerto por conta do coronavírus, as novas tecnologias digitais, necessárias para manter o distanciamento social, ainda estavam sendo implementadas “Nós decidimos abrir empresa com dinheiro nosso, em vez de recursos de terceiros, até porque não sabíamos se o ‘digital’ funcionaria e não queríamos arriscar o patrimônio dos clientes”, explica Marcello Siniscalchi, CIO da Asset 1.
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O especialista conta que o fundo só começou a ser aberto para captação externa na segunda metade de junho, depois que a equipe percebeu que o home office e as ferramentas digitais estavam, de fato, funcionando.
Até o sexto mês do ano a aplicação tinha R$ 82 milhões em patrimônio. Após a abertura para captação, esse número saltou 478% já no período seguinte, fechando julho com R$ 478,6 milhões sob gestão no A1 FIC FIM.
Mês | Patrimônio do ‘A1 FIC FIM’* |
Abril | R$ 32.761.782,58 |
Maio | R$ 40.426.454,47 |
Junho (abertura da captação) | R$ 82.837.190,48 |
Julho | R$ 478.687.999,49 |
Agosto | R$ 738.853.651,83 |
Setembro | R$ 876.117.550,88 |
*01 de Outubro | R$ 886.283.000,07 |
* Os dados são da própria Asset 1
Um ‘quebra-cabeça’ de seniores
Até o primeiro semestre de 2019, Siniscalchi trabalhava como diretor da área de investimentos no Itaú Asset Management, onde ganhou prêmios de melhor gestor mais de uma vez. Além dele, que coordena a gestão do fundo, estão na equipe da Asset 1 os profissionais Bruno Carvalho, responsável por juros, Gabriel Blum, focado em câmbio, e Pedro Abinader, que cuida de internacional.
O segmento de pesquisas, que é formado por seis economistas, fica sob a tutela de Carlos Viana, ex-membro do Federal Reserve (FED) e do Banco Central. A administração do negócio é feita por Marcelo Fatio, que também já trabalhou na área comercial do Itaú Asset.
“Eu saí do Itaú em maio do ano passado e o Siniscalchi, em junho”, explica Fatio. “A partir daí, fomos trazendo pessoas que conhecemos há muito tempo, como o próprio Viana, para cuidar de toda a parte de pesquisa proprietária, que é um dos nossos pilares”, diz.
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A ideia de montar uma gestora veio justamente de uma análise de mercado. As taxas de juros baixas, que empurraram muitos investidores para alternativas mais sofisticadas, como fundos multimercados e alocações internacionais, abriram também espaço para que novos players surgirem. Na visão de Fatio, essa é uma tendência que vai se perpetuar.
“Todas essas condições levaram o mercado para um novo patamar, de propostas diferentes de alocações de produtos. E enxergando isso, tomamos a decisão de começar a gestora”, diz Fatio. “E como somos um time de seniores, também estávamos em um estágio em que todo mundo estava realizado no que fazia, e onde fazia.”
De olho no risco fiscal
O fundo A1 FIC FIM tem uma estratégia de gestão macro, com base em uma análise robusta sobre os prováveis rumos do mercado.“Tentamos sempre traçar um cenário e observar a posição dos principais players. Além do próprio cenário, buscamos acertar também o timing de entrada e de saída das posições”, explica Bruno Carvalho, gestor de renda fixa.
Na visão de Carvalho, o cenário econômico vinha em um viés positivo até julho, mas inverteu rapidamente a tendência nos dois últimos meses, na esteira da situação fiscal do País.
“Os últimos acontecimentos tem nos deixado um pouco mais pessimistas, especialmente com esse anúncio do Renda Cidadã, que o governo se predispôs a gastar mais, em parte fora do teto de gastos, e em parte postergando pagamentos de dívidas”, explica o especialista.
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O cenário econômico mais nebuloso fez a gestora optar por diminuir substancialmente as posições, e de forma rápida. Entretanto, o A1 FIC FIM continuou com resultados positivos. Em agosto, a aplicação subiu 1,32% e em setembro, 1,36%.
“Destacamos esses dois últimos meses [agosto e setembro] porque houve uma mudança brusca de cenário e os preços acabaram se depreciando”, diz Siniscalchi. “Mesmo assim, a gente conseguiu antecipar essa mudança e proteger muito bem o portfólio dos nossos clientes.”
Como estratégia, o fundo migrou para ativos menos impactados pela situação política e fiscal do País. “Operamos muitos derivativos e papéis indexados à inflação para tentar performar em coisas que temos mais controle”, conclui Carvalho.