As ações do Banco do Brasil (BBAS3) recuavam no pregão desta sexta-feira (9) após o banco ter reportado um lucro líquido recorde de R$ 35,6 bilhões em 2023, alta de 11,4% na comparação com o mesmo período do ano passado.
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Por volta de 14h50, as ações do Banco do Brasil recuavam 1,74%, a R$ 57,52. Para Gabriel Meira especialista e sócio da Valor Investimentos, a queda de hoje é apenas uma realização de lucro do mercado, visto que o lucro de R$ 9,44 bilhões no quarto trimestre de 2023 ficou acima dos R$ 9,2 bilhões esperados pelos analistas. “O consenso era de um bom lucro e o número foi bem melhor: a queda de hoje é apenas uma realização de lucro do mercado, que faz as ações subirem no boato e caírem no fato”, avalia.
Já Milton Rabelo, analista da VG Research, diz acreditar que a queda pode estar ocorrendo após o banco projetar um crescimento entre 12,5% e 3,9% do lucro em 2024. Segundo ele, isso pode sinalizar uma desaceleração no crescimento do lucro da instituição em 2024, visto que em 2023 o crescimento foi de 11,4%.
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Ainda que a ação do BB esteja em queda nesta sexta-feira, as casas de analises recomendam compra. Segundo os analistas da XP Investimentos, o banco apresentou “resultados impressionantes” principalmente após a companhia ter a maior rentabilidade, medida pelo Retorno sobre o Patrimônio Líquido (ROE), entre os quatros grandes bancos no quarto trimestre de 2023. O indicador do BB encerrou 2023 em 22,5%.
Dividendos do Banco do Brasil
Outro fator que agradou os analistas foi a questão dos dividendos. A empresa anunciou a elevação do porcentual do lucro pago em proventos (payout) de 40% para 45%.Com base nas projeções de lucro e no payout estimado pela empresa, o Banco do Brasil pode pagar entre R$ 16,6 bilhões e R$ 18 bilhões em proventos neste ano.
Os analistas da Ativa Investimentos viram esse movimento de aumento do payout como positivo. “Consideramos esse movimento bastante positivo e similar ao forte guidance de lucro divulgado, onde a diretoria do BB dá um importante recado em relação ao seu alinhamento de interesse com os acionistas, o que também deverá ser bem recebido pelo mercado”, afirma Pedro Serra em relatório enviado ao mercado nesta sexta-feira (9).
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Os analistas estão otimistas e recomendam compra para BB. A XP Investimentos acredita que mesmo que o papel tenha subido 68,5% entre 29 de dezembro de 2022 e a última quinta-feira (8), o ativo ainda está descontado.
Por isso, a recomendação é de compra com preço-alvo de R$ 61, alta de 4,2% na comparação com o fechamento de quinta. Enquanto a Genial acredita que o papel deve subir 10,9% e chegar aos R$ 64,90, a Ativa Investimentos é mais otimista e acredita que o investidor deve entender que a divulgação dos resultados de hoje diminuíram o risco estatal.
“O temor do risco estatal de fato nos parece que foi sendo diluído ao longo de 2023 e enxergamos algumas razões, com destaque para o período em que o governo quis reduzir o teto de juros do INSS para 1,7% ao mês, patamar que não era rentável para o setor bancário. Os bancos públicos, em linha com os privados, se recusaram a reduzir os juros nesse patamar”, explicam os analistas da Ativa. A corretora possui recomendação de compra para o papal do Banco do Brasil com preço-alvo de R$ 75, uma alta de 28,1% na comparação com o fechamento de quinta-feira (8)
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A Empiricus Research prefere o Itaú por causa da boa entrega do banco e pelo questão da instituição financeira ser privada e não ter o risco estatal. A corretora não tem preço-alvo para o papel.
A visão do CFO do Banco do Brasil
O E-Investidor questionou os executivos do Banco do Brasil, em entrevista coletiva nesta sexta-feira (9), se a instituição poderia ir além do pagamento de 45% de pagamento de dividendos como piso, remunerando os investidores com um valor a mais dependendo do desempenho do banco ao longo de 2024.
Essa política é feita pelo Itaú, que tem como um piso de payout em 30%, mas pagou 60% do lucro em dividendos. Todavia, o CFO do Banco Brasil, Geovanne Tobias, negou essa possibilidade. “Preferimos uma estabilidade com o pagamento de 45% do lucro em dividendos, do que um payout baixo com dividendos extraordinários como o do Itaú”.
Ele comentou que prefere ter esse payout fixo mais elevado, pois “ele traz mais previsibilidade e segurança para o investidor. O acionista vai saber ao longo do ano o porcentual do lucro que ele vai receber”.
Os executivos do Banco do Brasil disseram que os investidores não devem se preocupar com a possibilidade de intervenção estatal na empresa, principalmente após o primeiro ano da gestão de Tarciana Medeiros.
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Segundo Tobias, a mensagem que pode ficar para o investidor é que todos os funcionários do banco são de carreira e conhecem o DNA da companhia. “Nós sabemos o que estamos fazendo, apesar de todo descrédito que o mercado deu para o Banco do Brasil e para esta gestão”, afirmou Tobias, lembrando que a companhia encerrou 2023 com o maior lucro de sua história e com o maior ROE entre os quatro bancos.
Tobias também ironizou quem segue com receio de o governo interferir na estratégia do BB. “Tem gente que acredita em Papai Noel, tem gente que acredita que a Terra é plana. O que que eu posso fazer?”.
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