As atenções nos mercados ficam nesta quinta-feira (7) na decisão de juros do Banco Central Europeu (BCE), e na coletiva com sua presidente, Christine Lagarde, além da volta do presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central americano), Jerome Powell, ao Congresso para audiência no Senado. Ainda, a dirigente de Cleveland do Fed, Loretta Mester, e indicadores dos EUA serão acompanhados durante os negócios.
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Na agenda local, o diretor de Política Econômica do Banco Central (BC), Diogo Guillen, fala em evento do Goldman Sachs e os resultados do novo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) para saúde, educação e infraestrutura social serão apresentados pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Saem também dados de inflação, o resultado das contas do setor público consolidado de janeiro e a Petrobras (PETR3; PETR4) publica balanço do quarto trimestre no início da noite em meio à forte expectativa pelo volume de dividendos da estatal.
Perdas moderadas predominam nas bolsas europeias e os futuros de ações em Nova York ensaiam recuperação em meio a expectativas pelo BCE, Powell e uma série de dados da economia americana. O setor financeiro também está no radar em Wall Street, após resgate do problemático banco regional New York Community Bancorp (NYCB). Os mercados na Europa são pressionados adicionalmente pela decepção com as encomendas à indústria na Alemanha em janeiro.
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Os rendimentos dos Treasuries (títulos da dívida estadunidense) oscilam perto da estabilidade, sem direção única. Após os de longo prazo caírem na sessão anterior, Powell sinalizou em depoimento à Camara dos Representantes o plano de corte de juros em 2024, mas disse que o Fed ainda busca evidências de que o índice de preços está migrando à meta “de maneira sustentável”, chancelando a expectativa majoritária no mercado de início de corte de juros em junho.
Já o presidente do Fed de Minneapolis, Neek Kashkari, afirmou que espera dois cortes de juros este ano, mas alertou que poderia mudar a expectativa para apenas uma redução da taxa básica, a depender da evolução da economia.
Para o BCE, os analistas projetam manutenção nos juros e esperam que Christine Lagarde, a presidente da autoridade monetária, dê pistas mais claras sobre as condições para o início do afrouxamento monetário e possivelmente reconhecerá que houve debates sobre quando acontecerá o primeiro corte.
Na China, o mercado de ações caiu por preocupações renovadas sobre sanções dos EUA a empresas chinesas e de Hong Kong, ficando em segundo plano os dados de exportação da China melhores do que o esperado e a sinalização de que Pequim voltará a reduzir a taxa de compulsório bancário, antecipados ontem.
O que esperar do mercado no Brasil
O ensaio de melhora nas bolsas americanas pode beneficiar o Ibovespa, embora queda leve do petróleo e especulações em torno do balanço da Petrobras e sobre o volume de dividendos a serem anunciados pela estatal após o fechamento possam apoiar alguma volatilidade nas próximas horas. A subida de 1,83% do minério de ferro para maio em Dalian, na China, se refletia em ganhos de 0,82% dos ADRs da Vale (VALE3) no pré-mercado em Nova York, sinalizando potencial ganho aos papéis da mineradora na B3, enquanto os investidores repercutem também balanços e uma série de emissões corporativas via debêntures.
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Os juros futuros podem ter oscilações estreitas diante da relativa estabilidade dos rendimentos dos Treasuries, enquanto o dólar se mantém em baixa frente moedas principais e emergentes ligadas a commodities. Os investidores vão analisar também os dados de inflação e fiscais.
Para o Índice Geral de Preços (IGP-DI), o mercado espera deflação de 0,37% em fevereiro, após retração de 0,27% em janeiro, apurou o Projeções Broadcast. Para o setor público consolidado, a mediana é de superávit primário de R$ 98,30 bilhões em janeiro, após déficit de R$ 129,573 bilhões em dezembro. Para 2024, a mediana indica déficit primário de R$ 77,30 bilhões, após saldo negativo de R$ 249,124 bilhões em 2023, lembrando que a meta do governo é de déficit zero neste ano.
Estudo feito pela consultoria de Orçamento da Câmara indica que o governo terá de bloquear R$ 41 bilhões em despesas públicas na primeira revisão do ano, em 22 de março, caso mantenha firme o objetivo de chegar à meta de déficit zero, prometido pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad. O valor leva em conta a volta da desoneração da folha de pagamentos, conforme negociação política firmada por Haddad com o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG).
No entanto, ainda não incorpora eventuais perdas extras de arrecadação com a desoneração dos municípios e manutenção parcial de benefícios tributários ao setor de eventos, o Perse. Haddad quer limitar a perda de arrecadação do governo neste ano com o Perse a R$ 8 bilhões, segundo fontes ouvidas pelo Estadão/Broadcast.
Agenda desta quinta-feira
Entre os indicadores locais programados, destaque para o IGP-DI de fevereiro (8h) e os dados do setor público consolidado de janeiro (9h30). O Tesouro faz leilões de venda de LTN e NTN-F (11h). O diretor de Política Econômica do BC, Diogo Guillen, fala em evento (11h30). O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, recebe o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (11h) e participa de evento sobre royalties do Estado do Espírito Santo (16h).
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No Senado, os líderes partidários têm reunião para definir a pauta da próxima semana (9h). Na área corporativa, Petrobras, CBA (CBAV3), Fleury (FLRY3), Arezzo (ARZZ3) e Petz (PETZ3) publicam balanços do quarto trimestre de 2023 após o fechamento dos mercados. A Gol (GOLL4) tem audiência em Nova York para tratar do pedido de recuperação judicial da empresa aérea (16h).
No exterior, o BCE anuncia decisão monetária (10h15) e a presidente, Christine Lagarde, concede entrevista coletiva (10h45).
Nos EUA, o presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, participa de audiência no Senado (12h) e a dirigente de Cleveland, Loretta Mester, de evento (13h30). Serão publicados também dados sobre pedidos semanais de auxílio-desemprego, balança comercial em janeiro e custo unitário de mão de obra no quarto trimestre (todos às 10h30), além de crédito ao consumidor (17h). À noite, o presidente dos EUA, Joe Biden, faz o discurso anual do Estado da União (23h).
* Com informações do Broadcast
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