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Ações da Petrobras desabam com frustração do investidor e puxam o Ibovespa para baixo

A decisão do conselho de administração de não distribuir dividendos extraordinários aos acionistas gerou pessimismo no mercado

Ações da Petrobras desabam com frustração do investidor e puxam o Ibovespa para baixo
Painel do Ibovespa (Foto: Werther Santana/Estadão)

A decepção do mercado com o balanço da Petrobras (PETR4;PETR3), referente ao quarto trimestre de 2023, faz as ações da estatal desabarem no pregão desta sexta-feira (8). As ações ordinárias da Petrobras encerraram em queda de 10,37%, cotadas a R$ 36,98, após oscilarem entre máxima a R$ 37,96 e mínima a R$ 35,47.

Já os papéis preferenciais da companhia fecharam em baixa de 10,57%, sendo negociados a R$ 36,12 ao final do pregão, depois de variarem entre máxima a R$ 37,06 e mínima a R$ 35,1o.

A queda das ações levam o Ibovespa para a faixa dos 126 mil pontos, agora em queda de 1,16%. O pessimismo do mercado reflete a decisão do conselho de administração em não distribuir dividendos extraordinários aos acionistas. A expectativa era de um dividendo entre US$ 3 bilhões e US$ 4 bilhões.

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O assunto já estava no radar dos investidores desde o fim de fevereiro, quando Jean Paul Prates, CEO da companhia, afirmou que a petroleira seria cautelosa com o pagamento dos dividendos. Com essa decisão, a companhia limitou o pagamento de US$ 2,9 bilhões em proventos.

A notícia fez os bancos e corretoras reavaliarem as suas recomendações para o papel. O Bradesco BBI rebaixou a recomendação da Petrobras (PETR3; PETR4) de outperform (equivalente a compra) para neutra e cortou o preço-alvo da ação preferencial de R$ 48 para R$ 41. “Esta decisão traz incerteza à política, que costumava ser muito clara”, dizem os analistas Vicente Falanga, e Gustavo Sadka, em relatório enviado aos clientes hoje.

O Santander também fez o mesmo movimento e cortou o preço-alvo da ação ordinária de R$ 52 para R$ 47. Apesar do rebaixamento, o banco ainda enxerga um potencial de valorização de 16,36% do ativo em relação ao fechamento do pregão de quinta (7). Os analistas esperam que a Petrobras gere um fluxo de caixa operacional de aproximadamente US$ 40 bilhões em 2024, “o que é mais que suficiente para financiar investimentos”.

O banco espanhol não descarta que a empresa acelere a atividade de fusões e aquisições neste ano, limitando o potencial de pagamento de dividendos extraordinários e aproximando  a Petrobras aos seus pares.

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Já o Safra considerou que a decisão da estatal torna a manutenção das ações menos atraente para o mercado por aumentar a incerteza sobre pagamentos futuros e de alocação de capital, o que deve eclipsar os resultados operacionais do quarto trimestre de 2023 em linha com o esperado. “A surpresa negativa veio dos dividendos extraordinários: embora não esperávamos que a empresa pagasse o valor integral disponível para a remuneração extraordinária, também não esperávamos que a Petrobras não pagasse nada nessa frente, o que deve decepcionar o mercado”, afirmam os analistas Conrado Vegner, e Vinícius Andrade, em relatório.

A Petrobras é a melhor empresa para dividendos?

Segundo Bruno Corano, economista e investidor da Corano capital, a Petrobras é a melhor empresa do setor para quem busca dividendos. “Ela está muito mais distante em termos de desenvolvimento em relação as demais por já ser uma empresa madura e consolidada”, diz. A decisão de manter os papéis em função de uma estratégia de dividendos, portanto, vai depender muito do perfil do investidor. “Se a pessoa for vender suas ações em um prazo de 12 meses, o ideal é evitar o risco e as tensões no mercado. Já se o investidor for carregar o papel no prazo de 20 anos, esse investimento pode ser atrativo.”

A XP Investimentos avalia outras duas possibilidades. A primeira é que se a Petrobras fizer uma grande aquisição no curto prazo, as ações podem cair ainda mais “devido a uma combinação de má alocação de capital com dividendos mais baixos”, dizem André Vidal e Helena Kelm. Na outra ponta, eles reforçam que se o governo decidiu diminuir o pagamento de dividendos com o objetivo de manter um “plano de reserva” para o caso de uma deterioração das contas fiscais, esse dinheiro deve ser distribuído em dividendos em breve.

“O valor estocado acabará sendo pago de volta aos investidores e as ações poderão apresentar um bom desempenho de retorno total no futuro”,  afiram Vidal e Kelm, em relatório.

Já Flávio Conde, analista da Levante, afirma que mudança realmente foi um choque e que os analistas estão revendo as suas estimativas após a redução dos dividendos. “A ação perde toda a atratividade que tinha, pois os investidores estavam em busca de dividendos”, afirma.

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Ainda assim, ele reforça que 3R Petroleum e PetroReconcavo não são substitutas diretas para a Petrobras. “Elas são empresas juniores e o que o investidor pode esperar é crescimento e grandes saltos nas ações, mas não dividendos”, comentou Conde.

Os especialistas recomendam que o investidor olhe para outras empresas, como Vale (VALE3) e bancos, que também são boas pagadoras de dividendos e não apresentam o mesmo risco. Nesta reportagem, mostramos uma análise completa se vale a pena investir nas ações concorrentes da Petro.

/ COLABOROU BEATRIZ ROCHA

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