- Com o slogan 'Agora a sua saúde tem um plano', a empresa de planos de saúde terá atuação inicial em São Paulo e focará em atendimento personalizado e humanizado
- Seripieri não tem mais relação executiva com a Qualicorp desde o ano passado, quando deixou o cargo de diretor-presidente e o conselho de administração, após vender metade das suas ações
- José Seripieri Junior conquistou o primeiro bilhão em 2011. Self made man, realizou o sonho de ser médico ao criar uma das maiores empresas de planos de saúde do País
José Seripieri Junior tem sua trajetória ligada à Qualicorp (QUAL3), empresa que fundou em 1997 e da qual saiu em 2019, mas começou uma nova empreitada com o lançamento da Qsaúde neste domingo (18). Com o slogan “Agora a sua saúde tem um plano”, a empresa de planos de saúde terá atuação inicial em São Paulo.
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No rol de parceiros da nova empresa, estão os renomados hospitais Albert Einstein, Oswaldo Cruz, HCor e Santa Catarina, e as maternidades Pro Matre, Santa Joana e Santa Maria. Na área de exames, participam os centros de diagnósticos Delboni, Salomão Zoppi, Lavoisier e o do próprio Einstein.
De acordo com a empresa, o público-alvo será a parte população da capital paulista que não tem plano de saúde ou que esteja insatisfeita com o seu plano atual. Os valores dos contratos começam em R$ 246,39.
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Seripieri não tem mais relação executiva com a Qualicorp desde o ano passado, quando deixou o cargo de diretor presidente e o conselho de administração, após vender metade das suas ações.
Em janeiro deste ano, ele adquiriu a Qsaúde, que veio a ser lançada neste domingo (18), no Dia do Médico.
Como José Seripieri começou?
Se tem um setor que Seripieri – mais conhecido como Júnior – entende é o de saúde. Foi neste ramo que ele se tornou bilionário em 2011, após a entrada da Qualicorp na B3. Ao todo, a companhia conseguiu captar cerca de R$ 1 bilhão à época.
“E eu ainda acho que perdi tempo”, disse Seripieri em sua primeira entrevista após a bem sucedida oferta inicial de ações (IPO, na sigla em inglês).
Superando os obstáculos
José Seripieri Junior, antes mesmo dos 18 anos, queria ser médico, mas não conseguiu ingressar em um curso de medicina. Após tentar outras faculdades, decidiu trabalhar com vendas.
Mas um problema de gagueira virou um obstáculo para trabalhar apenas por telefone dentro de um escritório da Golden Cross, onde atuava. A solução foi ir para as ruas, onde a venda de “porta em porta” foi a virada de chave.
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O sucesso nas vendas o levou a conceber o modelo de planos coletivos por adesão, do qual virou líder de mercado tempos depois.
Surgimento da Qualicorp
A Qualicorp foi fundada em 1997, com a ideia de vender planos de saúde em grande quantidade para entidades de classe e empresas, por exemplo. Com muita gente aderindo aos planos, o valor final por cliente ficava mais barato.
Com a dificuldade do acesso ao serviço público de Saúde, Seripieri entendeu o potencial do negócio, que chegou também às classes menos favorecidas.
Saída da Qualicorp
Algumas polêmicas precederam a saída de Seripieri da Qualicorp no passado. Em outubro de 2018, as ações da Qualicorp chegaram a cair 30% e a empresa perdeu, à época, R$ 1,4 bilhão de valor de mercado, em função de um acordo de não competição durante seis anos, anunciado entre a administradora de planos de saúde e Seripieri.
O acordo gerou forte repercussão entre outros acionistas, como a XP Investimentos. Após a polêmica, Seripieri se comprometeu a investir os R$ 150 milhões em ações da companhia, no acordo de não concorrência. Com isso, ele passou de 15% a 18,56% de participação na empresa.
Em janeiro deste ano, durante Assembleia Geral Extraordinária (AGE), os acionistas da Qualicorp aprovaram a venda da participação da companhia no plano de saúde QSaúde, para Seripieri. O valor final estimado da operação foi de R$ 75 milhões.
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Outro ponto aprovado na assembleia foi a liberação parcial e restrita das obrigações de não competição e não aliciamento de clientes, fornecedores, distribuidores e parceiros comerciais assumida por Seripieri em contrato fechado com a Qualicorp em 2018.
O acordo dizia respeito à atividade como operadora de planos de saúde pela QSaúde. E foi aprovado ainda um acordo para que a Qualicorp ofereça produtos da nova operadora controlada por Seripieri.
Diagnóstico de covid-19
Em março deste ano, no início da pandemia, Seripieri foi diagnosticado com covid-19. Ele fazia parte de um grupo de risco, pois tem uma doença crônica pulmonar e já retirou parte da pleura e de um dos pulmões.
“A cabeça explode, a prostração é devastadora e até a pele arde sem dar trégua. Meu corpo se rendia à febre, à tosse e às dores de quebrar a alma. Perdi completamente a noção do tempo e confesso que, a certa altura, oprimido por um desânimo abissal e distante da minha família, me convenci de que iria para um respirador para, na sequência, virar estatística”, relatou o empresário em artigo publicado no jornal Folha de S.Paulo, no dia 14 de abril.
No texto, Seripieri agradeceu aos profissionais de Saúde que atuaram na linha de frente e criticou declarações de figuras públicas que evocavam “razões de ordem ideológica, pessoal, econômica e estatística, para relativizar a importância do isolamento como forma de combate à pandemia da covid-19”.
Alvo na justiça
A maior polêmica envolvendo o empresário aconteceu em 21 de julho deste ano, quando Seripieri foi preso durante uma operação que mirava o senador José Serra (PSDB-SP) por suposto caixa dois de R$ 5 milhões nas eleições de 2014.
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Os investigadores apontaram indícios de que a Qualicorp tinha fraudado contratos para dissimular repasses à campanha, e o delegado responsável afirmou que o empresário montou uma ‘estrutura financeira e societária’ para ocultar a transferência do dinheiro da Justiça Eleitoral.
Na sexta-feira (24), o juiz Marco Antonio Martin Vargas, da 1ª Zona Eleitoral de São Paulo, determinou a soltura do empresário. A decisão atendeu a pedidos dos defensores dos empresários e antecipou o fim das prisões temporárias.
Celso Vilardi, advogado de Seripieri, chegou a afirmar que a prisão do empresário foi carregada de excessos e injustiças. “Os Policiais Federais portaram-se dignamente, mas uma força tática especial arrombou portas e quebrou vidros, enquanto Junior gritava que a entrada estava autorizada”, declarou, à época, o advogado ao Estadão.