O ano de 2023 foi desafiador para o sistema financeiro brasileiro. Logo no início do ano passado, a crise da Americanas lançou uma sombra de incerteza sobre o mercado de crédito, abalando essa fonte de receitas. No lado da prestação de serviços, os bancos e instituições de pagamento sofreram com a maturação do PIX e com a ausência de ofertas públicas de ações (IPOs, na sigla em inglês).
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Com a temporada de balanços de 2023 chegando ao fim, a Elos Ayta elaborou um estudo sobre a rentabilidade patrimonial (Return on Equity, ROE) do setor financeiro. Esse estudo considerou 16 empresas do setor, listadas em bolsa, cujas ações têm mais liquidez. Especificamente, o volume de negócios médio diário supera R$ 1 milhão. O ano foi desafiador. Na média, a rentabilidade patrimonial dessas 16 companhias foi de 14,46%. Foi um resultado abaixo da média histórica, que tende a oscilar entre 17% e 19% ao ano.
Na contramão desse cenário, Banco do Brasil (BBAS3), CSU Digital (CSUD3) e BTG Pactual (BPAC11) obtiveram uma rentabilidade patrimonial bem acima desse patamar, alcançando 22,34%, 21,80% e 20,6% em 2023, respectivamente. Maior banco público, o BB divulgou resultados recordes referentes ao ano passado, com um lucro de R$ 35,6 bilhões, o maior do sistema financeiro.
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A CSU Digital (CSUD3), uma small cap do subsetor “intermediários financeiros e serviços financeiros diversos” da B3 e, principal empresa independente de processamento de pagamentos, surpreendeu ao apresentar um retorno superior ao de líderes do setor como BTG Pactual, B3 (B3SA3) e Itaú Unibanco (ITUB4).
Esse foi o melhor desempenho histórico da empresa. E a comparação é difícil. Tanto o BTG quanto o Itaú apresentaram desempenhos recordes. No caso do Itaú, devido ao controle rígido da inadimplência. E no caso do BTG, graças aos bons resultados com tesouraria, gestão de recursos e banco de investimentos.
Alta das ações
As ações desse setor que mais se valorizaram nos últimos 12 meses foram Banco Pine (+200,14%), Nubank (+164,40%) e CSU Digital (+132,44%), seguidos de Banco BMG, BTG Pactual e Banco Pan. Foram excluídas da análise empresas com baixa liquidez (volume médio negociado inferior a R$ 1 milhão por dia).
Em primeiro lugar ficou o Banco Pine (PINE4), a valorização das ações se deve aos resultados recordes no quarto trimestre de 2023. O banco realizou uma bem-sucedida alteração de suas políticas de crédito. Tradicionalmente concentrado no middle market, que atende empresas de menor porte, o Pine sabiamente antecipou o aperto da política monetária e a alta dos juros, e passou a atuar no chamado “varejo colateralizado” – empréstimos com garantia de recursos como INSS e FGTS.
No caso do Nubank (ROXO34), maior fintech brasileira, a causa da alta das ações foi o otimismo dos investidores com as perspectivas, em um momento de maturação dos resultados das operações de crédito.
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O desempenho das ações da CSU Digital (CSUD3) nos pregões também ficou acima da média, assim como o ROE. No acumulado em 12 meses até 20 de março de 2024, a valorização dos papéis foi de 132,44%, terceira ação mais rentável do setor. Na média, as 22 ações mais líquidas (correspondendo às 16 empresas da análise: em alguns casos há mais de uma ação listada) se valorizaram 62,95% nesse período.
A alta das ações da CSU nesse período mostra que os investidores estão cada vez mais atentos aos ativos que apresentam melhores fundamentos e reconhecem a maturação da reorganização estratégica da companhia, que se iniciou há cerca de dois anos. Fundada em 1992, a empresa nasceu como CardSystem. Inicialmente, dedicava-se ao processamento de transações de cartões de crédito para instituições financeiras de pequeno e médio porte, que não tinham acesso às processadoras dos grandes bancos.
Há cerca de dois anos, a companhia iniciou um processo de reestruturação em torno de duas verticais que operam de forma integrada. A divisão CSU Pays oferece a infraestrutura tecnológica para serviços financeiros, pagamentos digitais, fidelidade, incentivos e embedded finance, incluindo contas, cartões, carteiras digitais, Pix e criptomoedas. Já a divisão DX (Digital Experience) engloba os serviços de customer experience e de hiperautomação de processos de back-office com uso massivo de Inteligência Artificial (IA).
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