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Casas Bahia (BHIA3): analistas esperam prejuízo de até R$ 703 milhões hoje

Mercado fala em "mais um trimestre para ser esquecido"; companhia divulga balanço nesta segunda-feira (25) à noite

Casas Bahia (BHIA3): analistas esperam prejuízo de até R$ 703 milhões hoje
(Imagem: Felipe Rau/Estadão)
  • Prejuízo de R$ 602 milhões representa uma piora 269,3% em relação ao quarto trimestre de 2022
  • Analistas se dividem sobre quando o Grupo Casas Bahia teria uma melhora
  • Consenso aponta que investidor não deve comprar o ativo, visto que a recomendação é neutra

O Grupo Casas Bahia (BHIA3) deve registrar prejuízo entre R$ 598 milhões a R$ 703 milhões no quarto trimestre de 2023, mostra levantamento feito pelo E-Investidor, nesta sexta-feira (22), com base em quatro estimativas de casas de análises.

Os analistas do BTG Pactual calculam que a varejista terá um prejuízo de R$ 598 milhões, enquanto o Santander estima um prejuízo de R$ 529 milhões. Já os especialistas de Bradesco BBI e Ágora Investimentos projetam um prejuízo de R$ 579 milhões. A Genial Investimentos acredita que o rombo será ainda maior, de R$ 703 milhões.

Os especialistas esperam um resultado fraco por causa do plano de reestruturação, anunciado em setembro de 2023. A decisão foi tomada após a empresa registrar em uma série de quatro prejuízos seguidos em meio à alta dos juros no País em 2021 e 2022, o que piorou o endividamento da companhia.

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A reestruturação causou impactos negativos no balanço o terceiro trimestre de 2023, como perdas de R$ 204 milhões com a queima de estoques, R$ 66 milhões para a provisão do cartão co-branded e R$ 190 milhões com outros pontos da estratégia, como demissões. É justamente esses empecilhos, mais o cenário macroeconômico, que preocupam os analistas.

“Mais um trimestre a ser esquecido para a Casas Bahia”

Para a Genial Investimentos, o resultado do quarto trimestre de 2023, que será divulgado na segunda-feira (25) após o fechamento do mercado, será pior em todas as linhas com um Volume Bruto de Mercadorias (GMV, na sigla em inglês) de R$ 10,3 bilhões, queda de 11,6% na comparação com o mesmo período de 2022.

“A queda deve acontecer devido à desaceleração das vendas em lojas físicas e no meio digital. Sem dúvidas, em termos de rentabilidade, acreditamos que este deve ser mais um trimestre a ser esquecido”, argumentam Iago Souza, Vinicius Esteves e Nina Mirazon, que assinam o relatório da Genial.

Os especialistas comentam também que o cenário macroeconômico ainda não está totalmente favorável, o que deve pesar no balanço. “Mesmo com a queda de juros e da inflação, ainda não enxergamos uma tradução deste alívio em uma redução do endividamento familiar e em um aumento da confiança do consumidor ao longo do trimestre”, apontam os analistas da Genial.

Outro fator é que Souza, Esteves e Mirazon esperam um fechamento de 17 unidades ao longo do trimestre, totalizando 55 encerramentos de lojas ao longo de 2023. “Naturalmente, com uma redução na área de vendas do grupo, a receita bruta de lojas físicas deve cair na visão anual, o que também pressiona o balanço”, explicam.

Os analistas da Ágora Investimentos e Bradesco BBI também dizem acreditar que o balanço será fraco por causa do plano de reestruturação que a empresa vem passando. No entanto, a equipe liderada por José Francisco Cataldo Ferreira espera alguns pontos positivos, como a geração de fluxo de caixa. “Esperamos que seja saudável, principalmente devido à sazonalidade de fim de ano, visto que esse é um período de maior consumo por causa das festividades de Natal e ano-novo”, afirma.

Cataldo e sua equipe também estimam que a empresa deve se aproximar da conclusão de seu ajuste no estoque. Durante o anúncio do plano de reestruturação, o CEO do Grupo Casas Bahia, Renato Franklin, havia dito que a companhia poderia gerar mais de R$ 1 bilhão em caixa no processo de queima de estoque. É justamente sobre esse assunto que a Ágora está curiosa e tem grandes expectativas.

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Por outro lado, os especialistas da Genial enxergam que a queima de estoque deve apenas pressionar ainda mais o balanço da empresa. “O saldão de estoques antigos ainda deve impactar a rentabilidade do grupo no quarto trimestre. Esperamos um lucro bruto de R$ 1,9 bilhão, uma queda de 30,5% na comparação anual e uma margem bruta de 26,0%, o que representa um recuo de 5,4 pontos porcentuais em relação ao quarto trimestre de 2022”, detalham Souza, Esteves e Mirazon, da Genial.

Melhora do Grupo Casas Bahia ainda é incerta

De modo geral, os analistas esperam queda nas receitas e piora nos prejuízos – a empresa reportou no quarto trimestre de 2022 perdas de R$ 163 milhões. Lucas Lima, analista da VG Research, lembra que embora o plano de Franklin tenha alavancas claras e bem quantificadas para tornar o modelo de negócio da companhia mais sustentável, o ambiente macroeconômico ainda não está nada favorável para a Casas Bahia.

Por causa disso, ele diz acreditar que o investidor não deve esperar uma melhora no balanço de segunda-feira nem nos dois primeiros trimestres de 2024. “Acreditamos que sinais positivos apenas devem aparecer ao longo do segundo semestre de 2024, com alívio do endividamento das famílias e redução mais relevante da taxa de juros”, argumenta Lima.

A Genial é mais conservadora e diz acreditar que o investidor só verá uma boa situação para o Grupo Casas Bahia em 2025, visto que esse será o ano que tende a marcar o início da geração de caixa e o término de toda a reestruturação. “A companhia deve reduzir substancialmente as despesas operacionais alocadas para este fim. Consequentemente, o Grupo Casas Bahia tem espaço para apresentar uma forte melhora no Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) em 2025 com o início da geração de caixa prevista para o ano em questão”, salientam Souza, Esteves e Mirazon.

Por causa desses fatores, os analistas possuem recomendação neutra para o papel por acreditarem que a melhora não ocorrerá nos próximos meses. A Genial é a única corretora que ainda estipula um preço-alvo em seu relatório, mesmo não recomendando compra para o ativo. Os analistas calculam que o papel deve encerrar o ano a R$ 9,50, uma potencial alta de 21,6% na comparação com o fechamento de quinta-feira (21), quando fechou o pregão cotado a R$ 7,81.

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