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Qual investimento da renda fixa rende 12% ao ano com Selic a 10,75%?

Investidor vai precisar colocar mais risco na carteira e tirar liquidez da renda fixa. Veja as opções para ganhar 1% ao mês

Qual investimento da renda fixa rende 12% ao ano com Selic a 10,75%?
Para manter rentabilidade de 12%: crédito privado e monitorar prazos dos títulos. Foto de Austin Distel @austindistel Unsplash
  • Banco Central confirmou o corte de 0,5% na taxa Selic, que fechou de 11,25% para 10,75% ao ano
  • Para perseguir os 12% ao ano na renda fixa, investidor vai precisar assumir risco de crédito privado em debêntures, papeis incentivados com isenção de IR, CRIs, CRAs e algumas emissões bancárias
  • Mesmo na renda fixa, título privados embutem riscos que precisam ser avaliados. Buscar ajuda profissional é uma forma de manter a prudência

Com o atual ciclo de queda de juros, para o investidor manter o retorno no tão sonhado patamar mínimo dos 12% ao ano não tem escapatória: é preciso colocar mais risco na carteira e tirar um pouco de liquidez da renda fixa. O bom é que, mesmo diante desse cenário, o mercado ainda oferece diversas opções que podem proporcionar rendimentos nesta faixa.

Nesta quarta-feira (20), o Banco Central (BC) confirmou o corte de 0,5% na taxa Selic, que passou de 11,25% para 10,75% ao ano. As projeções de mercado expressas no Boletim Focus projetam que os juros básicos terminarão 2024 na casa de um dígito, aos 9% ao ano, e em 8,5% em 2025. Diante desse panorama, os investidores brasileiros se veem obrigados a abastecer suas carteiras com crédito privado e monitorar cuidadosamente os prazos dos títulos, de forma a manter o nível de rentabilidade.

“O sonhado 1% ao mês com risco governo, volatilidade zero e liquidez imediata foi oficialmente extinto em dezembro, quando o BC reduziu de 12,25% para 11,75% ao ano. Dito isso, não faltam oportunidades para alcançar o desejado 1% ao mês no mercado financeiro, aumentando ligeiramente o risco e diminuindo a liquidez”, diz Caio Schettino, head de alocações da Criteria.

Em outras palavras, para manter essa rentabilidade na renda fixa, o investidor terá que alongar o prazo dos títulos. Isso significa optar por papeis com vencimentos mais longos e assumir o risco de crédito privado como debêntures, papeis incentivados com isenção de Imposto de Renda (IR), Certificados de Recebíveis Imobiliários (CRIs) e do Agronegócio (CRAs) e algumas emissões bancárias.

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“A Selic impacta muito mais sobre os vencimentos mais curtos. Nos mais longos ainda é possível encontrar taxas superiores a 12%”, comenta Cristian Pelliza, economista-chefe da Nippur Finance. “O que muda é o perfil de risco e a duração dos papeis.”

Cuidados com os novos riscos na renda fixa

Victor Beyruti, economista da Guide Investimentos, cita que, na renda variável, o Ibovespa até apresentou um desempenho acima dos 12% nos últimos 12 meses, mas, esse, observa, não é um retorno garantido. “Para ter um rendimento mais certo, a única escolha seria nos títulos prefixados de crédito privado e Certificados de Depósito Bancário (CDBs) de bancos menores. Os do governo, no entanto, não pagam mais isso, até pelo risco baixo”, diz Beyruti.

Ao considerar investir em debêntures ou em outras emissões de títulos privados, os investidores devem avaliar cuidadosamente os riscos. É salutar buscar um assessor de investimentos qualificado para tentar entender melhor a exposição ao perigo.

“O importante nisto é ver o risco de quem está emitindo o título. É bom ser prudente porque sempre há operações de instituições que não são tão fidedignas e de empresas que podem ter problema lá na frente”, aponta Álvaro Bandeira, coordenador da Comissão de Economia da Associação dos Analistas e Profissionais de Investimento do Mercado de Capitais do Brasil (Apimec Brasil).

Entre os problemas que o investidor está sujeito ao tomar um título de dívida privado estão o risco de crédito – quando a empresa emissora perde sua capacidade de cumprir suas obrigações – e de inadimplência – quando ela deixa de reembolsar o capital investido. Outros instrumentos além da renda fixa envolvem fundos de investimentos imobiliários (FIIs), fundos de investimento em cadeias agroindustriais (Fiagros) e os fundos de infraestrutura (FIP-IE). Nestes casos, além do risco de crédito privado, o investidor também contrata o risco das operações e dos projetos.

Em relação aos papeis incentivados, o mercado espera maior demanda. Aliado à redução dos juros, as mudanças promovidas pelo Conselho Monetário Nacional (CMN) no início de fevereiro – limitando as emissões de CRAs e CRIs às empresas que atuam no setores agro e imobiliário – aumentarão a atratividade pelo crédito privado isento de IR.

“Hoje, a maioria destes títulos oferecem remuneração superior a 1% ao mês isento de Imposto de Renda para pessoa física. Naturalmente, temos a expectativa que estes títulos registrem recordes de captação ao longo de 2024”, comenta Schettino da Criteria.

Diversificação é estratégia para melhores retornos

Fundos de investimento também aparecem na lista de opções mais rentáveis – e arriscadas. O analista Sidney Lima, da Ouro Preto Investimentos, por exemplo, puxa a sardinha para sua empresa e menciona os fundos da companhia que pagaram mais de 12%. O Ouro Preto FIC FIM CP, um multimercado da casa, rendeu 14,61% nos últimos 12 meses, conta.

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Na renda variável ainda é possível citar vários outros produtos como as ações de empresas de tecnologia, criptomoedas, índices como Ibovespa e S&P 500… e ouro. É evidente que o desempenho pode não se repetir ao longo de 2024, mas para isso, também há uma proteção. “A forma mais segura de garantir bons investimentos ocorre por meio da alocação diversificada – com ativos de renda fixa, renda variável, locais e globais – e com foco no longo prazo”, ensina Cauê Mançanares, Sócio-fundador da Investo.

Josiane Francisco, especialista em Investimentos do Sistema Ailos, lembra ainda do câmbio. Ela observa que o dólar costuma se valorizar em ciclos de queda de juros, na medida em que investidores internacionais tendem a buscar melhores remunerações fora do Brasil, num movimento que desvaloriza o real frente ao dólar. “A diversificação costuma ser uma estratégia assertiva para obter melhores retornos”, reforça.

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