A Dotz (DOTZ3) teve um prejuízo consolidado de R$ 10,1 milhões no primeiro trimestre de 2024, uma redução de 31,3% na comparação com o prejuízo de R$ 15,5 milhões do primeiro trimestre de 2023. “Conseguimos reduzir o prejuízo e aumentar a rentabilidade em um trimestre que fica marcado como um verdadeiro ponto de virada para a empresa”, diz o CEO da companhia, Otávio Araújo, em entrevista exclusiva ao E-Investidor.
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Como destaque da redução desse prejuízo, Araújo vê uma melhora na rentabilidade, medida pela margem bruta, que foi de 42,9% no primeiro trimestre de 2023 para 46,5% no primeiro trimestre de 2024, alta de 3,6 pontos porcentuais na base anual. Segundo o CEO, esse avanço aconteceu devido ao crescimento das receitas de Techfin, o braço de serviços financeiros da companhia.
A companhia passa por uma reestruturação e busca não só focar na venda de tickets de resgate de pontos para empresas do setor varejista, mas em ser uma plataforma integrada, que passa a oferecer serviços financeiros para os clientes pessoas físicas.
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O faturamento de Techfin somou R$ 18,9 milhões, uma alta de 80,5% na comparação com o mesmo período do ano passado. O segmento hoje corresponde a 31% do faturamento da empresa. Na visão do CEO, o braço de serviços financeiros da plataforma é o grande impulsionador do resultado da empresa, que conseguiu encerrar o primeiro trimestre de 2024 com um Ebitda (Lucros antes de juros, impostos, depreciação e amortização) negativo de R$ 900 mil, ante um Ebitda negativo de R$ 15,9 milhões no primeiro trimestre do ano passado.
“Essa melhora de R$ 15 milhões mostra que a empresa está em um ponto de inflexão, puxado principalmente pelo avanço de 80% das receitas de Techfin. Nós prevemos crescer em todas as linhas, mas o grande foco é o setor de Techfin, quanto mais ele crescer, melhor será o desempenho da companhia devido à diversificação de receitas”, aponta Araújo.
Ainda que o CEO aponte um ponto de inflexão nesse trimestre, a fase vivida pela companhia não é fácil. Mesmo com a melhora do Ebitda, redução do prejuízo e melhora na rentabilidade, a empresa passa por uma forte turbulência no mercado financeiro. A companhia até teve uma lua de mel de um mês e meio com o mercado financeiro após o seu IPO. A empresa estreitou na Bolsa no dia 31 de maio de 2021 e atingiu sua máxima histórica no dia 19 de julho de 2021.
Considerando o agrupamento de ações para impedir que a ação da empresa não vire uma penny stock, o papel da empresa foi de R$ 131,80 para R$ 170, uma alta de 28,9% entre o IPO e a máxima histórica. No entanto, após essa forte alta, o ativo entrou em queda livre. O papel da companhia foi dos R$ 170 no dia 19 de julho de 2021 para R$ 8,66 no fechamento desta terça-feira (14), o que equivale a uma queda de 94,9%.
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A baixa aconteceu em meio à combinação de dois fatores. O primeiro é o fato da empresa nunca ter dado lucro desde o IPO. Já o segundo foi a alta da taxa básica de juros de economia, a Selic. Quando a Dotz abriu capital na Bolsa, os juros estavam em 3,5% ao ano, mas em cerca de um ano, os juros foram para 13,75% ao ano. Essa alta das taxas fez o mercado buscar retornos maiores e seguros na renda fixa, o que causou esses solavancos em empresas menos consolidadas da Bolsa, como na Dotz.
Para reverter essa forte queda na Bolsa, sair do vermelhor e remunerar os seus acionistas com dividendos, o plano é seguir com a ampliação das receitas de serviços financeiros para pessoas físicas. Na visão dele, essa mudança tende a ser a moeda de ouro da empresa.
“Estamos executando o prometido no IPO, com a empresa migrando para ser uma plataforma completa de serviços financeiros. Em 2022, o Techfin representava 6% de todo o negócio e hoje ele representa cerca de 31%”, destaca. “À medida que os nossos negócios financeiros aumentam, nossa margem bruta, que mede a nossa rentabilidade, cresce.Tenho muita convicção de que o mercado vai entender o que estamos fazendo e isso vai valorizar as nossas ações”, afirma.