Os juros futuros sustentaram o sinal de baixa até o fim da tarde desta quinta-feira (6), embalados pelo clima ameno no cenário internacional, via dados do mercado de trabalho nos EUA e decisão do Banco Central Europeu (BCE), pela queda do dólar e falas dirigentes do Banco Central que reforçaram a aposta de que o Copom deve retomar o consenso na reunião de junho de forma a dissipar dúvidas com relação aos critérios técnicos que pautam as decisões de política monetária.
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No fechamento, a taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2025 estava em 10,455%, de 10,464% ontem no ajuste, e a do DI para janeiro de 2026, em 10,87%, de 10,93%. O DI para janeiro de 2027 projetava taxa de 11,19%, de 11,25%. A taxa do DI para janeiro de 2029 caía de 11,66% para 11,61%.
Mesmo com os rendimentos dos Treasuries (títulos de renda fixa de dívida pública do governo norte-americano) rondando a estabilidade, houve espaço para o mercado de juros local corrigir parte do avanço registrado ontem, quando a queda dos yields dos títulos nos EUA não havia sido capaz de aliviar a curva doméstica. O retorno do dólar para R$ 5,25 contribuiu para a redução dos prêmios de risco, com relatos de fluxo estrangeiro para a Bolsa e, possivelmente, renda fixa.
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“Embora lá fora não tenhamos hoje queda dos juros, os dados do mercado de trabalho americanos retiraram pressão das curvas globais. E tivemos o corte de juros pelo BCE, ainda que já esperado. Tivemos um ambiente externo mais construtivo”, afirma Nicolas Borsoi, economista-chefe da Nova Futura Investimentos, referindo-se ao indicador de custo unitário da mão de obra, que subiu a um ritmo anualizado de 4% no primeiro trimestre abaixo da estimativa preliminar e do consenso de mercado, de acréscimo de 4,7% em ambos os casos.
O dado sugere redução das pressões salariais, o que animou o mercado nesta véspera de divulgação do payroll de maio. A previsão dos analistas para os rendimentos é de alta de 0,3% e 3,9% na variação mensal e anual. Para a geração de vagas, a mediana aponta criação de 185 mil.
A expectativa pelo relatório de emprego acabou ajudando a limitar a oscilação dos juros dos Treasuries, que também já tinham “andado” bastante ontem, mas é vista como positiva a manutenção da taxa da T-Note de dez anos abaixo de 4,30%.
Outra restrição para um novo alívio veio da Europa. O BCE reduziu suas taxas de juros em 25 pontos-base, como previsto, mas a presidente da autoridade monetária, Christine Lagarde, afirmou que não há um compromisso prévio com uma determinada trajetória para a política monetária e as decisões serão guiadas pelos dados. Borsoi, da Nova Futura, por outro lado, valoriza o fato de que Lagarde não fechou as portas para novas reduções.
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No Brasil, tanto as declarações do presidente do BC, Roberto Campos Neto, quanto as do diretor e Política Monetária, Gabriel Galípolo, agradaram ao mercado. Em evento da Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima) e da B3, Campos Neto defendeu a desindexação do Orçamento como forma de melhorar o quadro fiscal. Já Galípolo fez questão de afirmar que seria importante “deixar claro” que não houve discussão antagônica entre os diretores no Copom de maio. “Vejo muito valor no consenso não só por questão conjuntural, é menos fácil errar em nove do que errar sozinho. Todas as vezes temos diálogos francos, honestos”, disse o diretor, explicando que, no entanto, não gostaria que em algum momento o consenso fosse utilizado como escudo para se proteger de críticas. “Quando eu achar que tenho de entrar numa reunião adaptando meu voto para me proteger de críticas, eu vou empilhar decisões ruins e ter dificuldade na minha gestão.”
“A fala consolida a ideia de unanimidade no Copom e a tendência é que o mercado fortaleça a aposta de manutenção da Selic sem dissenso na votação”, afirma Borsoi. “O BC parece ter percebido o tamanho do estrago que o dissenso causou”, completa.