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Após lucro recorde dos bancos nos balanços do 2º tri, qual deles será o melhor pagador de dividendos?

Os resultados do segundo trimestre tiveram recordes históricos. Veja que companhia vai entregar retornos mais consistentes aos investidores

Após lucro recorde dos bancos nos balanços do 2º tri, qual deles será o melhor pagador de dividendos?
Um banco é apontado como vencedor (Envato Elements
  • O banco que deve receber a medalha de ouro ganha pelo fato dos resultados mostrarem continuidade de ritmo e ganhos atrativos, mas ele não é o maior pagador de dividendos
  • Maior pagador de dividendos está bem, mas analistas se preocupam com possível desaceleração dos próximos resultados e banco fica com medalha de prata
  • Os outros dois não foram para o pódio devido aos dividendos, mas um dele é bem-visto por apresentar potenciais ganhos pela alta das ações

A temporada de balanços do segundo trimestre de 2024 dos grandes bancos, conhecidos por pagar bons dividendos, encerrou com recordes históricos. Segundo levantamento divulgado por Einar Rivero, sócio fundador da Elos Ayta Consultoria, divulgados nesta sexta-feira (9), os lucros de Banco do Brasil (BBAS3), Bradesco (BBDC4), Itaú Unibanco (ITUB4) e Santander (SANB11) somados foram de R$ 26,8 bilhões. O desempenho superou o recorde anterior de R$ 26,1 bilhões, registrado no segundo trimestre de 2022. Em meio a esse verdadeiro recorde olímpico, o investidor deve se questionar quais empresas devem ficar no pódio das maiores pagadoras de proventos nos próximos trimestres.

Alguns investidores podem verificar o lucro de cada banco e estimar que o melhor pagador de dividendos será o aquele que mais lucrou. Mas isso pode não ser a melhor forma de chegar a essa conclusão. O investidor não deve se ater somente ao lucro: o rendimento em dividendos, conhecido como dividend yield, é um indicador mais preciso.

O DY mostra o rendimento em proventos em relação ao valor da ação do banco e pode indicar ganhos relevantes para quem tem esses papéis na carteira. As duas empresas que saem na frente nesse quesito são Itaú (ITUB4) e Banco do Brasil (BBAS3).

Na visão de Milton Rabelo, analista da VG Research, os dois bancos apresentaram bons resultados no segundo trimestre de 2024. Como a chance de recessão nos EUA é baixa e não há impactos sobre os negócios das companhias, o analista diz que Itaú e BB devem continuar com essa boa dinâmica de lucros nos próximos trimestres. Já Bradesco (BBDC4) e Santander (SANB11) devem continuar apresentando evoluções nos próximos trimestres, retornando gradualmente aos seus históricos de lucro e rentabilidade.

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“Os quatros bancos tiveram resultados positivos, caracterizados por evolução na maior parte das linhas, porém o Itaú reportou o resultado mais forte entre eles, com lucro e rentabilidade muito elevados, além de evolução nas taxas de inadimplência e PDDs (Provisão para Devedores Duvidosos). Na conjuntura atual, Santander e, sobretudo, Bradesco parecem ter um potencial maior de evolução de resultados, já que os seus balanços ainda estão detratados”, diz o analista.

Melhor pagador de dividendos: Itaú ganha a medalha de ouro entre analistas

Para a Genial Investimentos, o Itaú também foi a empresa que mais saiu fortalecida da temporada de balanços. Os analistas comentam que a empresa está “na frente do pelotão e com uma performance olímpica”. Os analistas comentam que o trimestre mostrou um desempenho sólido da empresa gerida por Milton Maluhy Filho com melhoras contínuas em processos, tecnologia, modelos de crédito e na gestão de pessoas e cultura.

“Na perspectiva anual, enxergamos tendências construtivas, com receitas totais em expansão 7,7% na base anual, e destaques para margem com mercado, que cresce 31%, e seguros que avançam. Com base nessas expectativas, calculamos que a empresa deve pagar cerca de 7,5% do seu valor de mercado em dividendos do Itaú no acumulado de 2024″, dizem Eduardo Nishio, Wagner Biondo, Felipe Oller e Luis Degaspari.

O BTG calcula que o Itaú deve entregar um pagamento maior: 10,7% do valor de sua ação em dividendos nos próximos 12 meses, entre agosto de 2024 e agosto de 2025. Para o acumulado de 2024, a estimativa é de um dividend yield de 6,1%. Segundo o banco, esses proventos devem vir de um lucro líquido de R$ 40,3 bilhões que o Itaú deve apresentar no segundo semestre.

Já para todo o ano de 2025,  a estimativa é de um provento de 6,8% do valor de sua ação. O dinheiro viria de um lucro líquido de R$ 44,5 bilhões. As estimativas de pagamentos de proventos mais altos do Itaú na janela dos próximos 12 meses, segundo o BTG, acontece em meio às expectativas de dividendos extraordinários que o banco deve pagar no balanço do quarto trimestre de 2024, que deve ser divulgado no começo de 2025.

Em entrevista coletiva nesta semana, o CEO do Itaú revelou uma data para o pagamento do dividendo extraordinário. “Vamos anunciar os dividendos extraordinários do Itaú no balanço do quarto trimestre de 2024. Não vamos falar aqui qual será o payout (porcentual do lucro a ser pago em dividendos), pois preferimos olhar as necessidades dos nossos clientes em relação à necessidade de capital. No entanto, vale reforçar que estamos confiantes de que anunciaremos esses dividendos, tudo está saindo conforme planejado”, disse Maluhy Filho.

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O banco reportou um índice de capital nível 1 (Basileia III) de 14,6% no segundo trimestre de 2024, alta de 1 ponto porcentual na comparação com o mesmo período do ano passado e outra alta de 0,1 ponto porcentual na comparação com o primeiro trimestre de 2024

O índice de capital, ou Basiléia, é um indicador que reflete o porcentual do capital do banco empregado nos empréstimos realizados pela empresa. Essa medida serve para mitigar os riscos dos bancos e fortalecer a companhia. Analistas da Genial Investimentos apontam que o mínimo gerencial requerido do banco é de 12%. Ou seja, esses 2,6 pontos percentuais excedentes podem virar dividendos.

Em cima dessa expectativas, a VG Research calcula um dividend yield de 7,5% para o Itaú nos próximos 12 meses. A recomendação é de compra do papel. Para o investidor receber esse porcentual de proventos, o ideal seria a compra da ação até a faixa dos R$ 40,60. Passando desse valor, o analista comenta que o papel deixa de estar atrativo para o investidor.

O BTG também tem recomendação de compra para a ação do Itaú com preço-alvo de R$ 41,00 para os próximos 12 meses, potencial alta 21,8% na comparação com o fechamento quinta-feira (8), quando a ação encerrou o pregão a R$ 33,65. “O Itaú pode chegar a uma rentabilidade medida pelo Retorno Sobre o Patrimônio Líquido (ROE) de 25% nos próximos dois anos depois que normalizar o acumulado de capital. É uma rentabilidade muito alta e, por isso, classificamos o banco como o nosso favorito”, dizem Eduardo Rosman, Ricardo Buchpiguel e Thiago Paura, que assinam o relatório.

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Já a Genial recomenda compra com preço-alvo de R$ 40,60, uma alta de 15,6% na comparação com o fechamento de quinta-feira. A corretora também classifica o papel do banco como o seu predileto do setor. O banco deve pagar proventos extraordinários e as ações estão sendo negociadas a preços atrativos, como na métrica do Preço sobre o Lucro (P/L) estimado para 2024, que está em 8 vezes. Para 2025 a estimativa é de 7,2 vezes.

Banco do Brasil fica em segundo lugar entre pagadores de bons dividendos

Os analistas também elogiaram os resultados do Banco do Brasil, mas fizeram alertas sobre as tendências que os números do 2º trimestre indicam. A inadimplência acima de 90 dias cresceu 0,3 ponto porcentual, indo de 2,7% no segundo trimestre de 2023 para 3,0% no segundo trimestre de 2024. Ontem, os executivos do banco justificaram que essa alta do indicador de calotes foi puxada pelo setor do agronegócio. A inadimplência da carteira de crédito do segmento foi de 0,58% no segundo trimestre de 2023 para 1,32% no segundo trimestre de 2024.

Em meio a esse avanço da inadimplência, o banco revisou suas estimativas de Provisão para Devedores Duvidosos (PDD). O dinheiro é utilizado para cobrir o calote de clientes que não estão inadimplentes. A companhia revisou estimativas de suas provisões da faixa dos R$ 27 bilhões aos R$ 30 bilhões para o intervalo de R$ 31 bilhões a R$ 34 bilhões. No segundo trimestre de 2024 do BB, o PDD da empresa ficou em R$ 7,8 bilhões, alta de 8,8% na comparação com o mesmo período do ano passado. No acumulado do primeiro semestre, o PDD ficou em 16,3 bilhões, avanço de 25,5%.

A Genial Investimentos mostrou preocupação com a inadimplência e revisão do guidance. Os analistas têm dúvidas se o  custo de crédito, que veio pior do que o esperado, está forçando o banco a ajustar suas projeções. Mesmo com a preocupação com a alta da inadimplência, e com receio de que os números mostrem um piora sequencial no resultado do Banco do Brasil, analistas da Genial Investimentos calculam que o banco deve pagar 10% do seu valor de mercado em proventos, o que justifica a recomendação de compra.

“Acreditamos que o Banco do Brasil permanece com um preço atraente, negociado abaixo de seu valor patrimonial e com um ROE superior ao seu custo de capital. As ações estão sendo cotadas a múltiplos descontados em relação aos seus pares, com um Preço sobre Lucro (P/L) de 4,0 vezes para 2024 e 3,7 vezes para 2025”, dizem Eduardo Nishio, Wagner Biondo, Luis Degaspari e Felipe Oller, que assinam o relatório.

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A Genial tem recomendação de compra para a ação do Banco do Brasil com preço-alvo de R$ 34 para o fim de 2024, uma alta de 29,8% na comparação com o fechamento de quinta-feira (8), quando encerrou o pregão a R$ 26,19. A VG Research acredita que o Banco do Brasil deva entregar bons resultados no ano e cumprir suas estimativas de lucro, que vão de R$ 37 bilhões a R$ 40 bilhões no acumulado de 2024.

“O Banco do Brasil oferece um investimento muito convidativo por aliar robustos pagamentos de proventos, forte geração de lucro e preço muito bom para o investidor”, explica. O especialista tem recomendação de compra e calcula um dividend yield de 10,45% para os próximos 12 meses. O preço máximo para garantir esses dividendos é até a faixa dos R$ 30,60. Acima desse valor, o ideal é o investidor não comprar a ação.

Já o BTG argumenta que a companhia parece estar se enfraquecendo e que o balanço do segundo trimestre do BB pode indicar que a empresa chegou ao ponto máximo e que pode desacelerar. “Já faz algum tempo que não o consideramos o Banco do Brasil em nossa lista de principais escolhas. Sentimos que os investidores começarão a precificar os ganhos máximos e que o papel pode sofrer”, apontam Eduardo Rosman, Ricardo Buchpiguel e Thiago Paura, que assinam o relatório do BTG.

A equipe recomenda compra para o Banco do Brasil por considerar o papel barato em relação aos pares e pela rentabilidade acima dos 20%, o que, para o BTG, pode implicar em dividendos de até 12% entre 2024 e 2025. Os analistas recomendam compra para o Banco do Brasil com preço-alvo de R$ 36,00, uma alta de 37,45%.

Bradesco divide opiniões, mas não é bem visto comp pagador de proventos

O resultado do Bradesco no 2T24 agradou o mercado. A empresa teve um lucro líquido recorrente de R$ 4,7 bilhões no segundo trimestre de 2024, alta de 4,4% na comparação com o mesmo período do ano passado. Na visão do CEO do banco, Marcelo Noronha, a companhia cresceu em linha com as projeções do mercado, sem colocar o investidor em risco.

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Para a Genial Investimentos, os números do Bradesco foram positivos, pela melhora no ciclo de crédito, aumento na receita de juros com clientes e pela continuidade da execução do plano estratégico. A equipe da corretora diz que, embora o resultado não tenha atingido o pleno potencial do banco, o desempenho do segundo trimestre de 2024 sugere uma recuperação gradual e constante, apontando para melhores resultados nos próximos trimestres.

“No trimestre, o Bradesco avançou com a mudança no mix da carteira de crédito, focando na expansão de linhas e produtos com margens mais elevadas, ao mesmo tempo em que manteve a qualidade da carteira. Como resultado, a Margem Financeira com Clientes voltou a crescer na base trimestral, após seis trimestres de contração, marcando um ponto de inflexão nas receitas”, apontam Eduardo Nishio, Wagner Biondo, Luis Degaspari e Felipe Oller, que assinam o relatório.

Os analistas recomendam compra para o Bradesco com preço-alvo de R$ 17,00, uma potencial alta de 19,3% na comparação com o fechamento de quinta-feira (8), quando a ação encerrou o pregão a R$ 14,25. Como a companhia está em reestruturação, a Genial entende que o Bradesco é uma ação de ganho de capital e não para dividendos.

Milton Rabelo, analista da VG Research, compartilha da mesma visão. Ele diz que na perspectiva de médio e longo prazo o investimento nas ações do Bradesco não pode ser ignorado. “É interessante apontar que as ações do Bradesco estão historicamente descontadas e existe um grande potencial de evolução de resultados em função da reestruturação em curso no banco”, comenta Rabelo.

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O analista estima que o banco pode ser interessante no ponto de vista de dividendos, mas não um grande destaque. Recomenda compra para a ação e calcula um dividend yield de 7,55% para o papel. E comenta que o investidor deve comprar o ativo até a faixa dos R$ 15,45.

Por outro lado, o BTG tem recomendação neutra para o Bradesco. Os analistas afirmam que o Bradesco tem um caminho difícil e muito longo pela frente e não gostam de tirar grandes conclusões com base em apenas um trimestre. A equipe do BTG estima que o Bradesco deve entregar um dividend yield de 8,4% para 2024 e outro de 8,6% para 2025.

“É fato, no entanto, que este trimestre apresenta um retrato muito melhor do P&L e do Balanço Patrimonial do Bradesco em comparação aos trimestres anteriores. Nossa classificação neutra permanece”, comentam  O BTG tem recomendação neutra para o Bradesco (BBDC4) com preço-alvo de R$ 14,00, uma queda de 1,75% na comparação com o fechamento de quinta-feira (8), quando o papel encerrou o pregão a R$ 14,25.

Santander não tem recomendação de compra

Se o Bradesco divide opiniões, o Santander está no consenso da recomendação neutra. BTG, Genial Investimentos e a VG Research não indicam compra para a ação do banco. A companhia um lucro líquido recorrente de R$ 3,3 bilhões no segundo trimestre de 2024. No dia da divulgação do resultado, o CEO do Santander (SANB11), Mário Leão, comentou que não está satisfeito com o preço da ação do banco no mercado. Na visão de Leão, o preço do papel não reflete os resultados do banco.

O BTG concorda e diz que a correção de nas ações deste ano pareça um tanto exagerada, dados os sólidos resultados da companhia. A equipe vê um dado positivo do balanço: a rentabilidade do Santander está crescendo trimestre a trimestre. Por isso a instituição financeira deve melhorar seus números gradativamente.

No segundo trimestre de 2024 do Santander, o banco reportou uma rentabilidade, medida pelo Retorno sobre o Patrimônio Líquido (ROE, na sigla em inglês), de 15,5%. O número apresenta um avanço de 4,3 pontos percentuais em comparação com o mesmo período do ano passado. “Mesmo com esse números positivos, estamos mantendo nossa classificação neutra para Santander à espera de melhores resultados”, explica Eduardo Rosman e sua equipe.

O BTG projeta um dividend yield de 6,3% para o Santander em 2024 e outro de 7,4% para 2025. A recomendação do BTG é neutra com preço-alvo de R$ 30,00, uma alta de 6,08% na comparação com o fechamento de quinta-feira (8), quando a ação terminou o dia cotada a R$ 28,28.

A VG Research também tem recomendação neutra para o Santander. O analista diz que faz mais sentido ter uma recomendação neutra, já que o banco negocia com um prêmio que parece injustificável em relação a alguns dos seus principais concorrentes. O analistas estima que o banco deve pagar 6,25% do seu valor de mercado em dividendos nos próximos 12 meses.

O ideal, seria o investidor comprar a ação abaixo da faixa dos R$ 28,14 para conseguir esses dividendos. Justamente pelo fato do papel ter fechado o último pregão acima desse valor, o melhor para o investidor é não comprar  a ação agora. A Genial Investimentos tem a mesma tese, a corretora comenta que o papel não está em um preço atrativo e tem recomendação de manter com preço-alvo de R$ 31,80, crescimento de 12,44% na comparação com o fechamento de quinta-feira (8).

Possível crise nos EUA não preocupa executivos dos bancos

A semana foi conturbada nos mercados acionários. A bolsa japonesa desabou 12% na segunda (5) após temor de recessão nos EUA com dados da economia mais fracos que o esperado e a primeira alta de juros em oito anos, determinada pelo Banco Central do Japão dias antes. As bolsas globais seguiram a tendência e caíram. No entanto, para os executivos dos grandes bancos, a reação do mercado foi exagerada, já que as chances de recessão nos EUA são baixas. Sendo assim, as companhias não veem impactos dessa turbulência nos resultados e dividendos. As empresas, inclusive, vão manter a mesma intensidade de concessão de crédito e dois deles vão aumentar o apetite ao risco.

Para Marcelo Noronha, CEO do Bradesco (BBDC4), a reação dos mercados a uma provável recessão econômica nos EUA como algo absolutamente ‘extremado’. “Havia dúvidas [em relação ao] corte de juros nos EUA, porque a atividade estava colossal. A economia americana está bobando. Eu acho a reação de hoje absolutamente extremada. A gente vai ver o mercado caindo em cadeia, mas vejo a reação como algo exagerado”, disse Noronha na segunda-feira.

Em meio a esse cenário, o banco sinalizou que vai manter o mesmo apetite ao risco, mesmo com a sua margem financeira total abaixo da projeção. A ideia do Bradesco é crescer, melhorar a rentabilidade e entregar valor para o seu acionista, mas tudo isso sem colocar grandes riscos em sua carteira. “Tenho convicção de que vamos entregar o lucro acima do guidance. Numa linha mais arriscada, posso crescer, mas posso ter o custo de provisão mais acima”, relata.

Já na visão do CEO do Itaú (ITUB4), Milton Maluhy Filho, a chance de recessão nos EUA é baixa e, por isso, o banco não deve reduzir o apetite para concessão de empréstimos.

“A chance de recessão na economia americana é baixa. O que a gente vê são ambos os indicadores econômicos em territórios positivos. Por isso, esperamos um crescimento de 2,5% do Produto Interno Bruto (PIB) dos EUA. Naturalmente, no Japão houve um movimento muito específico. No entanto, os EUA possuem uma alavanca poderosa, que é a política monetária, [e por isso] esperamos três cortes de juros de 0,25 ponto porcentual pelo Fed iniciados em setembro”, diz Maluhy Filho.

Justamente por não ver esses riscos, o CEO do Itaú comentou que não vê nenhuma razão para mudar o apetite, e não antevê nenhum motivo para mudar a carteira de crédito. “Estamos monitorando a saúde dos clientes, claro que algumas famílias estão com o endividamento (alavancagem) muita alta, e por isso, vamos buscar um crescimento sustentável. No entanto, isso não significa que vamos mudar o apetite”, completa o CEO.

Banco do Brasil e Santander vão aumentar o apetite ao risco

O Banco do Brasil entende que o cenário macroeconômico lá fora pode ser desafiador, mas a companhia está retomando o apetite ao risco para a carteira de crédito da pessoa física. Os novos empréstimos serão feitos fora da linha do consignado, com foco em veículos e cartão de crédito. A empresa vai usar inteligência artificial para mapear o perfil de crédito de cada cliente.

Em meio a essa nova estratégia, o CFO do banco, Geovanne Tobias, disse que o segundo semestre tende a ser desafiador com momentos conturbados. No entanto, o banco está confiante em sua capacidade de manter seu bom pagamento de dividendos.

“O segundo semestre será difícil, já que estamos vivendo momentos turbulentos fora do Brasil. No entanto, não teremos nenhum desarranjo na toada dos nossos negócios e estamos confiantes na nossa capacidade de entregar as projeções (guidance) estabelecidas para 2024. Feito isso, manteremos o pagamento de dividendos conforme o prometido”, aponta Tobias.

O Santander segue praticamente a mesma linha do Banco do Brasil. A companhia gerida por Mario Leão quer elevar a oferta de crédito para pessoas físicas, seja via cartão de crédito ou com empréstimos. A medida, no entanto, será feita com cautela.  “Na dúvida, oferecemos 10 dias sem juros e saque ilimitado gratuito. Isso está acontecendo gradativamente, não é uma corrida de 100 metros, é uma maratona”, comentou Leão.

Ou seja, as empresas do setor não enxergam a possibilidade de uma recessão nos EUA e, por isso, os bancos mantêm suas estimativas de dividendos.

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