Os brasileiros gastaram um total de R$ 68,2 bilhões em apostas online durante junho de 2023 e junho de 2024, excluindo os valores recebidos por apostadores vitoriosos. Os dados são de um novo levantamento do Itaú sobre as estimativas de tamanho desses tipos de jogos no país, mas ainda é necessário conhecer os riscos das apostas virtuais.
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A soma das taxas – ou as saídas – e dos prêmios – ou seja, as entradas líquidas – totaliza R$ 23,9 bilhões no acumulado do período analisado. Segundo os analistas, este valor equivale a 0,2% do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro, 0,3% do consumo total e 1,9% da massa salarial.
Vale lembrar que a atividade de jogos e apostas online foi legalizada em 2018, mas sua regulamentação foi aprovada apenas em dezembro de 2023 e está em fase de implementação. A partir de janeiro de 2025, as empresas precisarão de autorização do Ministério da Fazenda para operar no Brasil. Assim, o modelo predominante atualmente – e o considerado no levantamento do banco – ainda é o de que as empresas operando no país são reguladas e sediadas fora do País.
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O gasto líquido em apostas, por sua vez, foi de R$ 24 bilhões por ano. Esse valor é parecido com o montante pago pelos apostadores em taxas de serviço, de R$ 24,1 bilhões, que saltou após o Banco Central alterar o modo de registro de dados para permitir a contabilização das transações do setor de jogos e apostas.
Já o saldo de prêmios pagos aos apostadores registrou entrada líquida de aproximadamente R$ 200 milhões. No entanto, os analistas ressalvam que, devido ao estágio inicial do mercado no país, com regulamentação incipiente, não é possível descartar a possibilidade de que existam gastos que não sejam fielmente captados pelas estatísticas “seja por manutenção dos recursos no Brasil, seja pela atuação de empresas que não são reguladas em nenhum país, agindo à margem da lei”.
Quais os riscos das apostas online?
Além dos altos gastos com apostas online e sua evidente popularidade, existem diversos riscos que envolvem esses jogos. Fernanda Ribeiro, CEO da Conta Black, acredita que a dependência e o desenvolvimento de compulsões são os principais riscos que os apostadores devem estar atentos. Isso porque, uma vez que se perde o dinheiro apostado, há uma perda de controle e neutralidade nas decisões financeiras.
Já Felipe Passero, especialista em investimentos, explica que a “esperança matemática de quem aposta é extremamente baixa”, já que, baseado no mesmo estudo do Itaú, o valor pago em prêmios pelas casas de apostas não chega a 10% do valor pago pelos apostadores.
Os especialistas também não avaliam os sites de apostas como seguros, pois ainda não existe uma regulamentação para eles. Passero menciona ainda o risco de fraude e vazamento de dados, a depender do meio usado para pagamento.
Ribeiro indica algumas formas de perceber se o hábito de aposta pode estar virando um vício: passar muito tempo jogando, deixando de cumprir compromissos; ou quando de alguma forma existe associação de sentimentos junto aos jogos – por exemplo, jogar para relaxar. “Sinalizações devem ser consideradas para um caminho de patologia, principalmente quando envolvem o financeiro e que existe ali um processo de endividamento, de busca por empréstimo para cobrir dívidas de jogos e tudo que é relacionado à dependência”, informa a profissional.
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Por fim, os dois especialistas ressaltam que não existe a possibilidade de construir um patrimônio com apostas online porque são ideias que caminham em sentidos opostos. Para aumentar o dinheiro na conta, o importante é manter um bom planejamento financeiro de curto, médio e longo prazo, pois não é possível manter um controle sobre os ganhos e perdas com apostas.