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EXCLUSIVO: Gestor da Esh Capital é alvo de busca e apreensão; Timerman contesta as acusações

Vladimir Timerman fala sobre o inquérito policial que investiga o executivo por “furto qualificado”; envolvidos negam as acusações

EXCLUSIVO: Gestor da Esh Capital é alvo de busca e apreensão; Timerman contesta as acusações
Vladimir Timerman, gestor da Esh Capital. (Foto: Alex Silva / Estadão)

Vladimir Timerman, gestor da Esh Capital, acordou na última sexta-feira (29) com a polícia civil batendo à porta de seu apartamento, em São Paulo. “Reviraram a minha casa, levaram os computadores da minha família, celular e tablet”, relatou.

Timerman e seu advogado, César Augusto Fagundes Verch, foram alvo de um mandado de busca e apreensão expedido pela 2ª Vara de Crimes Tributários, Organização Criminosa e Lavagem de Bens e Valores da Capital paulista. O inquérito policial investiga os executivos por “furto qualificado”, em um processo que teve origem a partir de uma denúncia anônima. O E-Investidor teve acesso aos documentos dessa investigação, assim como à medida cautelar sobre o caso. A reportagem entrevistou os envolvidos, Timerman e Verch, e ambos contestam as acusações.

Na peça, o denunciante alega que Timerman contratou Verch, sócio do Verch, Feijó, Brum e Nicoloso Advogados (VFBN) por preços acima dos praticados no mercado para que esse excedente fosse devolvido ao gestor. Ou seja, sendo uma gestora especialista em “ativismo societário”, a contratação de um advogado para cuidar das causas seria uma forma de desviar valores investidos nos fundos da Esh. “No sobrepreço aprovado, estaria embutida um porcentual de rebate ao gestor que lhe contratou, em detrimento a uma possível economia que poderia ser revertida em lucros maiores aos investidores, cujos investimentos permitiram a contratação do escritório de advocacia”, diz a denúncia.

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A denúncia alega que essa prática acontece desde 2021, quando a Esh Capital ganhou uma disputa judicial contra a Smiles e a Gol (GOLL4). Na época, a gestora conseguiu subir o preço pago pela aérea na incorporação da empresa de fidelidade. A Verch fez parte do corpo jurídico da Esh neste caso e, de acordo com o texto, repassou a Timerman uma “taxa” de R$ 5 milhões por ter contratado o escritório. Para não chamar a atenção, metade desse valor teria sido lançado no Imposto de Renda (IR) de ambos como uma espécie de empréstimo.

No IR de Timerman de 2021, consta um empréstimo de R$ 2,5 milhões contraído com “Dr. Cesar”. Já no IR de Verch, há também a sinalização de um “Empréstimo a VJT – 5 anos” no mesmo valor, sendo VJT uma referência a “Vladimir Joelsas Timerman”. As informações fiscais de ambos constam na medida cautelar referente à busca e apreensão, cuja investigação envolveu a quebra do sigilo fiscal, feita a partir da denúncia anônima.

Já a segunda metade dos R$ 5 milhões teria sido enviada para uma offshore sediada em Malta, “criada por Verch e usada por Vladimir” para investimentos no exterior. Sem muitos detalhes, o denunciante anônimo ainda ressalta que Timerman estaria tentando aliciar gestores para esse esquema.

O que dizem Timerman e Verch

Procurado, Verch afirma que o inquérito policial é uma retaliação à atuação dele, junto a Timerman, nas empresas investidas pela Esh Capital. A gestora é conhecida por sua postura ativista no mercado financeiro e por fazer denúncias contra controladores que praticam, na avaliação da casa, atos ilícitos nas companhias abertas. Nos últimos três anos, a casa já acumula dezenas de processos em que contrapõe megainvestidores, como Nelson Tanure, em empresas como Gafisa (GFSA3) e Terra Santa.

“As acusações são falsas e isso será comprovado no processo. Por isso, recebo com tranquilidade a informação e darei total colaboração com a investigação das autoridades. Demonstrarei que não houve nenhuma irregularidade que possa me ser imputada. Sobre os fatos em si, respeitarei o trabalho da Polícia e do Judiciário e me manifestarei nos autos”, diz Verch.

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Vladimir Timerman também contesta as alegações. “Eu não tenho conta offshore. Todo o meu dinheiro está em duas contas: uma no Itaú e outra no Nubank”, diz. “O único recurso que eu ganhei em relação a isso (caso Smiles/Gol) foi taxa de performance. Nem no meu pior pesadelo pensei que viveria essa situação.”

O gestor confirma que realizou um empréstimo de R$ 2,5 milhões junto a Verch em 2021, após a vitória no caso Smiles. Segundo ele, o objetivo era aplicar o montante no Esh Theta, principal fundo da gestora e cujas cotas valorizaram mais de 100% naquele ano.

Contudo, ele diz que começou a enfrentar dificuldades no pagamento do empréstimo. Até 2021, o Esh Theta acumulava ganhos superior a 100% no ano, mas a rentabilidade inverteu de sinal desde então. Em 2022, o fundo fechou o ano com alta de 32,8%; em 2023, a queda foi de quase 55%; já em 2024, o Esh Theta derreteu 62,8% até novembro. Para pagar a dívida, Timerman relata que vendeu à Verch os direitos sobre 20 ações de indenização.

“O que está veiculado não é realidade. Eu não tive a oportunidade de me defender e apresentar os documentos que comprovam essa movimentação, não me chamaram para prestar esclarecimentos”, diz Timerman.

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