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Investimento não é cassino

Fabrizio Gueratto tem quase 20 anos de experiência no mercado financeiro. É especialista em investimentos, professor de MBA em Finanças, autor do livro “De Endividado a Bilionário”, fundador da Gueratto Press e criador do Canal 1Bilhão, com quase 21 milhões de visualizações no YouTube

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Fabrizio Gueratto

OPINIÃO: O que acontece se o dólar chegar a R$ 6,50?

Uma eventual disparada da moeda desencadearia uma série de efeitos em cascata na economia brasileira

OPINIÃO: O que acontece se o dólar chegar a R$ 6,50?
Notas de dólar. Foto: Envato Elements
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  • O impacto seria especialmente severo para a população mais pobre, que já enfrenta dificuldades em meio ao cenário de instabilidade
  • Com o câmbio pressionado, produtos importados e insumos que dependem da moeda americana teriam seus preços elevados
  • Com o aumento dos custos de insumos e da dívida, muitas companhias enfrentariam dificuldades para honrar compromissos financeiros

Já pensou o dólar em R$ 6,50? Inimaginável um cenário desses há alguns anos, porém agora se torna cada vez mais uma possibilidade. Uma eventual disparada do dólar desencadearia uma série de efeitos em cascata na economia brasileira, atingindo diretamente os preços, os juros, o consumo e o mercado de trabalho. O impacto seria especialmente severo para a população mais pobre, que já enfrenta dificuldades em meio ao cenário de instabilidade. Diante das incertezas fiscais, da instabilidade política e da pressão externa, esse cenário, embora extremo, está longe de ser impossível.

Inflação em alta: o impacto direto no custo de vida

O primeiro e mais imediato reflexo de um dólar a R$ 6,50 seria uma nova explosão inflacionária. Com o câmbio pressionado, produtos importados e insumos que dependem da moeda americana teriam seus preços elevados, impactando diretamente setores como combustíveis, alimentos e tecnologia. Esse aumento nos custos seria repassado ao consumidor final, comprometendo ainda mais o poder de compra da população; ou seja, abastecer o carro, que já não está fácil, pesaria anda mais no orçamento.

Selic em nova alta: a resposta do Banco Central

Para conter essa inflação descontrolada, o Banco Central teria de adotar uma postura ainda mais agressiva, elevando novamente a taxa Selic. Atualmente em 12,25%, após uma alta recente de 1 ponto percentual, a elevação dos juros encarece o crédito, dificultando investimentos e o acesso a financiamentos, tanto para empresas quanto para consumidores. Esse cenário não apenas desacelera a economia, mas também agrava a dívida pública, já que uma parcela significativa está atrelada à taxa básica de juros, aumentando os custos do governo e pressionando ainda mais as contas públicas.

Efeito dominó no mercado corporativo

Para as empresas, o cenário seria especialmente desafiador. Com o aumento dos custos de insumos e da dívida, muitas companhias enfrentariam dificuldades para honrar compromissos financeiros. Ao mesmo tempo, o crédito mais caro inviabilizaria novos investimentos, comprometendo expansões, inovações e até mesmo a manutenção das operações atuais. O que pode levar muitas delas a reduzirem custos, demitir funcionários e até mesmo decretarem falência.

Consumo em queda e desemprego em alta

Com o poder de compra reduzido pela inflação e o acesso ao crédito cada vez mais limitado, o consumo das famílias sofreria uma retração significativa. Esse cenário afetaria diretamente o desempenho de setores como varejo, serviços e indústria. Consequentemente, muitas empresas se veriam forçadas a reduzir custos, o que poderia resultar em cortes de postos de trabalho. O aumento do desemprego agravaria ainda mais a situação, criando um ciclo vicioso de desaceleração econômica. Em resumo, as pessoas consumiriam menos e o cenário de pobreza no País aumentaria.

Um dólar a R$ 6,50 não é apenas um indicador de desvalorização cambial, mas também um sinal de alerta sobre os riscos de instabilidade econômica e social. O dólar nesse patamar tem o poder de afundar o Brasil e toda a nossa economia. Para evitar esse cenário, é essencial que o governo adote medidas fiscais robustas, recupere a confiança dos investidores e reforce a credibilidade de sua política monetária. Já passou da hora de entenderem que não dá para viver só de discurso e promessa – o mercado pede medidas.