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- A Atom Participações, fundada por Carol Paiffer e focada em formação de traders, virou “Fictor Alimentos” - mas não foi só o nome que mudou
- Bem diferente da antiga "Atompar", a Fictor Alimentos busca atuar no setor de proteína animal e investir em “ativos estressados” do agronegócio. Ou seja, players que enfrentam alguma dificuldade financeira ou de governança
- Essa reviravolta foi feita a partir da aquisição, pela Fictor Holding e AQWA Capital, do controle da Atom Participações por meio da compra de 76% das ações. Na prática, esse processo facilitou o acesso da empresa de proteínas ao mercado de capitais
Uma movimentação dentro de uma companhia listada na B3 chamou a atenção no fim do ano passado. A Atom Participações, empresa fundada por Carol Paiffer e conhecida por focar na formação de traders, virou “Fictor Alimentos” – mas não foi só o nome que mudou. A sede, o objetivo social e a diretoria também foram alterados.
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Bem diferente da antiga “Atompar”, a Fictor Alimentos busca atuar no setor de proteína animal e investir em “ativos estressados” do agronegócio. Ou seja, players que enfrentam alguma dificuldade financeira ou de governança.
Essa reviravolta foi feita a partir da aquisição, pela Fictor Holding e AQWA Capital, do controle da Atom Participações por meio da compra de 76% das ações. Na prática, esse processo facilitou o acesso da empresa de proteínas ao mercado de capitais: em vez de fazer um “IPO” comum, nome dado à oferta de ações que marca a abertura de capital de uma sociedade, o player optou por adquirir uma empresa já listada para diminuir o caminho, burocracias e custos.
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É como se a holding usasse a “casca” da antiga empresa de formação de traders para entrar na Bolsa. De acordo com André Vasconcellos, diretor de estratégia, planejamento e relações com investidores da Fictor Alimentos, a escolha pela Atom para fazer o “IPO reverso” ou “barriga de aluguel“, como ficou conhecido o método, ocorreu a partir de uma análise financeira criteriosa. A companhia-alvo não poderia estar enterrada em problemas econômicos ou com a credibilidade afetada.
“A Atom apresentava um balanço saudável, com baixo nível de endividamento e fluxo de caixa positivo. Além disso, foi imprescindível atestar que a empresa tivesse auditoria externa independente de uma “Big Four” (uma das quatro maiores auditorias do mundo, Ernst & Young, Deloitte, PricewaterhouseCoopers ou KPMG) e relatórios financeiros transparentes e regulares ao mercado, já que o ato societário, por si, resultaria em uma companhia com maior visibilidade no mercado acionário brasileiro”, diz Vasconcellos.
Outros aspectos como liquidez e volume de negociações foram levados em consideração, assim como a capacidade da empresa listada em gerar interesse. Isto, para garantir que a transformação não fosse rechaçada pelo mercado.
“Embora o ‘IPO reverso’ seja geralmente mais barato que o ‘IPO tradicional’, ainda existem custos envolvidos, como assessorias jurídicas, auditorias e consultorias que foram necessários”, completa o diretor de estratégia. “A valorização das ações pós-closing são aspectos que podem garantir a sustentabilidade da nossa estratégia corporativa.”
Os investidores da antiga Atompar que não concordavam com a mudança tiveram até o dia 6 de dezembro do ano passado para exercer o “direito de recesso”, quando os acionistas optam por se retirarem de uma companhia mediante reembolso das ações após alterações nas características essenciais do investimento. Entretanto, segundo fato relevante divulgado na data, não houve exercício desse direito por qualquer dissidente.
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Em 11 de dezembro, a aquisição do controle acionário da Atom pela Fictor e AQWA foi efetivada e as ações, então ATOM3, dispararam mais de 142% no pregão – de R$ 1,18 para R$ 2,85. A partir de 19 de dezembro, os papéis passaram a serem negociados com o ticker FICT3. Hoje, após movimento de correção, estão cotados a R$ 2,92. Os dados são de Einar Rivero, sócio-fundador da Elos Ayta.
Mas a Atom morreu?
Apesar de ter cedido a “casca” para a Fictor, a Atom não morreu. A aquisição do controle pela Fictor Holding e AQWA veio junto com uma reorganização societária que colocou todos os antigos negócios da empresa, como a formação de traders, debaixo da “Atom Educação e Editora” – subsidiária que teve o capital aberto em julho do ano passado.
Essa nova companhia tem ações listadas sob o ticker ATED3 desde o dia 13 de dezembro do ano passado. Até o fechamento da última segunda-feira (13), a ATED3 estava cotada a R$ 1,40 e subia 0,72% em janeiro. Em 30 dias, desde que passou a ser negociada na Bolsa, a queda é de 4,76%.
Segundo Verônica Pineroli Gios de Lara, chefe do departamento jurídico da Atom, o “IPO reverso” também levou a Atom Educação para um novo momento. A empresa busca levar educação financeira para além do digital, investir no ensino presencial e em educação no geral. “Simboliza a transição da empresa para a expansão educacional”, cita a executiva.