- Quatro membros do conselho de administração saíram, Silvio José Genesini Junior, Deli Koki Matsuo, Cristina Junqueira e Henrique Teixeira Alvares
- Após o anúncio, as ações da CVC tiveram queda de 1,58%
- Segundo especialistas ouvidos pela reportagem, os investidores precisam ter cautela neste momento e aguardar seus desdobramentos
Na última terça-feira (9), uma notícia pegou o mercado de surpresa: a renúncia de quatro membros do conselho de administração da CVC (CVCB3), entre eles, o presidente Silvio José Genesini Junior. Além dele, saíram Deli Koki Matsuo, Cristina Junqueira e Henrique Teixeira Alvares. Todos foram eleitos em maio de 2020 e tinham mandato até agosto de 2022.
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Na quarta-feira (10), durante o CVC Day, o diretor presidente da empresa, Leonel Dias de Andrade Neto, afirmou que a saída é normal e reflete os recentes aportes de investidores na companhia.
“A renovação é mais do que natural. O que acontece é que tivemos uma transformação boa no quadro acionário da companhia. Portanto, esses novos acionistas querem ter participação maior no conselho”, diz Andrade Neto. O diretor ainda destacou que uma assembleia geral extraordinária (AGE) vai ocorrer em 11 de março para a escolha dos novos membros.
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Após a notícia, as ações da CVC pouco sentiram os impactos da renúncia coletiva. No fim de quarta-feira, os papéis estavam cotados a R$ 19,23, uma queda de 2,24% em relação ao dia anterior.
O que será que podemos esperar das ações de CVC? O E-Investidor conversou com especialistas para saber como a renúncia afeta os papéis da companhia.
O que podemos esperar das ações de CVC
Antes de mais nada, vale lembrar que a CVC é uma empresa do segmento de turismo e viagens, um dos setores mais impactados pela pandemia provocada pela covid-19. Sendo assim, suas ações ainda não retomaram os níveis pré-crise, quando estavam sendo negociadas na faixa dos R$ 30/R$ 40.
Outro ponto interessante sobre a companhia é que a CVC está sendo investigada por supostamente divulgar balanços manipulados entre os anos de 2015 e 2019. Segundo estimativas da própria empresa, a diferença entre os números reais e os divulgados podem chegar a R$ 362 milhões.
Para Anderson Meneses, CEO da Alkin Research, o problema é que a CVC já tem uma desconfiança natural do mercado por conta das suspeitas nos balanços e do setor atuante. ”Tudo isso está conspirando negativamente para a companhia, mas a diretoria já deu uma declaração de que a renúncia seria fruto de uma capitalização recente na empresa e que é natural que o board seja renovado”, diz.
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Entretanto, como não foram apresentados muitos detalhes sobre o motivo da renúncia sincronizada dos quatro membros do conselho, fica uma certa dúvida no ar de quem serão os próximos conselheiros da companhia.
Na visão de Meneses, o que preocupa é que a situação pode ter um desfecho negativo. ”Em resumo, os investidores devem ter cautela, para uma empresa que já traiu o mercado com as manipulações de balanço”, diz.
Segundo Carolina Casseb, analista de ESG da Guide, a saída coletiva gera um mar de incertezas para o investidor. “O investidor gosta de apostar naquilo que ele conhece, onde sabe o que está acontecendo, para não ter nenhuma surpresa negativa. Essa saída sem dar motivos é uma sinalização da falta de transparência da companhia. Agora os investidores precisam ter cautela e acompanhar os desdobramentos”, diz.
Para algumas pessoas a renúncia já era esperada. É o caso de Sandra Peres, analista do TradeMap. “Com o indício de fraude nos resultados houve uma mudança quase que total da diretoria. Pediram para que os conselheiros ficassem até organizar a companhia”, diz.
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Assim que a situação dos balanços foi resolvida, os membros pediram a renúncia. Segundo Peres, conforme as ações da CVC caíram, duas gestoras, Patira e Opportunity, compraram a participação da empresa e pediram assentos no colegiado. Com a renúncia dos quatro, abriu-se uma oportunidade para elas.
“Esse movimento não terá impacto nas ações de CVC no primeiro momento, pois já se sabia disso. O que pode impactar é a entrada dos novos membros que ainda não sabemos quem serão”, conclui Peres.
Questionada sobre os fatos envolvendo a CVC, a empresa respondeu com a nota abaixo:
“A Companhia concluiu, conforme divulgado em Fato Relevante de 31/8/20, os trabalhos de apuração dos fatos relacionados às distorções contábeis identificadas. A partir de então, indicou um grupo de conselheiros para coordenar os trabalhos de averiguação das responsabilidades referentes a esses fatos, trabalho que está em andamento. Assim que os trabalhos forem finalizados, o Conselho de Administração submeterá sua recomendação aos acionistas com relação a eventual responsabilidade de administradores.
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A Companhia tem confiança que está conduzindo o processo de apuração de responsabilidades dentro dos mais elevados padrões de governança e mantendo o mercado devidamente informado.
A alteração da composição do Conselho de Administração faz parte de um processo natural de renovação da administração da CVC Corp, depois de um ciclo de importantes realizações, como o processo de apuração dos fatos relacionados às distorções contábeis, a republicação e regularização das demonstrações financeiras, a reestruturação de dívidas e o aumento de capital da Companhia.”