O que este conteúdo fez por você?
- A empresa gerou mais receita em vendas em leilão este janeiro - US$ 36 milhões - do que em todo ano de 2019, quando faturou US$ 27 milhões
- Neste ano, a Goldin está a caminho de faturar mais de US$ 200 milhões em vendas, dobrando seu recorde atingido no ano anterior
- O ramo dos artigos esportivos colecionáveis foi inundado por uma maré de gente rica buscando investimentos alternativos, que vão do bitcoin a catálogos de gravadoras
(Lucas Shaw/WP Bloomberg) – Ken Goldin ganhou milhões vendendo cards esportivos de Mike Trout, Michael Jordan e Patrick Mahomes. Agora ele está preparando um negócio ainda maior: a venda da sua empresa.
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O magnata da memorabilia está vendendo sua participação majoritária na Goldin Auctions, um negócio de oito anos dedicados a leilões de artigos colecionáveis – particularmente vendas de cards esportivos – para o Chernin Group, uma firma de investimento com base em Los Angeles. O Chernin dirige um grupo de celebridades investidores, que inclui o astro do basquete Kevin Durant, o dono dos Dallas Mavericks, Mark Cuban, o cofundador do YouTube, Chad Hurley, o astro do YouTube Logan Paul e o podcaster Bill Simmons.
O grupo está investindo US$ 40 milhões na Goldin Auctions, para ajudar a empresa a se tornar uma operadora dominante no crescente mercado dos cards esportivos. As vendas desses itens alcançaram novos patamares nos dois anos mais recentes, e a empresa de Goldin passou a figurar como a principal casa de leilão desse setor – uma Sotheby’s dos esportes, pode-se dizer.
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A empresa gerou mais receita em vendas em leilão este janeiro – US$ 36 milhões – do que em todo ano de 2019, quando faturou US$ 27 milhões. Neste ano, a Goldin está a caminho de faturar mais de US$ 200 milhões em vendas, dobrando seu recorde atingido no ano anterior.
“Possuímos algo que esse hobby nunca teve antes”, afirmou Ken Goldin em uma entrevista. “De repente, somos descolados. Somos parte da cultura pop.”
O ramo dos artigos esportivos colecionáveis foi inundado por uma maré de gente rica buscando investimentos alternativos, que vão do bitcoin a catálogos de gravadoras. Muitas dessas pessoas cresceram durante o primeiro boom dos cards, nos anos 1980. Mas, desta vez, o mercado se beneficiou de um crescente interesse em jogadores contemporâneos e novos esportes.
“A geração mais jovem não quer investir do mesmo jeito que a anterior. Eles não querem apenas diversificar seus investimentos entre fundos mútuos.”
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O beisebol costumava dominar essa indústria, mas agora o basquete tomou seu lugar como o esporte mais popular para os cards. O futebol americano e o tênis também estão crescendo. Em um leilão recente, Goldin estabeleceu novos recordes para cards de Kobe Bryant, Luka Doncic, Lou Gehrig, Stephen Curry e Anthony Davis. Ele vendeu um card de Jordan no primeiro ano da carreira por US$ 738 mil e conseguiu US$ 861 mil por um card autografado de Mahomes no primeiro ano da carreira – o mais caro card de futebol americano já vendido. Muitos desses atletas passaram a ligar para Goldin para pedir conselhos a respeito de como colecionar cards.
Uma loja completa para colecionadores
Atualmente, a Goldin Auctions é somente uma casa de leilão. Mas Ken Goldin e o Chernin Group planejam torná-la uma loja completa para colecionadores. A empresa terá capacidade de compilar um banco de dados para potenciais clientes que rastreia transações recentes, poderá gravar podcasts para dar conselhos relativos ao mercado, e organizar os maiores e melhores leilões de todos os tempos
“Se eu desse a alguém US$ 1 mil para investir no mercado de ações, essa pessoa leria alguns relatórios de análises e, no fim do dia, decidiria em que investir”, afirmou Ross Hoffman, veterano do Twitter Inc. e da Headpsace Inc., que está pronto para assumir como diretor executivo da Goldin. “Não tenho ideia de como começariam a investir em cards colecionáveis.”
Como diretor executivo, Hoffman vai desenvolver a tecnologia e as operações da empresa. Ken Goldin será presidente executivo, o que lhe permitirá selecionar os melhores cards para a empresa leiloar e servir como o grande animador da indústria.
“A geração mais jovem não quer investir do mesmo jeito que a anterior”, afirmou Hoffman. “Eles não querem apenas diversificar seus investimentos entre fundos mútuos. Estão buscando investimentos alternativos que eles possam tocar, sentir e entender.”
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O Chernin Group ganhou uma bolada investindo em empresas de mídia segmentada. Apostou cedo no Crunchyroll, um serviço de streaming de animes que foi vendido para a AT&T Inc. Foi também um investidor inicial da Barstool Sports, uma emissora de podcasts que foi vendida para a Penn National Gaming Inc., uma operadora de cassinos.
Jesse Jacobs, presidente do Chernin Group, voltou o olhar para os cards esportivos há um ano. Quanto mais Jacobs aprendia a respeito da indústria, mais ele via paralelos entre a atuação de Goldin e os sucessos anteriores do Chernin.
“Uma das principais razões pelas quais topamos esse negócio foi Ken”, afirmou Jacobs. “É um ícone nesse ramo, e ninguém inspira mais respeito ou credibilidade do que ele.”
“A geração mais jovem não quer investir do mesmo jeito que a anterior. Eles não querem apenas diversificar seus investimentos entre fundos mútuos.”
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Mercado promissor
Goldin vende cards desde 1978, quando tinha 12 anos e começou a colecioná-los, comprando-os na farmácia próxima de casa. Em 1986, Goldin e seu pai fundaram uma empresa chamada Scoreboard, que comprava os cards dos fabricantes e depois vendia os melhores itens individualmente. Por fim, eles assinaram contratos de exclusividade com atletas como Mickey Mantle, Willie Mays, Wayne Gretzky e Shaquille O’Neal.
As vendas de cards aumentaram muito nos anos 1980. E, em 1991, Gretzky e o antigo dono do Los Angeles Kings, Bruce McNall, gastaram US$ 451 mil, um recorde na época, pelo card T206 Honus Wagner – um dos pouquíssimos cards do astro dos Pittsburgh Pirates impressos pela the American Tobacco Co.
Mas a indústria diminuiu depois que as maiores fabricantes de cards inundaram o mercado com novos produtos, produzindo mais cards do que qualquer um pudesse vir a querer. As vendas e o interesse despencaram.
Os gastos com cards esportivos começaram a se elevar novamente depois da crise financeira de 2008, quando as pessoas começaram a procurar outras alternativas para investir seu dinheiro. Goldin fundou sua nova casa de leilão em 2012.
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O surto de valorização levou a rumores de uma bolha. Há preocupações de que o mercado esteja aquecido porque todo mundo está preso em casa com saudades das coleções de cards que tinham – algo que pode não durar muito quando a pandemia der trégua.
Mas Goldin e o Chernin Group têm expectativa de que esse mercado prospere nos próximos anos. Um fluxo de novos clientes de todas as partes do mundo indica que o o interesse está destinado a aumentar.
“Fora dos EUA, é impossível comprar cards”, afirmou Goldin. “Quando esse problema for resolvido, e o público da Austrália, da Coreia, do Japão, da China e da Dinamarca – todos esses mercados inexplorados – tiver acesso fácil à compra e venda de cards, veremos uma explosão nesse mercado.”
(Tradução de Augusto Calil)
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