Objetivo do Itaú é usar IA para ampliar acesso à assessoria de investimentos. (Imagem: sdecoret em Adobe Stock)
O Itaú está lançando uma inteligência artificial generativa (GenAI) para atuar como agente de investimentos e auxiliar clientes que ainda não contam com assessoria especializada na tomada de decisões. A ferramenta, nomeada “Inteligência de Investimentos Itaú“, tem foco conversacional, desenvolvida para que saiba responder às dúvidas dos investidores e apresentar as recomendações de produtos feitas pelo time de especialistas da instituição de acordo com cada perfil de risco.
Inicialmente, serão convidados 10 mil clientes dos segmentos Uniclass e Personnalité, com patrimônio investido entre R$ 50 e R$ 300 mil. Foram selecionados aqueles que já têm integração digital e uma carteira de investimentos, mas que não contam com atendimento humano – um público que costuma ficar mais desassistido em relação aos serviços oferecidos à alta renda e pode ver maior valor na ferramenta. O objetivo do Itaú é escalar a oferta a 500 mil clientes até o fim do ano sem custos adicionais.
A princípio, a solução fala de forma específica de fundos de investimento e certificados de depósito bancário (CDBs), e consegue realizar o investimento pelo cliente no caso dos títulos de renda fixa, sem que seja necessário sair do chat. Mas se o desejo for entender se vale a pena investir em uma ação específica, a GenAI é instruída a não opinar. Tampouco vai indicar produtos que não se enquadrem no perfil de risco do investidor, como um multimercado mais agressivo ao cliente conservador, ou dar uma recomendação sobre cenários mais complexos e que ainda não estejam completamente definidos. Se um cliente perguntar o que deve fazer para blindar a carteira de possíveis alterações no IOF – para dar um exemplo de discussão recente que afetou o mercado de investimentos, mas ainda não teve definição –, a Inteligência de Investimentos do Itaú não dará nenhuma orientação.
Isso também faz parte dos testes realizados pelo banco. Segundo Renato Cunha, diretor de produtos e soluções para investidores do Itaú Unibanco, dentre os objetivos da próxima fase de implementação e escala da GenAI, a instituição quer monitorar quando a assessoria humana começa a ser requisitada pelos clientes. Um plano para que, no futuro, a tecnologia otimize o trabalho dos profissionais ao solucionar questões mais básicas, permitindo que os assessores dediquem mais tempo de qualidade aos assessorados; e, assim, abarcar mais clientes.
A GenAI se tornou uma tendência no setor há algum tempo. A Pesquisa Febraban de Tecnologia Bancária 2025 diz que 8 em cada 10 bancos brasileiros já incorporaram a inteligência artificial generativa nas operações. 72% do uso vem do atendimento ao cliente, mas 50% também utiliza a tecnologia para a personalização de interações, mostra o estudo. O Bradesco tem a BIA, uma ferramenta de inteligência artificial para auxiliar em dúvidas e transações, incluindo recomendação de investimentos. O Santander anunciou há alguns meses uma IA hiperpersonalizada para ajudar os assessores do banco na análise das carteiras dos clientes do segmento private.
O diferencial da solução do Itaú, segundo a instituição, é colocar a “IA na mão do cliente”, ampliando o acesso às recomendações de produtos feitas pela curadoria do time do banco, mas em um contexto aberto e conversativo. A ferramenta vai funcionar 24 horas por dia, nos sete dias da semana, dentro do aplicativo do banco na aba de investimentos.