- Pão de Açúcar (PCAR3), Braskem (BRKM5), Embraer (EMBR3), PetroRio (PRIO3) e JBS (JBSS3) formam o top 5 dos papéis que tiveram as maiores altas deste primeiro trimestre de 2021
- A leitura do mercado é de que a Bolsa conseguiu um feito e tanto diante de acontecimentos que abalaram a confiança dos investidores nos primeiros três meses do ano
- Apesar de encerrar março com alta de 6%, aos 116.633,72 pontos, o Ibovespa acumula desvalorização de 2% no ano
Pão de Açúcar (PCAR3), Braskem (BRKM5), Embraer (EMBR3), PetroRio (PRIO3) e JBS (JBSS3) formam o top 5 dos papéis que tiveram as maiores altas deste primeiro trimestre de 2021. Apesar de encerrar março com alta de 6%, aos 116.633,72 pontos, o Ibovespa acumula desvalorização de 2% no ano. Os ganhos alcançados neste mês não foram suficientes para amenizar as perdas registradas em janeiro e fevereiro, quando o principal índice da Bolsa nacional despencou 3,32% e 4,37%, respectivamente.
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A leitura do mercado é de que a Bolsa conseguiu um feito e tanto diante de acontecimentos que abalaram a confiança dos investidores nos primeiros três meses do ano. Em janeiro, apesar da entrada recorde de capital estrangeiro para o mês, o índice sofreu com as expectativas pela renovação do auxílio emergencial, pelos riscos de uma distribuição desigual de vacinas contra a covid-19 no mundo, e o pedido de aprovação do novo pacote fiscal dos EUA.
Já em fevereiro, o fantasma da bolsa foi a intervenção em estatais, com a troca do comando da Petrobras a pedido do presidente Jair Bolsonaro. O efeito logo foi visto também no Banco do Brasil, já que o presidente André Brandão foi alvo de insatisfação do líder do executivo. Além disso, somaram-se as incertezas sobre privatizações como a da Eletrobras, que segue sem previsão.
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Em março, quando o primeiro caso de covid-19 no Brasil completou um ano, o que se viu foi um aumento drástico no número de casos e mortes, em meio ao surgimento de novas variantes do coronavírus e um processo de vacinação extremamente lento. Considerando todos esses fatores, a bolsa saiu de 118.854,71 pontos em 4 de janeiro, para os atuais 116.633,72 nesta quarta-feira (31).
“Tudo na margem piorou muito. Tivemos intervenção nas estatais, a expectativa por privatizações se foi, o estrangeiro acendeu a luz vermelha e tivemos uma piora agora da covid-19”, analisa Rafael Bevilacqua, estrategista-chefe da Levante Investimentos. “O Banco Central subiu os juros, o gasto (do governo) está no telhado. Apesar de tudo isso que aconteceu, a bolsa teve uma baita de uma performance. É um triunfo”, diz Bevilacqua.
Confira a performance dos papéis que tiveram as maiores altas do trimestre.
Pão de Açúcar (PCAR3): +79,82%; R$ 33,23
A empresa varejista conseguiu uma forte valorização nas ações após a cisão com o Açaí (ASAI3) neste mês. A aprovação da separação foi comunicada ao mercado em dezembro do ano passado, e a conclusão aconteceu no dia 1º de março. Para analistas do mercado, a operação provocou um destravamento de valor nos papéis do Pão de Açúcar, que ainda teriam potencial de crescimento.
“Havia um potencial de alta muito forte com um gap a ser preenchido. Somou-se uma conjunção de fatores, como notícias positivas, que fizeram com que ela adentrasse uma região de vazio gráfico de preço, e continua sua caminhada de alta”, diz Loréga. Para ele, é possível que o papel rompa regiões de resistência, até fechar um gap por volta dos R$ 68.
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Outras operações no radar do mercado também ajudam a sedimentar essa leitura. “Há rumores de que o grupo Casino (controlador do GPA) pretende fazer um re-IPO da Cnova, seu braço do e-commerce, que a GPA tem participação de 34%”, observa Lucas Marins, analista de equities da Investmind.
Braskem (BRKM5): +68,43%; R$ 39,70
Outro papel com forte desempenho no trimestre, sobretudo em março, é o da petroquímica brasileira. A companhia também desfruta de um cenário de notícias favoráveis, como reversão do prejuízo de R$ 2,92 bilhões no quarto trimestre de 2019 para lucro líquido de R$ 846 milhões no mesmo período de 2020 – um ano difícil para a empresa, que amargou com uma perda anual de R$ 6,69 bilhões.
Além disso, a empresa também conseguiu superar problemas no exterior e também no ambiente interno, após fechar acordos para encerrar duas ações civis públicas (ACPs), que pediam cerca de R$ 20 bilhões em reparações por danos socioambientais, referentes ao evento geológico em Maceió por conta da extração de sal-gema.
“A ação da empresa veio galgando espaço desde o início do ano, com fluxos compradores bem interessantes, aproveitando-se de questões como o dólar, por ser exportadora. Com as incertezas que tinham no mercado, as pessoas passaram a buscar ativos mais atrelados ao câmbios e com exposição a commodities”, contextualiza o analista da Ativa.
Embraer (EMBR3): +58,42%; R$ 14,02
Em um movimento completamente distinto de outros pares do setor, as ações da Embraer vêm decolando em 2021. Para fins de comparação, enquanto a fabricante tem ganhos de mais 60% no acumulado do ano, as companhias Gol (GOLL4) e Azul (AZUL4) amargam perdas de 13,67% e 3,36% no mesmo período.
“Tiveram algumas notícias melhores no início deste ano, com resultados um pouco melhores do que o esperado, referentes ao quarto trimestre do ano passado, e também algumas negociações com a Lufthansa sobre uma eventual carteira de pedidos”, explica Ricardo França, analista de research da Ágora Investimentos.
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Apesar do momento, França tem uma visão mais cautelosa para a empresa, uma vez que o setor aéreo ainda deve ter uma recuperação muito gradual mesmo em um cenário de melhora da pandemia. “As companhias aéreas foram muito penalizadas durante a crise, e isso acaba atrasando ou postergando a encomenda de novos jatos”, diz o analista da Ágora.
PetroRio (PRIO3): +31,46%; R$ 92,27
A companhia é outro exemplo que destoa de seu maior competidor no mercado. Enquanto o papel PRIO3 acumula ganhos de mais de 30% entre janeiro e março, a sua principal concorrente, Petrobras, vê os papéis ordinários (PETR3) e preferenciais (PETR4) com queda anual de 16,95% e 14,78%, respectivamente.
A combinação de fatores câmbio-expansão ajudam a explicar o desempenho. “A companhia vem no embalo do petróleo, que só em 2021 já subiu mais de 20%. Então a PetroRio acaba se beneficiando dessa commodity e câmbio também favorece para as exportações”, diz França. “Outro ponto é que a empresa vem anunciando, ao longo dos últimos meses, um crescimento através de aquisições, e isso também foi muito bem recebido pelos investidores”.
JBS (JBSS3): +27,98%; R$ 30,28
O cenário positivo para as commodities no início de 2021, com expectativa de um novo ciclo para o setor, o segmento de proteínas também surfou a onda de altas. Em 2020, a empresa sofreu com a pandemia e apresentou uma redução de 24,2% no lucro, com a marca de R$ 4,6 bilhões. Ainda assim, especialistas vêm um bom momento pela frente para o maior frigorífico do mundo.
“Este deve ser um ano muito saudável para as margens do setor de proteína, e a empresa com forte geração de fluxo caixa em 2020, pode até mesmo se tornar uma boa opção para distribuição dos dividendos”, avalia França, da Ágora.
Outros pares do setor também tiveram um bom desempenho no período, com a Marfrig (MRFG3) avançando 21,09%, e a BRF (BRFS3), 13,57%.
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